Roupa deteta "apalpadelas" e mostra assédio

por Nuno Patrício - RTP
Foto: Gerardo Garcia - Reuters

Muitos são os olhares que atravessam o caminho de uma mulher, muito mais se a beleza desta for proeminente. Mas será que são só olhares, por mais discretos ou não, que passam diariamente pelo corpo de uma mulher? A pergunta pode parecer provocatória, mas, para uma equipa de investigadores brasileiros, faz todo o sentido.

Com base nas vivências e reclamações de muitas mulheres brasileiras, os investigadores desenharam um vestido sensual, no qual implantaram um conjunto de sensores - tEm três horas e 47 minutos de teste, numa discoteca brasileira, foram registados 157 toques nas três mulheres que se sujeitaram à experiência. Com uma média de 40 toques por hora.erminais sensíveis ao toque, que emitem um sinal para um computador que conta as vezes que são ativados.

No Brasil, muitas vezes os homens interpretam o facto de as mulheres usarem roupas mais sensuais, como sinal de quererem chamar à atenção, ou como provocação ao sexo oposto.

Para elas, não faz sentido a forma como se vestem, mas sim a forma como se sentem bem. E não é o vestirem uma roupa mais “atrevida” que deve torná-las um alvo.

Com base nesta premissa, uma conhecida marca de refrigerantes mundial decidiu por à prova qual a frequência de assédio sobre as mulheres, com o conceito "vestir com respeito - Dress For Respect".

Na campanha, três mulheres brasileiras - Luísa, Tatiana e Juliana - aceitaram o desafio e foram a um bar com o vestido.
"O resultado já era esperado , mas foi surpreendente" afirmam os investigadores.

Dress for Respect: campanha que mostra o assédio contra mulheres em discotecas brasileiras (Fonte: Schweppes/DR)

Em três horas e 47 minutos de filmagens, foram registados 157 toques nas três mulheres. Com uma média de 40 toques por hora. De salientar que em nenhum momento os toques que surgiram neste teste foram solicitados ou permitidos. Todos vieram "sem aviso prévio" - ou seja, assédio.

A ideia desta campanha, mesmo que seja para promover uma bebida, é mostrar como as mulheres estão sujeitas ao assédio de homens em locais públicos.

De acordo com outra pesquisa brasileira dentro do mesmo - "Chega de Fiu Fiu”, da ONG Think Olga, 86 por cento das mulheres já foram assediadas em discotecas brasileiras.

E no resto do Mundo? Certamente que o vestido sensível ao toque andará por ai.




pub