Tornar-se Marilyn

Um retrato único de uma estrela imortal

Aparentemente, já sabemos tudo sobre Marilyn Monroe (1926-1962). Tudo foi mostrado, tudo foi fotografado, tudo foi dito. Atriz desejada dos estúdios, símbolo sexual adulado por todos, estrela imensa, total, cuja vida e carreira terão sido perfeitamente encenadas e inteiramente contadas. Mas estamos em pleno século XXI, num tempo de releituras, de estátuas derrubadas, de múltiplas verdades e vozes esquecidas que finalmente podem falar. Marilyn é uma dessas vozes.
Ao contrário dos muitos filmes e livros que evocaram a sua vida, o documentário de Michèle Dominici propõe devolver-lhe a voz através das entrevistas que concedeu, dos escritos e dos fragmentos que deixou para trás. Como é que Norma Jeane Baker construiu o ícone Marilyn Monroe? Porque Marilyn não nasceu Marilyn, tornou-se Marilyn. Na primeira pessoa, relata o detalhe fascinante desta metamorfose, fruto da brilhante intuição de uma jovem, da sua ambição, dos imperativos de uma época e dos desejos dos magnatas dos estúdios.
Ao combinar o lirismo de uma linha narrativa histórica e cronológica com um leque de imagens contemporâneas que revelam a permanência do mito de Marilyn no nosso imaginário, o documentário refaz a trajetória de uma estrela imortal, entre a autoconstrução e a luta pela glória, e fala-nos da tirania dos ditames de beleza impostos às mulheres, da violência de um sistema - o da indústria cinematográfica, dos estúdios e de Hollywood e da sua continuidade no alvorecer do século XXI.