Os grupos vocais, com acompanhamento muitas vezes à guitarra e com reportório ligeiro ou folclórico, estavam na moda na década de 1950. Em Portugal, o Trio Odemira, o 4 de Espadas ou os 3 de Portugal foram três conjuntos bem populares, embora com carreiras de durações bem distintas. Depois de os dois primeiros já terem passado pelo “Gramofone”, esta emissão é assim dedicada ao terceiro agrupamento, fundado no Porto em 1957 e que durou até 1971. Durante essa década e meia, publicaram mais de vinte discos de originais, sendo apenas um deles um LP e todos os restantes EPs – o formato então mais comum da indústria discográfica portuguesa para a edição de novo material.

Zeferino Pinto, Pedro Machado e João Monteiro foram os fundadores dos 3 de Portugal e o seu primeiro disco foi publicado em 1959, pela firma portuense Rádio Triunfo, onde se manteriam até ao ano seguinte depois de mais dois discos dados à estampa. Entre originais da autoria do próprio Zeferino Pinto ou outros escritos para o grupo por autores portuenses da época, no segundo destes trabalhos surgem versões de canções latinas – como “Voy Gritando por la Calle”, popularizado pelo trio mexicano Los Panchos.

Ainda em 1960, os 3 de Portugal assinam contrato com outra firma discográfica portuense, a Rapsódia, e nela publicam logo mais três discos. No primeiro deles, que abre com “Ai Que Embolada”, incluíam ainda baiões e boleros; no segundo, “Os 3 de Portugal em Espanha”, o foco eram grupos como o Trio Guadalajara ou Los Xey; e no último destes juntavam “A Centopeia”, sucesso do Conjunto António Mafra, a dois originais de Zeferino Pinto. O ano seguinte seria o da substituição de João Monteiro por Américo Silva, que grava logo com o grupo o EP “Canções Populares”. Apesar do título, o disco é inteiramente composto por material original, com letras de José Lopes de Almeida e músicas mais uma vez de Zeferino Pinto e também de Sousa Galvão – cujo conjunto acompanha os 3 de Portugal nesta fase.

“Coimbra”, a canção deste “Gramofone”, é uma das canções portuguesas mais conhecidas a nível mundial, tendo-se popularizado com o título “April in Portugal” ou “Avril au Portugal”. Os 3 de Portugal apresentam-na aqui ao vivo no programa da RTP “Sabor Latino”, em 1965, mas seria no ano seguinte que a incluem num disco seu, ao lado de composições de Frederico Valério ou Arlindo de Carvalho. Em 1966 é também publicado o LP “Os 3 de Portugal nos Estados Unidos da América”, marcando assim a sua digressão a terras do tio Sam e que reúne uma série de canções já publicadas. Seria apenas em 1969 que a RCA do Brasil lhes publica “Os 3 de Portugal no Brasil”, único álbum de originais do seu percurso. Américo Silva tinha entretanto dado lugar a Jorge Barradas e seria esta a formação que se manteria até ao final do grupo, tendo ambos os músicos também seguido percursos a solo.