QUEM NÃO GOSTA DE DUAS BOLAS DE BERLIM? por Rui Alves

Nem sempre a história tem um início auspicioso e com uma perspetiva de êxito muito reduzida, como foi o caso do embrião que deu origem ao Campeonato da Europa de Seleções.

Depois da UEFA ter autorizado a criação da UEFA, o organismo que passou a tutelar o futebol europeu, esboçou a Taça da Europa das Nações, com a participação de 16 equipas que iriam defrontar-se, primeiro numa fase preliminar de eliminatórias a duas mãos até ficar as quatro vencedoras. As meias finais e a final seriam então jogadas na mesma cidade.

Mas, a tarefa mais difícil foi mesmo ter nações interessadas em participar no primeiro torneio de futebol exclusivamente para seleções da Europa.

Perante os convites recusados e com algumas entradas de última hora, arrancou a 28 de Setembro de 1958, o primeiro jogo da Taça das Nações, que colocava frente a frente a União Soviética e a Hungria.

Portugal que tinha aceite o convite, inicia quase um ano depois, 21 de Agosto de 1959, a sua participação na primeira competição de seleções do velho continente.

A seleção das quinas viaja até Berlim para defrontar a República Democrática Alemã, estreia feliz com duas bolas de Berlim com creme, dos pasteleiros Matateu e Coluna.
Matateu, jogador que tem a bola ao lado de outra lenda, Travaços

A vitória Portuguesa é apenas a terceira fora do retângulo banhado pelo Atlântico, no entanto Maputo capital de Moçambique, antiga Lourenço Marques, é a terceira cidade com mais internacionais Portugueses depois de Lisboa e Porto. Entre os clássicos estão Eusébio, Hilário, Coluna, Juca, Vicente... a lista seria grande, mas só um deles seria apelidado de oitava maravilha do mundo e esse foi Matateu.

Alto, com um corpo bem musculado, impunha-se pelo físico que usava logo no arranque em que os adversários dificilmente acompanhavam, mesmo com as passadas largas não perdia o controlo da bola, tinha também uma enorme facilidade de drible para poder finalmente concluir com um remate forte, era uma permanente dor de cabeça para quem o enfrentava.

No final do encontro de Berlim, os muitos milhares de alemães rendidos à classe do português, entoam o nome de Matateu.