Medo do futuro

Salvo uma guerra nuclear (e não estamos livres dela) não será possível interromper o progresso científico e tecnológico. Ele avança a uma velocidade quase vertiginosa, surpreendendo e inquietando.

Quando hoje se discute o Uber, as grandes marcas apostam já no carro sem condutor... E não, não é ficção científica. Ou o que dizer de uma aplicação da Google lançada há dias e que consegue fornecer sugestões e responder a questões simples? Pois é, a inteligência artificial continua a progredir! E, como várias outras áreas da ciência e tecnologia, a suscitar inúmeras questões.

Como o emprego, por exemplo. Haverá emprego com o desenvolvimento da inteligência artificial? O sistema capitalista sobreviverá a ela? Dificilmente. Num e noutro caso. E, no entanto, a inteligência artificial está já ao virar de uma década...


Quer queiramos quer não, a ciência e a tecnologia são os andaimes inevitáveis do futuro. O problema é que se persiste, politicamente, em não reflectir sobre isto. A começar pelos agentes políticos, sobretudo focados em dar resposta a políticas do quotidiano e, quase sempre, muito pouco visonários. Alguns falam de "startups", é certo, mas, normalmente, numa simples visão de curto prazo, como se elas fossem uma espécie de bálsamo que contrarie este crescimento económico anémico onde está o mundo ocidental.

A verdade é que o medo do futuro está a levar a várias tentativas de regresso ao passado, a um tempo conhecido e mais facilmente compreensível. À direita e à esquerda. O populismo cativa cada vez mais cidadãos marcados pelo medo de perder o emprego, com receio de ter vida pior, de serem substituídos por um robot ou um computador.

Eles estão a virar-se contra as elites políticas que nada tem a dizer sobre estes desafios, a mais das vezes porque não têm sequer resposta para eles. De qualquer modo, as tentativas de regresso ao passado, às fronteiras, ao fanatismo político, à cegueira religiosa, a um tempo imutável, não vão conseguir impedir que as raízes do futuro proliferem. Avassaladoramente. E, de uma forma ou outra, elas vão acabar sempre por destruir as ordens estabelecidas.

Estamos já num admirável mundo novo. Inquietante e fascinante. Pensar o papel do homem e da mulher nele é essencial. Os cursos de humanidades são determinantes para se procurar esses caminhos. É preciso mais espírito crítico. Mais Filosofia.

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