Reino Unido inicia mais um ensaio de nova vacina contra a Covid-19

por RTP
Os resultados deste ensaio poderão demorar entre seis a nove meses a estar disponíveis. Dado Ruvic - Reuters

O Reino Unido começou a testar uma nova vacina contra a Covid-19 num ensaio que irá contar com cerca de seis mil voluntários. Desenvolvida pela empresa belga Janssen, esta vacina utiliza um vírus da gripe comum geneticamente modificado para treinar o sistema imunitário.

A notícia de uma vacina com 90 por cento de eficácia em resultados preliminares, desenvolvida pela farmacêutica Pfizer e pela empresa de biotecnologia BioNTech, veio trazer esperança de que uma proteção contra o SARS-CoV-2 esteja prestes a chegar.

Agora, outra vacina desenvolvida pela empresa belga Janssen tenta obter resultados tão bons ou melhores naquele que será o terceiro grande ensaio de uma vacina contra a Covid-19 levado a cabo no Reino Unido.

O ensaio britânico vai começar com seis mil pessoas e outros países vão recrutar mais voluntários até se atingir um total de 30 mil participantes. Metade destes voluntários vai receber duas doses da vacina com cerca de dois meses de intervalo.

Os resultados deste ensaio poderão demorar entre seis a nove meses a estar disponíveis.

À semelhança da vacina da Pfizer, também a da Janssen procura atingir estruturas encontradas nas partículas do vírus às quais se dá o nome de espículas.

Mas, ao contrário da Pfizer, cuja vacina injeta parte do código genético do SARS-CoV-2 nos voluntários, a Janssen optou por usar um vírus da gripe comum geneticamente modificado para que se torne aparentemente mais inofensivo e se assemelhe ao novo coronavírus a um nível molecular.

Esta estratégia deverá fazer com que o sistema imunitário passe a reconhecer o novo coronavírus e a lutar contra o mesmo.

A abordagem é semelhante à usada na vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em conjunto com a farmacêutica AtraZeneca e que também está a ser testada no Reino Unido. A diferença é que esta utiliza um vírus que normalmente infeta chimpanzés, enquanto a da Janssen utiliza um que infeta pessoas.

Ambos os ensaios são recentes e experimentais, assim como um terceiro ensaio britânico da empresa Novavax, iniciado em setembro, que está a seguir o método mais tradicional de injetar proteínas virais nos voluntários.
A busca por várias vacinas
No total, são agora 25 mil as pessoas que participam em ensaios de vacinas contra a Covid-19 no Reino Unido, numa fase em que o Governo britânico já fez encomendas de seis vacinas diferentes, incluindo 30 milhões de doses da produzida pela Janssen.

“É muito importante que exploremos várias vacinas diferentes de vários fabricantes diferentes”, explicou à BBC Saul Faust, que vai liderar o ensaio desta nova vacina no Reino Unido.

“Nós simplesmente não sabemos como cada uma destas vacinas se vai comportar e não podemos ter a certeza de que o fornecimento de determinada vacina por determinado fornecedor vá ser eficiente e seguro”, acrescentou.

A procura de várias vacinas eficazes contra o novo coronavírus é também importante pois uma delas pode ser mais adequada em determinados grupos etários e porque uma só empresa teria dificuldade em distribuir a vacina por todo o mundo.

Kate Bingham, líder da task-force britânica dedicada a encontrar vacinas eficazes, disse à BBC que “é preciso explorar muitas vacinas [contra a Covid-19] tanto no Reino Unido como no resto do mundo, de modo a garantir que existe uma segura e eficaz para toda a população”.

“É por essa razão que é tão significativo lançar este ensaio da vacina da Janssen, para garantir a segurança, eficácia e a durabilidade. E continuo a encorajar as pessoas a inscreverem-se para participarem em ensaios deste tipo”, acrescentou.

Desde o início da pandemia, o novo coronavírus já infetou mais de 54 milhões de pessoas por todo o mundo, das quais 35 milhões recuperaram, entretanto, da doença. O número de mortes a nível global fixa-se agora em 1,3 milhões.
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