Altice compra Media Capital em ambiente de crispação política

por RTP
António Pedro Santos - Lusa

O negócio da compra da Media Capital pela Altice foi oficializado esta sexta-feira. O CEO da empresa francesa destacou o “passo estratégico” com a ligação entre a dona da TVI e a PT, empresa que a Altice comprou há dois anos. A compra de 440 milhões levou ao Palácio de Belém a Altice, Prisa, Media Capital e Impresa para audiências com o Presidente da República, enquanto o PSD exige que António Costa esclareça as críticas que fez à Altice na gestão da PT.

"Damos um novo passo estratégico com a compra da Media Capital", afirmou esta sexta-feira o CEO da Altice, Michel Combes, horas depois de o grupo francês ter anunciado a compra da Media Capital SGPS, SA, dona da TVI. O responsável máximo da Altice reforçou o investimento que tem sido feito em Portugal ao longo dos últimos anos.

O grupo de origem francesa já era proprietário desde há dois anos da Portugal Telecom, que engloba marcas como a MEO, o Sapo, a UZO ou a Moche. A aquisição da PT permitiu ainda que a Altice ficasse com a gestão da rede de TDT, Televisão Digital Terrestre.

Agora, com a compra da Media Capital aos espanhóis da Prisa, a empresa reforça a presença em Portugal e entra em força no setor português dos media. A Altice passa a ser a dona da TVI e da produtora PLURAL, responsável por algumas das novelas exibidas pelo canal de Queluz e um dos ativos mais valiosos do negócio. A Media Capital detém ainda várias rádios e sites.

O líder do grupo afirmou ainda que é positivo conseguir "juntar ativos" das telecomunicações e dos meios de comunicação, uma estratégia que, aponta, já foi seguida noutros países, nomeadamente França e Israel, representando por isso "um forte projeto industrial" para o país.



O presidente Executivo da Altice prometeu manter os postos de trabalho.
Marcelo chama protagonistas a Belém
O negócio selado entre a dona da PT Portugal e a Prisa para a compra da Media Capital acontece dois dias depois de António Costa ter endereçado duras críticas à Altice pela forma como tem gerido a empresa, não só ao nível do eventual despedimento de trabalhadores, mas apontando também as falhas de rede registadas durante o incêndio de junho em Pedrógão Grande.

"Não quero comentar as palavras do vosso primeiro-ministro. Quero apenas dizer que estamos muito orgulhosos pelo nível de investimento que estamos a trazer ao país", afirmou o responsável em resposta aos jornalistas.

Michel Combes afirma que a Altice não pretende "fazer política" perante eventual oposição ao negócio, acrescentando que esta compra representa "um forte projeto industrial para o país".

Do lado do PSD, as críticas do primeiro-ministro motivaram um ataque cerrado. Pedro Passos Coelho criticou a forma como o António Costa se referiu à Altice durante o debate do Estado da Nação. Pedro Passos Coelho refere que nunca tinha visto um primeiro-ministro referir-se assim a uma empresa privada.

Em requerimento entregue no Parlamento, o PSD veio exigir que António Costa sustente as críticas que fez no debate do estado da Nação sobre a PT/Altice, nomeadamente sobre o funcionamento das comunicações durante o incêndio de Pedrógão Grande.

O Presidente da República decidiu chamar entretanto ao Palácio de Belém os representantes da Altice, Media Capital e Prisa, numa audiência que ocorreu logo na manhã desta sexta-feira. A informação do encontro foi dada a conhecer no site da Presidência da República, mas não foram feitas declarações públicas sobre o encontro. Também o primeiro ministro esteve reunido com responsáveis da Altice.

Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se depois à tarde com os responsáveis do grupo Impresa, detentor da SIC.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social tem de se pronunciar sobre a operação quando for contactada pela Autoridade da Concorrência, antes desta última dar o seu parecer sobre o negócio. O parecer do regulador dos media é vinculativo.


c/Lusa
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