Líder da Altice destaca "passo estratégico" com ligação entre PT e Media Capital

por Andreia Martins - RTP
O grupo francês anunciou esta sexta-feira a compra da Media Capital por 440 milhões de euros António Pedro Santos - Lusa

Em conferência de imprensa, no dia que foi oficializado o negócio de compra da Media Capital pela Altice, Michel Combes, CEO da empresa francesa, destacou a importância de liderar no sector das telecomunicações e, ao mesmo tempo, entre os meios de comunicação. O responsável não quis comentar diretamente as recentes críticas do primeiro-ministro, mas sempre foi dizendo que "outros países ficariam felicíssimos por poderem ter este tipo de investimento por uma empresa privada".

"Damos um novo passo estratégico com a compra da Media Capital", afirmou esta sexta-feira o CEO da Altice, Michel Combes, horas depois de o grupo francês ter anunciado a compra da Media Capital SGPS, SA, dona da TVI. Acompanhado por Patrick Drahi, fundador da empresa, e pelo sócio português Armando Pereira, o responsável máximo da Altice reforçou o investimento que tem sido feito em Portugal ao longo dos últimos anos.

O líder do grupo afirmou ainda que é positivo conseguir "juntar ativos" das telecomunicações e dos meios de comunicação, uma estratégia que, aponta, já foi seguida noutros países, nomeadamente França e Israel, representando por isso "um forte projeto industrial" para o país.

Michel Combes afirma que  a Altice não pretende "fazer política" perante eventual oposição ao negócio, acrescentando que esta compra representa "um forte projeto industrial para o país".

"Se por um lado somos número um das telecomunicações com a PT, por outro lado a Media Capital é número um em TV generalista, mas também TV noticiosa e rádio. É muito importante juntar o número um das telecomunicações e o número um dos meios de comunicação. Estamos muito entusiasmados", afirmou Michel Combes esta sexta-feira em Lisboa.

O responsável refere ainda que o objetivo da Altice é "fazer com a Media Capital o que foi feito com a PT", ou seja, fazer "desenvolver e crescer a empresa". "Herdamos os melhores ativos do país", acrescenta.

Ainda sem planos concretos delineados pela Altice, Michel Combes destaca o investimento previsto na área digital, mas também a aposta em novos canais, bem como no desenvolvimento internacional da Media Capital, aproveitando esse valor para enriquecer os serviços prestados pela PT e, paralelamente, subir os números de audiências.
"Outros países ficariam felizes"
O negócio selado entre a dona da PT Portugal e a Prisa para a compra da Media Capital acontece dois dias depois de António Costa ter endereçado duras críticas à Altice pela forma como tem gerido a empresa, não só ao nível do despedimento de trabalhadores, mas apontando também as falhas de rede registadas durante o incêndio de junho em Pedrógão Grande.

"Não quero comentar as palavras do vosso primeiro-ministro. Quero apenas dizer que estamos muito orgulhosos pelo nível de investimento que estamos a trazer ao país", afirmou o responsável em resposta aos jornalistas.

Michel Combes fez questão de recordar que o investimento na compra da PT “foi talvez o maior investimento de uma empresa no país nos últimos anos" e que a empresa conta com trabalhadores "extremamente talentosos". 

“Posso dizer-vos que outros países ficariam felicíssimos por poderem ter este tipo de investimento por uma empresa privada", acrescentou.

Durante o debate sobre o Estado da Nação, na passada quarta-feira, o primeiro-ministro António Costa falou em "desmembramento" e "privatização irresponsável" por parte do grupo francês, criticando ainda os despedimentos em curso na operadora de telecomunicações.

"Espero que a autoridade reguladora olhe com atenção para o que aconteceu só nestes incêndios de Pedrógão Grande, com as diferentes operadoras e para compreender bem como houve algumas que conseguiram manter sempre as comunicações e houve outra que esteve muito tempo sem conseguir manter comunicações nenhumas", acrescentou na altura o chefe de Governo.

O CEO da Altice referiu apenas que o incêndio de Pedrógão Grande foi "uma tragédia para o país" e que os funcionários da empresa "fizeram tudo o que era possível para que [a rede] funcionasse naquelas circunstâncias".
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