CEO da Google avisa que inteligência artificial deve ser regulamentada

por RTP
Sundar Pichai afirma que o objetivo não é impedir os avanços da tecnologia, mas sim “melhorar milhares de milhões de vidas, sendo que o maior risco pode ser falhar nisso” Denis Balibouse - Reuters

O CEO da Google e diretor executivo da Alphabet afirma que os governos têm a responsabilidade de estabelecer regras para a utilização da inteligência artificial. Admite mesmo que existe uma preocupação real com as possíveis consequências negativas deste tipo de tecnologia.

O diretor executivo da Alphabet – empresa que detém a Google – escreveu no jornal Financial Times que “a história está cheia de exemplos de como as virtudes da tecnologia não são garantidas e esses exemplos ensinam-nos que precisamos de estar atentos ao que pode dar errado”.

Sundar Pichai assume que existe uma “preocupação real” com as eventuais consequências negativas que a inteligência artificial pode criar, desde o uso dos deepfakes ao uso indevido do reconhecimento facial.

“Já houve trabalho no sentido de resolver essas preocupações, mas é inevitável que surjam mais desafios do que uma empresa ou setor pode resolver por conta própria”, adverte. Pichai foi a Bruxelas para se reunir com a comissária europeia para a concorrência, que desde que está no cargo já multou a Google em cerca de oito milhões de euros.

No artigo do Financial Times, o responsável diz ser necessária uma regulamentação adequada para que exista um equilíbrio “entre potenciais danos, especialmente oportunidades sociais, que são criadas pelo uso da inteligência artificial”.

O executivo afirma que a Google definiu os próprios princípios para garantir o desenvolvimento ético da inteligência artificial: “As diretrizes ajudam-nos a evitar preconceitos, realizar testes de segurança rigorosos e tornar a tecnologia responsável perante as pessoas”.

“Mas os princípios que permanecem no papel não fazem sentido. Portanto, também desenvolvemos ferramentas que vamos colocar em prática, de maneira a testar as decisões da inteligência artificial e realizar avaliações independentes”, acrescenta.

As principais preocupações de Sundar Pichai estão relacionadas com o facto de os atuais regulamentos não serem suficientes para limitar a forma como a inteligência artificial é usada, “existindo um aumento de propagandas falsas que estão a contaminar a internet”. O CEO da gigante de tecnologia relembra que tanto a União Europeia como os Estados Unidos estão a começar a desenvolver propostas de regulamentação relacionadas com a inteligência artificial.


A Comissão Europeia está a avaliar a proibição do uso de reconhecimento facial em áreas públicas nos próximos cinco anos, para dar tempo às autoridades para criarem legislação capaz de evitar abusos da tecnologia.

A Comissão Europeia declarou que as novas regras podem ser criadas para aperfeiçoar regulamentos atuais que protegem o direito dos cidadãos europeus à sua privacidade.

É proposto que a proibição dure entre três a cinco anos, com o objetivo de criar “uma metodologia sólida para avaliar os impactos dessa tecnologia e possíveis medidas de gerenciamento de riscos”.

O documento defende que a atual tecnologia é imprecisa, intrusiva e viola o direito à privacidade de um indivíduo.

Pichai acredita que a regulamentação do Governo vai ajudar na definição de princípio sólidos, não sendo necessário “começar do zero”. O Executivo propõe que os reguladores se apoiem na Regulamentação Geral para a Proteção de Dados. Contudo, diz que as regras “não podem se iguais para todas as áreas em que se usa inteligência artificial.

Sundar Pichai afirma que o objetivo não é impedir os avanços da tecnologia, mas sim “melhorar milhares de milhões de vidas, sendo que o maior risco pode ser falhar nisso”.
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