Apesar do fim do estado de alarme em Espanha, que trouxe consigo a reabertura da economia, o desemprego nesse país permanece num dos níveis mais baixos já registados. Só em junho foram mais cinco mil as pessoas a ficar sem emprego, elevando para 3,8 milhões o número total - um aumento de 28 por cento em relação ao período homólogo.
Um ano depois, porém, a pandemia de Covid-19 levou a que o número de empregados afiliados à Segurança Social se situasse nos 18,6 milhões, quase menos um milhão do que antes. Ainda assim, de maio para junho foram 68 mil as pessoas a encontrar emprego, um aumento de 0,37 por cento.
Esta subida foi proporcionada, principalmente, pela procura nos setores da construção, comércio e atividades auxiliares e administrativas. A hotelaria também contribuiu fortemente para o aumento do emprego no último mês, contratando mais de 20 mil pessoas. Os números do desemprego não eram tão baixos desde maio de 2016.
Desde o início de maio, o Registo Temporário de Regulamentação de Emprego (ERTE, na sigla original), procedimento segundo o qual uma empresa em situação excecional pode obter autorização para despedir trabalhadores ou suspender contratos de trabalho, chegou a incluir 3,7 milhões de funcionários.
O número de subsídios registados pelo Ministério do Trabalho de Espanha em maio representou uma despesa de 5,5 milhões de euros, o que significa um custo médio de 1129 euros por cada pessoa. Já a Segurança Social atribuiu 1,47 milhões de subsídios a trabalhadores independentes durante o mês de junho.
“Próximos trimestres serão positivos”
De acordo com o jornal El Mundo, a avaliação do Governo à evolução laboral é atualmente positiva. A ministra espanhola das Finanças, María Jesús Montero, considerou que os números do desemprego em junho revelam que Espanha está a ir “na direção certa” e que as medidas adotadas pelo Executivo “foram úteis”.
A responsável do Governo salientou ainda a capacidade dos ERTE de impedir a destruição de postos de trabalho através da suspensão de contratos, esclarecendo que os trabalhadores abrangidos por este processo estão agora a regressar à atividade.
“As notícias para os próximos trimestres serão positivas”, acredita a ministra.
Já o sindicato espanhol União Geral dos Trabalhadores (UGT) mostra-se menos confiante, tendo analisado esta recente recuperação com base nos tipos de contrato realizados às pessoas que encontraram emprego.
De acordo com o sindicato, 90 por cento desses trabalhadores assinaram contratos temporários e precários. A entidade chamou ainda a atenção para o facto de muitos profissionais de saúde, que foram essenciais na pior fase do combate ao novo coronavírus, terem sido despedidos agora que a Covid-19 tem mostrado sinais de abrandamento.