Taxas de Trump. Bruxelas só admite isenções para toda a União

por Carlos Santos Neves - RTP
“Se eles tentarem abrir uma exceção para um dos Estados-membros, isso significa uma exceção para toda a UE”, advertiu o vice-presidente da Comissão Europeia Jyrki Katainen Kevin Lamarque - Reuters

A Casa Branca acenou nas últimas horas com a possibilidade de a Administração Trump vir a excluir alguns países das taxas sobre as importações de aço e alumínio. Da Comissão Europeia já saiu uma resposta, pela voz do vice-presidente Jyrki Katainen: a isentar um Estado-membro, Donald Trump terá de isentar os demais.

“Se eles tentarem abrir uma exceção para um dos Estados-membros, isso significa uma exceção para toda a UE”, reagiu esta quinta-feira o comissário finlandês Jyrki Katainen, para sublinhar que, na União, a política comercial é de alcance comunitário.
Trump pretende impor tarifas de 25 e dez por cento às importações de aço e alumínio, respetivamente. Uma intenção que teve imediatos ecos negativos nas bolsas e ressuscitou receios de uma guerra comercial.

“O que li hoje é que encaram, provavelmente, isenções para os países do NAFTA, mas mencionaram também o Reino Unido e talvez outros países”, assinalou o vice-presidente da Comissão Juncker, referindo-se aos signatários do Acordo Norte-americano de Livre Comércio: Estados Unidos, México e Canadá.

“Esperamos com ansiedade a decisão final”, prosseguiu o responsável, para acrescentar que, nas últimas semanas, os diretórios europeus “contactaram com as autoridades americanas de forma intensa, para tentar convencê-las a não causar danos maiores à sua economia e à economia mundial”.

O cenário de isenções pontuais às tarifas sobre as importações de aço e alumínio – anunciadas na semana passada pelo Presidente dos Estados Unidos – foi traçado na quarta-feira pela Casa Branca, com a porta-voz Sarah Huckabee Sanders a nomear “México, Canadá” e “potencialmente outros países”.

A porta-voz falou ainda de uma avaliação “país a país”, tomando por base critérios de “segurança nacional”.
“Resposta apropriada”

Também neste capítulo, o da política comercial, Trump está a resgatar argumentos da campanha presidencial que o sentou à secretária da Sala Oval, ao afirmar que os parceiros comerciais dos Estados Unidos prejudicam há décadas as indústrias da superpotência.

Os planos do 45.º Presidente norte-americano podem ganhar força de ordem executiva ainda esta semana, segundo a porta-voz da Casa Branca. Em Pequim, o Governo chinês já fez saber que a investida tarifária de Washington merecerá uma “resposta apropriada e necessária”.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, contrapôs, ao mesmo tempo, que China e Estados Unidos fariam melhor se procurassem pontes ao invés de rivalidades.

De resto, a própria Comissão Europeia tem já medidas retaliatórias em cima da mesa: a eventual imposição de taxas sobre produtos norte-americanos como o bourbon, sumos de laranja, manteiga de amendoim e o próprio aço.

Por seu turno, a diretora-geral da Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, veio avisar que, numa guerra comercial de alcance global, “ninguém ganha”.
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