"Proteger Vilnius é proteger Berlim". Alemanha inaugura brigada na Lituânia

A Alemanha inaugurou na quinta-feira uma nova unidade de combate com 4.800 soldados e o objetivo de reforçar o flanco leste da NATO perante a ameaça russa. Na cerimónia militar, o chanceler alemão, Friedrich Merz, garantiu que as forças alemãs estão prontas para defender "cada centímetro" do território da Aliança Atlântica.

Andreia Martins - RTP /
O chanceler alemão, Friedrich Merz, participou esta quinta-feira na inauguração da 45ª Brigada Blindada, um destacamento alemão em em território lituano. Foto: Ints Kalnins - Reuters

"Qualquer pessoa que desafie a NATO deve saber que estamos preparados. Qualquer pessoa que ameace um aliado deve saber que toda a aliança defenderá conjuntamente cada centímetro do território da NATO", afirmou o chanceler alemão, Friedrich Merz na cerimónia militar em Rudninkai, cerca de 30 quilómetros a sul de Vilnius, onde a nova 45ª Brigada Blindada ficará sediada.

Cerca de 400 militares alemães já estão na Lituânia para estabelecer esta brigada que irá  contar com 4.800 soldados e 2.000 veículos, incluindo dezenas de tanques. Deverá ficar totalmente operacional até ao final de 2027.

A Lituânia iniciou os preparativos para receber esta base militar começou em agosto de 2024. Rudninkai terá o primeiro destacamento estrangeiro permanente de militares alemães desde a II Guerra Mundial."Proteger Vilnius é proteger Berlim", acrescentou Merz, garantindo aos lituanos que podem contar com o apoio da Alemanha. O país báltico faz fronteira com o exclave russo, Kaliningrado, e com a Bielorrússia, aliada de Moscovo.

“Apoiamos firmemente a Ucrânia, mas também nos mantemos unidos como europeus como um todo e, sempre que possível, jogamos como uma equipa, com os Estados Unidos” afirmou Friedrich Merz.

A pouco mais de um mês da cimeira da NATO, que se realiza em Haia entre os dias 24 e 25 de junho, o chanceler alemão vincou que a Aliança Atlântica deve “fortalecer de forma sustentável as capacidades de defesa europeias e a nossa indústria de defesa deve expandir as suas capacidades”, produzindo “mais para a Europa e mais na Europa”.

O chanceler alemão esteve acompanhado pelo ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, e também pelo presidente lituano, Gitanas Nauseda, que denunciou em conferência de imprensa o “revisionismo agressivo da Rússia” que está a trazer graves riscos de segurança para todo o continente europeu e não apenas para a Ucrânia.

“Compreendemos a ameaça e acreditamos que conseguimos fazer frente a essa ameaça com os nossos aliados”, afirmou o chefe de Estado lituano, assinalando que Vilnius espera atingir o novo objetivo de 5 por cento do PIB em gastos com a Defesa já no próximo ano.

Os três estados bálticos – Lituânia, Estónia e Letónia – estão interligados ao restante território da NATO e da União Europeia apenas pelo estreito Corredor de Suwalki, numa ligação direta à Polónia. A nível territorial, estão rodeados pela Rússia e Bielorrússia, uma vizinhança de crescente tensão sobretudo desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

A Finlândia, por sua vez, com uma fronteira de 1.344 quilómetros com o território russo, admitiu esta quinta-feira que está a “preparar-se para o pior”. Helsínquia, membro da NATO desde 2023, antevê que Moscovo continue a reforçar a presença de tropas ao longo da fronteira comum.

A Alemanha está cada vez mais ciente desta ameaça no flanco leste europeu e o novo chanceler tem destacado a importância de um investimento crescente e reforçado na Defesa, o que levou inclusive à alteração do travão constitucional que impedia o aumento da dívida.

Na semana passada, num discurso perante o Bundestag, Friedrich Merz prometeu reforçar o exército convencional “mais forte” da Europa.

“Isto é o apropriado para o país mais populoso e economicamente poderoso da Europa. Os nossos amigos e parceiros também esperam isto de nós. Na verdade, praticamente exigem-nos isso”, acrescentou o chanceler alemão.
PUB