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Guerra no Médio Oriente. A evolução do conflito

Gaza. Negociações retomadas enquanto ataques israelitas matam centenas em 72 horas

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Mahmoud Issa - Reuters

Israel e o Hamas retomaram as negociações para um cessar-fogo em Gaza este sábado em Doha, no Catar. Os mediadores voltaram a sentar-se à mesma numa altura em que Israel intensificou a ofensiva no território palestiniano, matando centenas de pessoas em 72 horas.

O Hamas anunciou que uma nova ronda de negociações indiretas com a delegação israelita em Doha arrancou este sábado, discutindo todas as questões "sem pré-condições".

"Esta ronda de negociações começou sem quaisquer pré-condições de qualquer dos lados, e as negociações estão abertas a todas as questões", disse Taher al-Nounou, assessor de imprensa da liderança do Hamas.

"O Hamas apresentará as suas opiniões sobre todas as questões, especialmente o fim da guerra, a retirada [israelita] de Gaza e a troca de prisioneiros", acrescentou, referindo-se aos reféns israelitas detidos em Gaza e aos prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

Israel, por sua vez, também confirmou em comunicado que as negociações sobre um acordo para libertar reféns israelitas detidos pelo Hamas foram retomadas em Doha. Israel

“Com o lançamento da Operação Carros de Gideão em Gaza, liderada com grande força pelo comando [militar], a delegação do Hamas em Doha anunciou a retoma das negociações sobre um acordo de reféns, contrariando a posição de rejeição que haviam assumido até este momento”, disse Israel Katz, ministro israelita da Defesa, em comunicado.

Katz salientou que as negociações começaram sem que Israel concordasse primeiro com um cessar-fogo ou levantasse o seu bloqueio à entrada de ajuda humanitária no enclave.
Mais de 400 mortos em 72 horas
As negociações foram retomadas numa altura em que Israel intensificou a ofensiva em Gaza, efetuando ataques em grande escala que provocaram centenas de mortos em 72 horas.

Segundo as autoridades de saúde palestinianas, pelo menos 146 pessoas foram confirmadas como mortas neste terceiro dia da mais recente escalada da ofensiva israelita, uma das vagas de ataques mais mortíferas desde o fim do cessar-fogo, em março.
Centenas de feridos estão a ser tratados no hospital e estima-se muitos outros estejam soterrados sob os escombros.

De acordo com dados das autoridades de saúde do território, controladas pelo Hamas, os bombardeamentos israelitas mataram cerca de 300 pessoas na Faixa de Gaza entre a meia-noite de quarta-feira até sexta-feira. Só na sexta-feira foram confirmados mais de 140 mortos.

Israel anunciou este sábado que esta escalada faz parte de uma nova campanha apelidada "Operação Carruagens de Gideão", que tem como objetivo “alcançar todos os objetivos da guerra, incluindo a libertação dos reféns e a derrota do Hamas”, explicou o exército na madrugada deste sábado nas redes sociais.


Estes ataques acontecem após uma visita ao Médio Oriente feita esta semana pelo presidente dos EUA. Donald Trump passou pela Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos mas excluiu Israel. Esperava-se que esta visita de Trump à região levasse a uma nova pausa das hostilidades, mas teve o efeito oposto.

Após uma trégua de dois meses, Israel retomou a sua ofensiva contra o Hamas a 18 de Março, alegando que quer "derrotar" o Hamas e obrigá-lo a libertar os restantes reféns. Desde então, ambos os lados acusam-se mutuamente de bloquear as negociações. Por um lado, o Hamas rejeita libertar os restantes reféns até que Israel se retire da região; por outro, Telavive promete continuar a sua ofensiva até que o Hamas seja desmantelado e os reféns libertados.

Para além disso, o Governo israelita proibiu a entrada de qualquer ajuda humanitária na Faixa de Gaza desde o início de março, o que levou a uma crescente preocupação internacional sobre a situação dos 2,3 milhões de residentes do enclave.


Na sexta-feira, Trump reconheceu a crescente crise de fome em Gaza e a necessidade de enviar ajuda e prometeu “resolver a situação”.

c/agências
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