Mundo
Guerra no Médio Oriente
Israel encerra centros de distribuição alimentar em Gaza
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF) anunciou ao final do dia de terça-feira que iria suspender as operações de distribuição alimentar autorizadas pelas autoridades israelitas nos centros da Faixa de Gaza durante um dia. A fundação anunciou que tenciona retomar as suas atividades na quinta-feira, depois de ter tomado medidas de segurança.
“No dia 4 de junho, os centros de distribuição serão encerrados para trabalhos de renovação, reorganização e melhoria da eficiência”, declarou a GHF, uma organização de financiamento opaco apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, numa publicação na rede social Facebook.
A GHF acrescentou que as suas operações nos centros de ajuda seriam retomadas a partir de quinta-feira.
Ao mesmo tempo, o exército israelita confirmou o seu encerramento temporário. “Amanhã (quarta-feira), é proibido circular nas estradas que conduzem aos centros de distribuição, que são considerados zonas de combate”, declarou no X.
As autoridades israelitas têm vindo a impor a utilização da GHF para a distribuição de alimentos, em vez de qualquer uma das agências que tradicionalmente operam em Gaza. Um ataque aéreo israelita a uma escola em Khan Younis que albergava famílias palestinianas deslocadas matou pelo menos dez pessoas, incluindo crianças, esta quarta-feira, disseram as autoridades de saúde locais.
Na terça-feira foram distribuídos 21 camiões de alimentos. Durante o cessar-fogo, no início deste ano, eram necessários 600 camiões por dia para satisfazer as necessidades da população palestiniana. Há semanas que Israel tem vindo a bloquear a entrada de ajuda e alimentos no território.
Após o levantamento muito parcial de um bloqueio total imposto por Israel durante mais de dois meses, que privou a população de Gaza de toda a ajuda humanitária, a GHF iniciou as suas operações há pouco mais de uma semana.
No entanto, a implantação foi marcada por cenas caóticas e relatos de vítimas de fogo israelita perto dos seus centros.
Nos últimos dias, ocorreram várias tragédias junto a estes centros, que causaram dezenas de mortos, e as Nações Unidas descreveram-nos como “armadilhas mortais”, onde palestinianos famintos são obrigados a caminhar “entre arame farpado”, rodeados por guardas privados armados.
As Nações Unidas e muitas ONG recusam-se a trabalhar com esta organização devido a preocupações com os seus procedimentos e neutralidade, receando que tenha sido criada para servir os objetivos militares de Israel.
Durante décadas, a Unrwa, a agência das Nações Unidas para a ajuda aos refugiados palestinianos, supervisionou as operações humanitárias em Gaza.
Mas Israel acusou a agência de dar cobertura ao Hamas, alegando que alguns dos seus funcionários participaram no ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, que desencadeou a guerra.“Tiros de advertência”
Na terça-feira, 27 pessoas que aguardavam ajuda americana junto à rotunda de Al-Alam, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, foram mortas quando os soldados israelitas abriram fogo “contra milhares de civis”, segundo a Defesa Civil do enclave.
Na terça-feira, as Forças de Defesa de Israel advertiram, na rede social X, os residentes de Gaza para não se deslocarem às zonas que conduzem aos centros de distribuição, depois de pelo menos 27 palestinianos terem sido mortos por fogo israelita enquanto esperavam por alimentos nos pontos criados pela GHF, apoiada pelos Estados Unidos.
O exército disse na terça-feira à noite que “os soldados dispararam tiros de advertência (...) contra suspeitos que se aproximaram de uma forma que punha em perigo a sua segurança”, anunciando a abertura de um inquérito para esclarecer “tudo o que for possível” sobre o sucedido.
A Casa Branca afirmou estar a “investigar a autenticidade” dos relatos de disparos fatais.A rotunda onde ocorreu a tragédia fica a cerca de um quilómetro de um centro de ajuda gerido pela GHF.
A ONU e muitas ONG recusam-se a trabalhar com esta organização devido a preocupações com os seus procedimentos e neutralidade, receando que tenha sido criada para servir os objetivos militares de Israel.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, “condenou” o tiroteio, referindo-se à perda “inconcebível” de vidas, dois dias depois de uma tragédia semelhante no mesmo local, em que morreram 31 pessoas, segundo os serviços de emergência palestinianos. Já o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou “crimes de guerra”.Entretanto, um veleiro pertencente à Coligação da Flotilha da Liberdade, com a ativista ambiental sueca Greta Thunberg e a deputada francesa Rima Hassan a bordo, partiu de Itália no domingo a caminho de Israel para entregar ajuda humanitária.
Para além dos 27 mortos de terça-feira em Rafah, a Defesa Civil declarou que 19 palestinianos tinham sido mortos pelo exército israelita em todo o território palestiniano devastado.
A 17 de maio, Israel intensificou a sua ofensiva na Faixa de Gaza, com o objetivo declarado de libertar os últimos reféns, assumir o controlo de todo o pequeno território encravado entre Israel, o Egito e o Mediterrâneo, e eliminar o Hamas, que tomou o poder em 2007.
Com veto americano na mira
Esta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU vai votar um projeto de resolução que apela a um cessar-fogo e ao acesso humanitário a Gaza, uma tentativa de pressionar Israel que deverá deparar-se com um novo veto americano, o primeiro da nova administração Trump.
O novo projeto de resolução, a que a AFP teve acesso, que será votado às 20h00 GMT (21h00 em Lisboa) desta quarta-feira, “exige um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente” e a libertação incondicional dos reféns.
O projeto de resolução, que será hoje votado, "exige um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente" e a libertação incondicional dos reféns detidos pelo Hamas.
Mas os Estados Unidos, aliado de Israel, deverão vetar o texto, disseram vários diplomatas à AFP, sublinhando que os representantes dos dez membros eleitos do Conselho, que irão apresentar o texto, tentaram em vão negociar com eles.
Silencioso sobre esta questão há um ano, o Conselho tem-se esforçado por falar a uma só voz desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, bloqueado várias vezes por vetos americanos, mas também russos e chineses.
Neste contexto, não tentou quebrar o seu silêncio desde novembro, quando os Estados Unidos, então presididos por Joe Biden, bloquearam um texto que apelava a um cessar-fogo.
"Não se pode assistir ao escândalo no Conselho de Segurança (...) e aceitar ficar paralisado, é preciso agir", apelou o embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansour, na terça-feira, referindo-se em particular ao discurso de choque do chefe dos assuntos humanitários da ONU, Tom Fletcher, que apelou a que se evite o "genocídio" em Gaza.
No caso de um veto, a pressão “será exercida sobre aqueles que impedem o Conselho de Segurança de assumir as suas responsabilidades”, insistiu o embaixador. "Todos nós seremos julgados pela história pelo que fizemos para pôr fim a este crime contra o povo palestiniano".
A última resolução do Conselho data de junho de 2024 e apoiava um plano americano de cessar-fogo em várias fases acompanhado da libertação de reféns, cessar-fogo que só se concretizou em janeiro de 2025.
Israel enfrenta uma pressão internacional crescente para pôr fim à guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas em solo israelita, a 7 de outubro de 2023.
Israel efetua ataques no interior da Síria
Israel efetuou novos ataques aéreos no interior da Síria, alegando ter atingido instalações de armamento militar sírias, depois de terem sido disparados foguetes contra os Montes Golã, ocupados por Israel.
Em comunicado, as IDF afirmam que “o regime sírio é responsável por tudo o que se passa na Síria e continuará a sofrer as consequências enquanto as atividades hostis continuarem a partir do seu território”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do recém-empossado governo sírio afirmou que a Síria “não está interessada em representar uma ameaça para qualquer parte na região” e alegou que houve vítimas dos ataques israelitas em Daraa.
A GHF acrescentou que as suas operações nos centros de ajuda seriam retomadas a partir de quinta-feira.
Ao mesmo tempo, o exército israelita confirmou o seu encerramento temporário. “Amanhã (quarta-feira), é proibido circular nas estradas que conduzem aos centros de distribuição, que são considerados zonas de combate”, declarou no X.
As autoridades israelitas têm vindo a impor a utilização da GHF para a distribuição de alimentos, em vez de qualquer uma das agências que tradicionalmente operam em Gaza. Um ataque aéreo israelita a uma escola em Khan Younis que albergava famílias palestinianas deslocadas matou pelo menos dez pessoas, incluindo crianças, esta quarta-feira, disseram as autoridades de saúde locais.
Na terça-feira foram distribuídos 21 camiões de alimentos. Durante o cessar-fogo, no início deste ano, eram necessários 600 camiões por dia para satisfazer as necessidades da população palestiniana. Há semanas que Israel tem vindo a bloquear a entrada de ajuda e alimentos no território.
Após o levantamento muito parcial de um bloqueio total imposto por Israel durante mais de dois meses, que privou a população de Gaza de toda a ajuda humanitária, a GHF iniciou as suas operações há pouco mais de uma semana.
No entanto, a implantação foi marcada por cenas caóticas e relatos de vítimas de fogo israelita perto dos seus centros.
Nos últimos dias, ocorreram várias tragédias junto a estes centros, que causaram dezenas de mortos, e as Nações Unidas descreveram-nos como “armadilhas mortais”, onde palestinianos famintos são obrigados a caminhar “entre arame farpado”, rodeados por guardas privados armados.
As Nações Unidas e muitas ONG recusam-se a trabalhar com esta organização devido a preocupações com os seus procedimentos e neutralidade, receando que tenha sido criada para servir os objetivos militares de Israel.
Durante décadas, a Unrwa, a agência das Nações Unidas para a ajuda aos refugiados palestinianos, supervisionou as operações humanitárias em Gaza.
Mas Israel acusou a agência de dar cobertura ao Hamas, alegando que alguns dos seus funcionários participaram no ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, que desencadeou a guerra.“Tiros de advertência”
Na terça-feira, 27 pessoas que aguardavam ajuda americana junto à rotunda de Al-Alam, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, foram mortas quando os soldados israelitas abriram fogo “contra milhares de civis”, segundo a Defesa Civil do enclave.
Na terça-feira, as Forças de Defesa de Israel advertiram, na rede social X, os residentes de Gaza para não se deslocarem às zonas que conduzem aos centros de distribuição, depois de pelo menos 27 palestinianos terem sido mortos por fogo israelita enquanto esperavam por alimentos nos pontos criados pela GHF, apoiada pelos Estados Unidos.
Earlier today, during the movement of the crowd along the designated routes toward the aid distribution site—approximately half a kilometer from the site—IDF troops identified several suspects moving toward them, deviating from the designated routes. The troops carried out…
— Israel Defense Forces (@IDF) June 3, 2025
A Casa Branca afirmou estar a “investigar a autenticidade” dos relatos de disparos fatais.A rotunda onde ocorreu a tragédia fica a cerca de um quilómetro de um centro de ajuda gerido pela GHF.
A ONU e muitas ONG recusam-se a trabalhar com esta organização devido a preocupações com os seus procedimentos e neutralidade, receando que tenha sido criada para servir os objetivos militares de Israel.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, “condenou” o tiroteio, referindo-se à perda “inconcebível” de vidas, dois dias depois de uma tragédia semelhante no mesmo local, em que morreram 31 pessoas, segundo os serviços de emergência palestinianos. Já o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou “crimes de guerra”.Entretanto, um veleiro pertencente à Coligação da Flotilha da Liberdade, com a ativista ambiental sueca Greta Thunberg e a deputada francesa Rima Hassan a bordo, partiu de Itália no domingo a caminho de Israel para entregar ajuda humanitária.
Para além dos 27 mortos de terça-feira em Rafah, a Defesa Civil declarou que 19 palestinianos tinham sido mortos pelo exército israelita em todo o território palestiniano devastado.
A 17 de maio, Israel intensificou a sua ofensiva na Faixa de Gaza, com o objetivo declarado de libertar os últimos reféns, assumir o controlo de todo o pequeno território encravado entre Israel, o Egito e o Mediterrâneo, e eliminar o Hamas, que tomou o poder em 2007.
Com veto americano na mira
Esta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU vai votar um projeto de resolução que apela a um cessar-fogo e ao acesso humanitário a Gaza, uma tentativa de pressionar Israel que deverá deparar-se com um novo veto americano, o primeiro da nova administração Trump.
O novo projeto de resolução, a que a AFP teve acesso, que será votado às 20h00 GMT (21h00 em Lisboa) desta quarta-feira, “exige um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente” e a libertação incondicional dos reféns.
O projeto de resolução, que será hoje votado, "exige um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente" e a libertação incondicional dos reféns detidos pelo Hamas.
Mas os Estados Unidos, aliado de Israel, deverão vetar o texto, disseram vários diplomatas à AFP, sublinhando que os representantes dos dez membros eleitos do Conselho, que irão apresentar o texto, tentaram em vão negociar com eles.
Silencioso sobre esta questão há um ano, o Conselho tem-se esforçado por falar a uma só voz desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, bloqueado várias vezes por vetos americanos, mas também russos e chineses.
Neste contexto, não tentou quebrar o seu silêncio desde novembro, quando os Estados Unidos, então presididos por Joe Biden, bloquearam um texto que apelava a um cessar-fogo.
"Não se pode assistir ao escândalo no Conselho de Segurança (...) e aceitar ficar paralisado, é preciso agir", apelou o embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansour, na terça-feira, referindo-se em particular ao discurso de choque do chefe dos assuntos humanitários da ONU, Tom Fletcher, que apelou a que se evite o "genocídio" em Gaza.
No caso de um veto, a pressão “será exercida sobre aqueles que impedem o Conselho de Segurança de assumir as suas responsabilidades”, insistiu o embaixador. "Todos nós seremos julgados pela história pelo que fizemos para pôr fim a este crime contra o povo palestiniano".
A última resolução do Conselho data de junho de 2024 e apoiava um plano americano de cessar-fogo em várias fases acompanhado da libertação de reféns, cessar-fogo que só se concretizou em janeiro de 2025.
Israel enfrenta uma pressão internacional crescente para pôr fim à guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas em solo israelita, a 7 de outubro de 2023.
Israel efetua ataques no interior da Síria
Israel efetuou novos ataques aéreos no interior da Síria, alegando ter atingido instalações de armamento militar sírias, depois de terem sido disparados foguetes contra os Montes Golã, ocupados por Israel.
Em comunicado, as IDF afirmam que “o regime sírio é responsável por tudo o que se passa na Síria e continuará a sofrer as consequências enquanto as atividades hostis continuarem a partir do seu território”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do recém-empossado governo sírio afirmou que a Síria “não está interessada em representar uma ameaça para qualquer parte na região” e alegou que houve vítimas dos ataques israelitas em Daraa.
Dois foguetes entraram em território controlado por Israel na terça-feira. Israel tomou os Montes Golã à Síria em 1967 e ocupa-os desde então.
c/ agências