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América de Trump abandona a UNESCO
Os Estados Unidos oficializaram esta terça-feira a saída da organização cultural das Nações Unidas, com sede em Paris, afirmando que a sua continuidade não era do interesse nacional do país, após a notícia ter sido divulgada pelo New York Post. A RTP sabe que para já não estão previstos despedimentos.
Após o anúncio da retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da suspensão ao financiamento da ajuda internacional, os EUA de Donald Trump saem pela segunda vez da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A decisão não é inédita, uma vez que o durante o seu primeiro
mandato, em outubro de 2017, os EUA já tinham abandonado a organização. Uma decisão que foi revertida por Joe Biden em junho de 2023.
"A UNESCO trabalha para promover causas sociais e culturais divisórias e mantém um foco desproporcional nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, uma agenda global e ideológica para o desenvolvimento internacional que está em contradição com a nossa política externa America First", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, em comunicado.
A decisão de Washington foi justificada pelas posições da organização consideradas anti-Israel, além do apoio a causas culturais e sociais vistas como "divisórias" e "politicamente corretas".
"A decisão da UNESCO de admitir o "Estado da Palestina" como Estado-membro é altamente problemática, contrária à política dos Estados Unidos e contribuiu para a proliferação de discursos hostis a Israel dentro da organização", acrescentou Tammy Bruce.
Em entrevista ao New York Post, a vice-porta-voz Anne Kelly afirmou que
Donald Trump está comprometido em priorizar os interesses nacionais e
garantir que a participação dos EUA em organizações internacionais esteja alinhada com os interesses nacionais.
"O presidente Trump decidiu retirar os Estados Unidos da UNESCO — que apoia causas culturais e sociais divisórias e politicamente corretas que estão totalmente em desacordo com as políticas sensatas pelas quais os americanos votaram em novembro", disse ao New York Post, a vice-porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly.
"Uma decisão lamentável mas esperada"
A diretora-geral da UNESCO lamentou "profundamente" a decisão do presidente dos EUA, num comunicado divulgado esta terça-feira. "Por mais lamentável que seja, este anúncio era esperado e a UNESCO estava preparada", afirmou Audrey Azoulay.
Atualmente os EUA contribuem com cerca de 8% do
orçamento total da UNESCO, um valor muito inferior em relação aos cerca
de 20% que contribuiam aquando da primeira saída de Washington da organização.
"Hoje, a Organização está mais protegida em termos financeiros, com o apoio constante de um grande número de Estados-Membros e contribuintes privados. Estas contribuições voluntárias duplicaram desde 2018", explica Audrey Azoulay, em comunicado.
Num comunicado enviado aos funcionários, a UNESCO admite o impacto da
decisão norte-americana nas missões no terreno, mas reconhece que será
menos significativo do que no passado. A organização afirma que
conseguiu adaptar-se na ausência de um
dos seus membros fundadores no passado e garante que, nesta fase, não estão previstos
despedimentos.
O anúncio da retirada dos EUA da organização não é visto como
inesperado, uma vez que pouco depois de regressar à Casa Branca, Donald
Trump assinou um decreto que formalizava o fim do
envolvimento do país em diversos órgãos da ONU, incluindo uma revisão
específica da permanência dos EUA na UNESCO.
A retirada americana entrará em vigor a 31 de dezembro de 2026.
c/ agências