Antigo guarda-costas de Macron nega ter mentido ao Senado e assume "erro"

por RTP
Alexandre Benalla está a ser investigado por alegadamente ter utilizado o anterior cargo para benefício próprio durante uma viagem ao Chade Charles Platiau - Reuters

Alexandre Benalla revelou que entregara dois passaportes diplomáticos no final do mês de agosto e que estes lhe foram restituídos no final de outubro. O antigo segurança de Emmanuel Macron, ouvido pela segunda vez por uma comissão de inquérito no Senado, “assumiu a responsabilidade” do que considera ter sido “um erro” com a utilização dos passaportes para se deslocar ao estrangeiro já quase seis meses depois de ter cessado funções no Eliseu.

“Eu não menti em 19 de setembro quando lhe disse que os meus passaportes estavam no Eliseu", sublinhou Alexandre Benalla, citado pelo Le Monde. "Esses passaportes foram-me devolvidos, quando fui contactado por um membro do Eliseu (...) no início de outubro de 2018", declarou, sem revelar a identidade da pessoa em questão.

O antigo segurança foi criticado pelos senadores por repetidamente recusar responder às perguntas, alegando o seu direito à presunção de inocência e ao direito de não se incriminar.

Outra das revelações é que o antigo segurança tem três passaportes, tendo recorrido a "um passaporte normal, usado entre 7 de agosto e outubro, porque não estava mais na posse dos meus passaportes diplomáticos".

O ex-segurança do Eliseu foi indiciado, na sexta-feira passada, por "uso público e sem direito de um documento justificativo de uma qualidade profissional" e pela utilização de dois passaportes diplomáticos desde que deixou o Eliseu.

A 28 de dezembro, a comissão pediu explicações aos serviços da Presidência sobre "as condições em que Alexandre Benalla pôde utilizar passaportes diplomáticos" após a sua demissão, no passado mês de julho.

De acordo com o diário francês Le Monde, Benalla viajou até ao Chade num avião privado com outras seis pessoas e ficou hospedado no hotel de luxo Hilton, de onde saiu a 4 de dezembro para apanhar um voo comercial.

A viagem ocorreu duas semanas antes de Macron se ter deslocado ao Chade para visitar os militares franceses na capital Jamena e para se encontrar com o homólogo Idriss Déby.

Alegadamente, o antigo segurança esteve reunido durante duas horas com o irmão do Presidente chadiano, Oumar Déby, líder da Direção Geral da Reserva Estratégica do país e principal aliado da França em operações anti-jihadistas na região africana de Sahel.

O Eliseu esclareceu junto do Presidente Idriss Déby que Alexandre Benalla não era, “de forma alguma”, representante ou intermediário do Governo francês.

Alexandre Benalla foi demitido depois de ter sido filmado, num protesto do 1.º de Maio, a agredir manifestantes. Está agora a ser investigado por alegadamente ter utilizado o anterior cargo para benefício próprio durante a viagem ao Chade.

De acordo com Benalla, o caso que foi revelado pelo Le Monde no dia 18 de julho "teve a intenção de `apanhar` o presidente da República. Eu era o ponto mais fácil para o conseguirem. Sou o elo mais fraco", afirmou.
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