Mais uma sexta-feira e as ruas das cidades e vilas argelinas voltaram a encher-se de multidões, pela 41ª semana consecutiva. Exigiram, mais uma vez, o cancelamento das eleições presidenciais, marcadas pelo Governo de transição para o próximo dia 12 de dezembro.
Um dos cartazes mais comum ostentava a frase Não! Votei!, para mostrar a sua recusa de escrutíneos que não impliquem uma mudança do regime, rejeitado sem meias palavras desde o início dos protestos em 22 de fevereiro.
Um tal movimento [Harak] de contestação é inédito na Argélia, e a sua primeira vitória foi a demissão do Presidente Abdelaziz Bouteflika, que se manteve 20 anos no poder e que procurava ser reeleito em junho passado, contra a vontade dos argelinos.
Algerians are saying whoever participates in the upcoming elections is a national traitor. 41 weeks of continuous, massive, persistent, peaceful protests against dictatorship. #algeria #algerie #Algerie_Libre_Democratique #تسقط_انتخابات_العصابات #hirak #حراك_29_نوفمبر pic.twitter.com/u6ZvJHYZcG
— Abdel A (@SuccessGentr) November 29, 2019
🎥 Chlef#Algerie #الحراك_الشعبي #Algerie_Libre_Democratique #حراك_29_نوفمبر #Argelia #تسقط_انتخابات_العصابات #Hirak #Algerie_manifestation #الجمعة_41 #Yetna7aw_Ga3 #Algeria pic.twitter.com/m5ayeKR9OQ
— Izzeddine ⭐️⭐️ (@ikhelafi) November 29, 2019
"É intimidação"
A repressão das manifestações agravou-se após o início da campanha eleitoral, no princípio de novembro. A tensão é cada vez maior, com protestos mais frequentes, mais detenções e encarceramentos mais prolongados.
Esta quarta-feira houve mesmo algumas brigas entre a polícia e manifestantes numa cidade rural. A capital, Argel, acordou esta sexta-feira sob um forte dispositivo de segurança.
A presença policial não desencorajou os manifestantes, antes os irritou.
Une pensée aux détenus d’opinion. #Oran #Algérie #40ème_Vendredi #Hirak #Harak pic.twitter.com/jF79bZpDyC
— Azeddine SALMI (@zsalmi) November 23, 2019
Algiers earlier today, what an atmosphere 😍🇩🇿 #Algerie #Algeria #Algiers #Alger #ElHarrach #Yetna7aw_Ga3 #FreeAlgeria ✌🏻 pic.twitter.com/EDvOrE344D
— Šçötłãńdīŷå (@BentBladi0) November 29, 2019
"Eles têm o voto, nós temos o veto"
Salah tem apelado à participação popular nas eleições, consideradas pelas Forças Armadas como a única saída para o impasse entre os que detêm o poder e o Harak, que se mantém um movimento geralmente sem líder.
"O povo argelino, todas as categorias, jovens mulheres, homens, estudantes, são exortados a manterem-se ao lado do seu país", declarou, apelando a "uma forte participação" nas presidenciais.
Entre os cartazes contra a eleição, na marcha desta sexta-feira, viam-se também palavras de ordem como Soltem os prisioneiros e O exército devia deixar a política.
Uma das suas caricaturas, intitulada "O Eleito", inspira-se na história da Cinderela para mostrar os cinco candidatos presidenciais a experimentarem um sapatinho estendido pelo chefe do Estado Maior das Forças Armadas, o general Ahmed Gaid Salah.
L'Éluhttps://t.co/HuQgmN7iDq pic.twitter.com/fgk31MQI54
— DANS MA BULLE (@Nime_BD) November 4, 2019
O Harak confia na vitória, depois de ter conseguido que o exército retirasse o apoio a Bouteflika, forçando-o a renunciar em abril, e a prisão de dezenas de altos responsáveis por corrupção, incluindo um ex-chefe dos Serviços de Informação, irmão de Bouteflika.
A purga abrangeu ministros e grandes empresários ligados ao aparelho do Estado, que foram detidos. Vários entre eles foram condenados a penas pesadas por corrupção e dois ex-primeiro-ministros, Ahmed Ouyahia e Abdelmalek Sellal, deverão conhecer a sua sentença na próxima semana.
الروح الوطنية لا تشترى.#Algerie pic.twitter.com/g356VBHc2E
— Mohamed Bougherfa (@bougherfamoh) November 24, 2019
Numa espécie de tira-teimas com o Harak, o principal sindicato argelino, pró-governo, promete para este sábado a sua própria marcha em Argel, a favor das eleições.