Ataque israelita mata crianças junto a centro médico em Gaza

Pelo menos 17 pessoas foram mortas num ataque em Deir al-Balah, onde o exército afirmou ter como alvo um combatente do Hamas. Um dos socorristas disse à France-Presse que, entre as vítimas há oito crianças. A mais nova tinha dois anos e a mais velha 14. Morreram também três mulheres e quatro homens.

Cristina Santos - RTP /
Foto: Ramadan Abed - Reuters

O centro médico distribui fórmula infantil para além dos cuidados médicos que consegue prestar. O ataque aéreo de Israel atingiu um grupo de pessoas que esperavam no exterior, esclarece o socorrista Mohammad al-Moughayyir à France-Presse. As imagens obtidas pela CNN mostram várias crianças caídas no chão, ensanguentadas, imóveis, e outras parecem estar feridas.
Uma organização humanitária norte-americana, o projeto HOPE, afirmou que o ataque ocorreu "bem em frente" a uma das suas clínicas de saúde, onde as pessoas aguardavam tratamento para "desnutrição, infeções, doenças crónicas e muito mais".

O CEO da organização, Rabih Torbay, disse à CNN que a localização da clínica havia sido partilhada com o exército israelita e, até ao ataque de quinta-feira, "era um local sem conflitos".

"As clínicas de saúde do Projeto HOPE são um local de refúgio em Gaza, onde as pessoas trazem os filhos pequenos, as mulheres têm acesso a cuidados durante a gravidez e o pós-parto. As pessoas recebem também tratamento para desnutrição e muito mais", lê-se no comunicado desta ONG. "No entanto, esta manhã, famílias inocentes foram atacadas impiedosamente enquanto esperavam na fila para que as portas se abrissem", refere a ONG. "Horrorizados e com o coração partido, não conseguimos expressar como nos sentimos".

O exército israelita garante que tinha como alvo um militante do Hamas que participou dos ataques do grupo contra Israel em 7 de outubro de 2023. 

Em comunicado, enviado à estação norte-americana CNN, é referido que “as Forças de Defesa de Israel estão cientes de relatos sobre vários feridos no local. O incidente está a ser analisado. As Forças de Defesa de Israel lamentam qualquer dano causado a pessoas que não têm qualquer envolvimento (no conflito) e estão a tentar minimizar os danos”.

No entanto, “não é a primeira vez que instalações de saúde são alvos do exército israelita”, sublinha o coordenador médico adjunto da ONG Médicos Sem Fronteiras para a Palestina.

Todos os dias, centenas de pessoas morrem e ficam feridas quando vão (aos pontos de distribuição de ajuda) buscar os kits ou cestas básicas”, disse.
“No mercado não se encontra comida. Quer dizer, as padarias estão fechadas”, relata o coordenador médico da MSF.
Israel intensificou os ataques e expandiu a operação terrestre em Gaza, enquanto negociadores em Doha continuam a tentar alcançar um cessar-fogo temporário que permita libertar reféns nas mãos do Hamas e permitir a entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Quase três mil palestinianos foram mortos no último mês em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território.
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