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Canções proibidas? Israel com participação em risco no Festival da Eurovisão

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Manifestação "Juntos pela Palestina" exige o cessar-fogo em Gaza e a exclusão de Israel do Festival Eurovisão da Canção. Estocolmo, Suécia, a 17 de fevereiro Fredrik Persson - Reuters

Depois de "October Rain", a canção "Dance Forever", alternativa israelita ao Festival da Eurovisão de 2024, também foi recusada pela União Europeia de Radiodifusão (EBU) por ser "demasiado politizada" e fazer referência ao ataque do Hamas no festival de música Tribe of Nova, no passado dia 7 de outubro, em Israel, de acordo com o Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros.

A primeira canção “October Rain”, proposta pela candidata israelita, Eden Golan, foi recusada por não estar em conformidade com as regras do concurso, por razões políticas.

Entretanto, a segunda canção também já foi rejeitada
, de acordo com um artigo do site de notícias israelita Ynetnews.

A participação de Israel no festival da Eurovisão da Canção, que este ano se realiza em maio, em Malmö, na Suécia, parece estar em risco.

Na quarta-feira, 28 de fevereiro, a imprensa israelita revelou que a segunda canção apresentada por Israel, “Dance Forever” ("dançar para sempre", na tradução livre), tinha sido rejeitada pelos organizadores do evento, que consideraram que a letra era “demasiado politizada”.

A primeira canção proposta por Israel, “October Rain” que em português significa “Chuva de outono”, está atualmente a ser analisada por ter uma letra alusiva ao massacre do Hamas a Israel em 7 de outubro do ano passado. Apesar de não fazer referência de forma explícita ao ataque, têm surgido acusações de referências em inglês e em hebraico às vítimas. "Leva-me para casa / E deixa o mundo para trás / E eu prometo que nunca mais vai acontecer / Ainda estou molhada da chuva de outubro / Chuva de outubro", pode escutar-se na canção interpretada por Eden Golan, divulgada pelo Ynet

A União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) que ainda não se pronunciou sobre a sua decisão, explicou que "se uma canção for considerada inaceitável por qualquer razão, os organismos de radiodifusão têm a oportunidade de apresentar uma nova canção ou uma nova letra, de acordo com as regras do concurso".
Sem intenção de substituir a canção

Acontece que ambas as canções propostas por Israel foram apresentadas ao mesmo tempo e que a emissora pública israelita, a KAN, anunciou na semana passada não ter “qualquer intenção de substituir a canção” e acrescentou estar em conversações com a EBU sobre a participação do país no concurso. "Se não for aprovada pela EBU, Israel não irá participar no concurso", afirmou a KAN.

Perante a possibilidade da proibição da primeira canção na semana passada, o ministro israelita da Cultura e do Desporto, Miki Zohar, considerou ser “escandaloso” e disse que a letra “apenas exprime os sentimentos do povo e do país atualmente” e que “não é política”. Já perante esta segunda recusa, o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, manifestou o seu desagrado e defendeu que “temos o direito de cantar sobre o que vivemos (durante o ataque do Hamas a 7 de outubro)”. "Alguém me chama do céu /Ouve /A esperança não pára, apenas abre as suas asas /Como um milhão de estrelas que de repente iluminam os céus", pode escutar-se na segunda canção, cuja letra foi divulgada pelo Ynet.

"Fontes próximas do assunto" estão "pessimistas"
Segundo o Ynetnews, o Presidente israelita Isaac Herzog está a fazer tudo o que pode para resolver a situação, embora “fontes próximas do assunto” citadas pelo meio de comunicação israelita, estejam “pessimistas” quanto à capacidade da emissora pública israelita (KAN) e da União Europeia de Radiodifusão (EBU) conseguirem chegar a um consenso antes de meados de março, a data limite em que os participantes devem enviar uma canção que cumpra as regras do concurso.

O conflito em curso no Médio Oriente entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita, no passado dia 7 de outubro. Nesse dia, cerca de 1,200 pessoas perderam a vida, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, de acordo com os mais recentes números oficiais de Telavive. Também cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, dos quais mais de 100 permanecem no enclave palestiniano controlado pelo Hamas, desde 2007, segundo Israel.

Em retaliação a este ataque, Israel prometeu acabar com o Hamas e bombardeou a Faixa de Gaza onde, já morreram mais de 30 mil palestinianos, na maioria mulheres, crianças e adolescentes, nos últimos cinco meses, de acordo com os dados do Ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas, divulgados na quinta-feira, 29 de fevereiro.

Em reação à ofensiva do exército israelita em Gaza, vários países do norte da Europa, têm apelado à exclusão de Israel do Festival da Eurovisão, à semelhança do que aconteceu com a Rússia em 2022, após a sua invasão da Ucrânia.

c/agências

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