Casa Branca desmente encontro entre Trump e Putin num "futuro imediato"

Cinco dias após Donald Trump anunciar uma cimeira com o homólogo russo Vladimir Putin, em Budapeste, uma fonte da Casa Branca, citada por agências internacionais, veio desmentir que a reunião esteja prevista para um "futuro imediato".

Graça Andrade Ramos - RTP /
Donald Trump no Jardim das Rosas da Casa Branca Kevin Lamarque - Reuters

Donald Trump afirmou, no passado dia 16, em resposta a repórteres, que esperava que o encontro se desse "dentro de duas semanas".

Um alto funcionário da Casa Branca disse esta terça-feira, sob condição de anonimato, que, afinal, não há planos para que o presidente norte-americano e o presidente russo se encontrem "no futuro imediato".Também o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, também não têm planos para se encontrarem pessoalmente, disse a mesma fonte.


Segundo o responsável, a decisão foi tomada na sequência de um telefonema, realizado na segunda-feira, entre o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, realizado para debater os contornos da cimeira entre os líderes norte-americano e russo sobre o fim do conflito na Ucrânia. 

A Rússia, por sua vez, desvalorizou hoje igualmente as hipóteses de se realizar em breve a cimeira entre Vladimir Putin e Donald Trump, sublinhando que "não foi definido um prazo específico" para esta reunião.

Segunda-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tinha mostrado vontade de estar presente em Budapeste.Manobra diplomática
A reunião entre os dois presidentes foi anunciada por Donald Trump na rede Truth Social e depois confirmada pelo Kremlin, após um telefonema entre ambos, de duas horas e meia, na quinta-feira passada, dia 15 de outubro.

O encontro, que não previa a presença de representantes ucranianos, teria lugar em Budapeste, Hungria, o que de imediato levantou questões sobre a deslocação de Putin àquele país, devido ao mandado internacional de prisão, emitido pelo TPI, que corre contra ele.

O presidente ucraniano afirmou, depois de se conhecerem as conclusões do telefonema de quinta-feira entre Trump e Putin, que o Kremlin só procurou Donald Trump depois do presidente norte-americano ter admitido dias antes a possibilidade de entregar mísseis de longo alcance Tomahawk à Ucânia.

Na sexta-feira, após o telefonema entre Putin e Trump na véspera, Zelesnky visitou Washington e reuniu-se pela terceira vez em 10 meses com o presidente dos EUA na Casa Branca.

Volodymyr Zelensky, não conseguiu dessa vez convencer Donald Trump a fornecer os mísseis Tomahawk à Ucrânia.

Donald Trump tem instado as partes em conflito a cessarem as hostilidades, encorajando a Ucrânia e a Rússia a "pararem imediatamente na atual linha da frente", congelando-as na expetativa de conversações. Sugeriu ainda a Zelensky a cedência à Rússia das áreas atualmente ocupadas por Moscovo.

Duas autoridades norte-americanas afirmaram entretanto à Reuters que a Rússia enviou no passado fim de semana aos EUA um comunicado privado, conhecido como "non paper", a reiterar os seus termos anteriores para chegar a um acordo de paz com a Ucrânia.

Moscovo insiste no objetivo de assumir o controlo de toda a região ucraniana de Donbass, referiu uma das autoridades, posição que rejeita, na prática, a posição atual do presidente dos EUA.

Depois do adiamento da cimeira de Budapeste e do fracasso na cimeira do Alasca, em agosto de 2025, resta saber se Trump voltará a confiar nas promessas russas para um diálogo com vista a um cessar-fogo. 
Proposta europeia

Esta terça-feira, depois de ser conhecido o adiamento indefenido da cimeira de Budapeste, Volodymyr Zelensky referiu que a Rússia "perdeu interesse na diplomacia quase automaticamente", após Donald Trump ter adiado sexta-feira uma decisão sobre o envio de mísseis Tomahawk para a Ucrânia.

"A Rússia está mais uma vez a fazer tudo o que pode para abandonar a diplomacia", disse Volodymyr Zelensky, no seu discurso noturno.

"A política de Trump equivale a andar em círculos", criticou um alto responsável ucraniano à Agência France Press.

A Bloomberg News noticiou esta terça-feira que as nações europeias estão a trabalhar com a Ucrânia numa proposta de 12 pontos para pôr fim à guerra da Rússia seguindo as actuais linhas de confronto.

Um conselho de paz presidido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, supervisionaria a implementação do plano proposto, disse a Bloomberg, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

com agências
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