Mundo
Guerra na Ucrânia
"Deixar como está agora". Trump sugere divisão do Donbass com maior fatia para Putin
Donald Trump sugere que a melhor forma de terminar a guerra na Ucrânia passaria por "dividir" a região do Donbass, deixando a maior parte debaixo de controlo russo. Isto depois de alegadamente ter pressionado Volodymyr Zelensky numa reunião na Casa Branca a ceder fatias de território.
"Que seja dividido como está", disse Trump aos jornalistas a bordo do Air Force One no domingo. "Está dividido agora", realçou, acrescentando que é possível "deixar como está agora".
"Podem negociar algo mais tarde", disse. Mas, por enquanto, ambos os lados do conflito devem "parar na linha de batalha – ir para casa, parar de lutar, parar de matar pessoas"."O resto é muito difícil de negociar se vai dizer: Tu ficas com isto, nós ficamos com aquilo".
Os comentários de Trump foram feitos após uma reunião tensa com o presidente ucraniano na Casa Branca na sexta-feira e são vistos como uma reviravolta abrupta em relação à sua posição em setembro, quando afirmou acreditar que a Ucrânia poderia retomar todo o seu território e até "adentrar" terras russas. Descreveu ainda a Rússia como um "tigre de papel".
Zelensky tinha voado para Washington na esperança de capitalizar a crescente frustração de Trump com Vladimir Putin depois de a cimeira do presidente norte-americano no Alasca não ter produzido um avanço na guerra.
Mas o líder ucraniano saiu de mãos a abanar, sem conseguir obter mísseis de cruzeiro Tomahawk de longo alcance. Os mísseis seriam as armas de maior alcance no arsenal da Ucrânia e permitiriam atingir alvos no interior da Rússia, incluindo Moscovo, com precisão.
Trump recusou ainda fornecer mísseis Tomahawk para uso da Ucrânia e ponderou dar garantias de segurança tanto para Kiev como para Moscovo.
O presidente norte-americano pareceu muito mais otimista com as perspetivas de um acordo desde uma longa chamada telefónica com Putin na quinta-feira, na qual concordaram em reunir-se em breve em Budapeste. Para a União Europeia o encontro “não é agradável”, pois implica que o presidente russo, que está sujeito a um mandato de captura pelo Tribunal penal Internacional, possa viajar para a Turquia, país membro da União Europeia.
Nos bastidores, Trump pressionou Zelensky para ceder faixas de território à Rússia, segundo revelaram à Reuters duas fontes informadas sobre a reunião.
As fontes descreveram a reunião como tensa, com a delegação ucraniana a sair frustrada.
As duas fontes ficaram com a impressão de que Trump foi influenciado pela chamada telefónica de quinta-feira com Putin, durante a qual, segundo o Washington Post, Putin propôs uma troca territorial em que a Ucrânia cederia as regiões de Donetsk e Lugansk em troca da retirada russa de pequenas partes de Zaporizhia e Kherson.Os ucranianos veem um grande valor estratégico na porção de Donetsk e Lugansk que ainda controlam — acreditam que abdicar deste território tornaria o resto da Ucrânia muito mais vulnerável às ofensivas russas, acrescentou uma das fontes, que argumentou que abdicar do oeste de Donetsk e Lugansk equivaleria a um ato de "suicídio".
Segundo a Reuters, as fontes afirmaram que o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, estava entre os que mais instaram os ucranianos a concordar com a proposta de "troca" de território.
Questionado, em entrevista à Fox News realizada na quinta-feira, sobre se Putin estaria aberto a acabar com a guerra "sem tomar posse significativa de propriedades da Ucrânia", Trump respondeu: "Bem, ele vai tomar alguma coisa.
"Eles lutaram e ele tem muitas propriedades. Ele conquistou certas propriedades", disse Trump. "Somos a única nação que entra, ganha uma guerra e depois vai embora".
A entrevista foi transmitida no domingo, mas foi realizada antes de Trump falar com Putin na quinta-feira e se encontrar com Zelensky na sexta-feira.
Deslocação de Putin a Budapeste “não é agradável”
A representante da União Europeia para as Relações Externas e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou esta segunda-feira que "não é agradável" que o presidente russo, Vladimir Putin, possa viajar para a Hungria, país-membro da UE, para conversações sobre a Ucrânia.
Kallas disse aos jornalistas antes de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros europeus no Luxemburgo que os esforços de Trump para trazer a paz são bem-vindos, mas que também é importante que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se encontre com o líder russo.
"Em relação a Budapeste, não, não é agradável... ver que realmente uma pessoa sujeita a um mandado de captura pelo TPI está a vir para um país europeu", sublinhou Kaja Kallas, acrescentando que a "questão é se há algum resultado".
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Kestutis Budrys, frisou que não havia lugar para Putin em nenhuma capital europeia.
"O único lugar para Putin na Europa é em Haia, em frente ao tribunal, não em nenhuma das nossas capitais", disse antes da reunião dos ministros.Kaja Kallas revelou ainda aos jornalistas que esperava que o 19.º pacote de sanções contra a Rússia fosse adotado esta semana, mas afirmou que a aprovação não chegaria na segunda-feira.
O presidente ucraniano quer marcar presença no eventual encontro entre Putin e Trump. Zelensky insiste que a Ucrânia não pode ficar de fora de eventuais negociações.
"Falámos sobre isso. Irão discutir isso com Putin. Ele queria saber a minha opinião. Na minha opinião, se queremos realmente uma paz duradoura, precisamos de ter os dois lados desta tragédia. Sim, ele é um ocupador, mas a Ucrânia sofre e luta", afirmou o presidente ucraniano em entrevista à NBC, gravada na sexta-feira e transmitida no domingo. "Como pode haver alguns acordos sobre nós, sem nós?", questionou Zelensky.
c/ agências
"Podem negociar algo mais tarde", disse. Mas, por enquanto, ambos os lados do conflito devem "parar na linha de batalha – ir para casa, parar de lutar, parar de matar pessoas"."O resto é muito difícil de negociar se vai dizer: Tu ficas com isto, nós ficamos com aquilo".
Os comentários de Trump foram feitos após uma reunião tensa com o presidente ucraniano na Casa Branca na sexta-feira e são vistos como uma reviravolta abrupta em relação à sua posição em setembro, quando afirmou acreditar que a Ucrânia poderia retomar todo o seu território e até "adentrar" terras russas. Descreveu ainda a Rússia como um "tigre de papel".
Zelensky tinha voado para Washington na esperança de capitalizar a crescente frustração de Trump com Vladimir Putin depois de a cimeira do presidente norte-americano no Alasca não ter produzido um avanço na guerra.
Mas o líder ucraniano saiu de mãos a abanar, sem conseguir obter mísseis de cruzeiro Tomahawk de longo alcance. Os mísseis seriam as armas de maior alcance no arsenal da Ucrânia e permitiriam atingir alvos no interior da Rússia, incluindo Moscovo, com precisão.
Trump recusou ainda fornecer mísseis Tomahawk para uso da Ucrânia e ponderou dar garantias de segurança tanto para Kiev como para Moscovo.
O presidente norte-americano pareceu muito mais otimista com as perspetivas de um acordo desde uma longa chamada telefónica com Putin na quinta-feira, na qual concordaram em reunir-se em breve em Budapeste. Para a União Europeia o encontro “não é agradável”, pois implica que o presidente russo, que está sujeito a um mandato de captura pelo Tribunal penal Internacional, possa viajar para a Turquia, país membro da União Europeia.
Depois de se ter reunido com Zelensky na Casa Branca, Trump afirmou nas redes sociais que as conversas foram "muito interessantes e cordiais, mas eu disse-lhe, como também sugeri veementemente ao presidente Putin, que era tempo de parar com a matança e fechar um ACORDO".
Depois, no domingo à noite, durante um voo da Florida para Washington, Trump reiterou a sua posição de que a Ucrânia precisaria de ceder território, fazendo com que os combates "parassem nas linhas onde estão".Questionado se tinha dito a Zelensky que a Ucrânia deveria ceder toda a região do Donbass à Rússia, Trump disse que não.
Zelensky apelou a medidas decisivas aos aliados europeus e norte-americanos, afirmando que estava na altura de mais uma reunião entre a "coligação dos dispostos" liderada pela Europa.
"A Ucrânia nunca concederá a terroristas qualquer recompensa pelos seus crimes, e contamos com os nossos parceiros para defender essa mesma posição", escreveu Zelenskyy nas redes sociais no domingo.
Pressão para ceder territórioZelensky apelou a medidas decisivas aos aliados europeus e norte-americanos, afirmando que estava na altura de mais uma reunião entre a "coligação dos dispostos" liderada pela Europa.
"A Ucrânia nunca concederá a terroristas qualquer recompensa pelos seus crimes, e contamos com os nossos parceiros para defender essa mesma posição", escreveu Zelenskyy nas redes sociais no domingo.
Nos bastidores, Trump pressionou Zelensky para ceder faixas de território à Rússia, segundo revelaram à Reuters duas fontes informadas sobre a reunião.
As fontes descreveram a reunião como tensa, com a delegação ucraniana a sair frustrada.
As duas fontes ficaram com a impressão de que Trump foi influenciado pela chamada telefónica de quinta-feira com Putin, durante a qual, segundo o Washington Post, Putin propôs uma troca territorial em que a Ucrânia cederia as regiões de Donetsk e Lugansk em troca da retirada russa de pequenas partes de Zaporizhia e Kherson.Os ucranianos veem um grande valor estratégico na porção de Donetsk e Lugansk que ainda controlam — acreditam que abdicar deste território tornaria o resto da Ucrânia muito mais vulnerável às ofensivas russas, acrescentou uma das fontes, que argumentou que abdicar do oeste de Donetsk e Lugansk equivaleria a um ato de "suicídio".
Segundo a Reuters, as fontes afirmaram que o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, estava entre os que mais instaram os ucranianos a concordar com a proposta de "troca" de território.
Questionado, em entrevista à Fox News realizada na quinta-feira, sobre se Putin estaria aberto a acabar com a guerra "sem tomar posse significativa de propriedades da Ucrânia", Trump respondeu: "Bem, ele vai tomar alguma coisa.
"Eles lutaram e ele tem muitas propriedades. Ele conquistou certas propriedades", disse Trump. "Somos a única nação que entra, ganha uma guerra e depois vai embora".
A entrevista foi transmitida no domingo, mas foi realizada antes de Trump falar com Putin na quinta-feira e se encontrar com Zelensky na sexta-feira.
Deslocação de Putin a Budapeste “não é agradável”
A representante da União Europeia para as Relações Externas e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou esta segunda-feira que "não é agradável" que o presidente russo, Vladimir Putin, possa viajar para a Hungria, país-membro da UE, para conversações sobre a Ucrânia.
Kallas disse aos jornalistas antes de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros europeus no Luxemburgo que os esforços de Trump para trazer a paz são bem-vindos, mas que também é importante que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se encontre com o líder russo.
"Os Estados Unidos têm muita força para pressionar a Rússia a vir à mesa das negociações; se usarem isso, é claro que será bom se a Rússia parar esta guerra", acrescentou Kallas.
Putin enfrenta um mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional, do qual a Hungria está em processo de saída.
"O único lugar para Putin na Europa é em Haia, em frente ao tribunal, não em nenhuma das nossas capitais", disse antes da reunião dos ministros.Kaja Kallas revelou ainda aos jornalistas que esperava que o 19.º pacote de sanções contra a Rússia fosse adotado esta semana, mas afirmou que a aprovação não chegaria na segunda-feira.
O presidente ucraniano quer marcar presença no eventual encontro entre Putin e Trump. Zelensky insiste que a Ucrânia não pode ficar de fora de eventuais negociações.
"Falámos sobre isso. Irão discutir isso com Putin. Ele queria saber a minha opinião. Na minha opinião, se queremos realmente uma paz duradoura, precisamos de ter os dois lados desta tragédia. Sim, ele é um ocupador, mas a Ucrânia sofre e luta", afirmou o presidente ucraniano em entrevista à NBC, gravada na sexta-feira e transmitida no domingo. "Como pode haver alguns acordos sobre nós, sem nós?", questionou Zelensky.
c/ agências