Última Hora
Marques Mendes divulga lista de 22 clientes. Candidato desafia adversários a revelarem eventuais "conflitos de interesses"

COP27 arranca com o planeta à beira de um "precipício climático"

Tem início este domingo a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP27), que decorre no Egito. Pela primeira vez, realiza-se num contexto de crise climática sem precedentes e com o planeta à beira de um "precipício climático".

RTP /
São esperados mais de 35 mil participantes, de cerca de 200 países, nesta cimeira EPA

Inundações, incêndios destruidores, ondas de calor agressivas, secas extremas, extinção de espécies, degelo, crise de alimentos, aumento dos refugiados climáticos – são realidades cada vez mais presentes no planeta de hoje e alguns dos tópicos que estarão em cima da mesa na COP27.

Nunca este encontro anual ao mais alto nível, com governantes e associações de todo o mundo, se realizou num contexto de crise climática tão alarmante.

As emissões de gases poluentes continuam a subir, os fenómenos extremos a aumentar e as previsões pintam um quadro negro e sombrio quanto ao futuro da Terra e de todos os que nela habitam.
O mundo já aqueceu até 1,2 ºC e a Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que, até ao final do século, o planeta pode mesmo aquecer até 2,8ºC – quase o dobro do estipulado no Acordo de Paris, assinado em 2015 por cerca de 200 países.

Certos especialistas consideram que ainda é possível manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC, mas será muito difícil e exigirá muitos esforços. A UNESCO também alerta que 460 glaciares vão desaparecer em três décadas, o que pode alterar o curso de rios, aumentar do nível do mar, criar avalanchas e tsunamis.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o planeta está a caminho de "atingir pontos sem retorno que tornarão o caos climático irreversível e o aumento catastrófico da temperatura definitivo".

“Temos de passar de pontos sem retorno para pontos de viragem para a esperança”, apelou Guterres, que pediu mais ambição nesta cimeira do clima “para evitar conduzir o nosso planeta ao precipício climático”.

Guterres salientou que o resultado mais importante da COP27 é alcançar “uma vontade política clara de reduzir as emissões mais rapidamente”. Para tal é preciso um acordo climático histórico entre os países ricos e os que estão em desenvolvimento. “Se esse acordo não acontecer, estaremos condenados”, alertou.

Para além da mitigação dos efeitos das alterações climáticas, a COP27 vai discutir ainda o financiamento e compensações aos países menos desenvolvidos, que estão a ser os mais afetados pelo impacto destes fenómenos.

Um relatório divulgado esta semana revelou que o financiamento internacional atual para os países em desenvolvimento está entre cinco a dez vezes abaixo do necessário. Guterres alertou que é necessário um aumento dramático no financiamento para a adaptação climática de forma a salvar milhões de vidas da “carnificina climática”.

A COP27, que tem lugar em Sharm el-Sheik, decorre até dia 18. São esperados mais de 35 mil participantes, de cerca de 200 países, nesta conferência que é realizada anualmente desde o primeiro acordo climático da ONU, alcançado em 1992.
PUB