Diretor da CIA. Militares russos posicionados para "varrer" a Ucrânia

por RTP
Imagens satélite das tendas militares em Yelnya, a 260 quilómetros da fronteira ucraniana Reuters

Os militares russos que atualmente estão junto à fronteira com a Ucrânia "podem agir de uma forma muito abrangente", acredita o diretor da CIA. Apesar de os serviços de informações não terem qualquer certeza de que a Rússia vai invadir a Ucrânia, William Burns diz que a predisposição para o risco do presidente Putin não deve ser negligenciada.

Eu nunca subestimaria o apetite pelo risco do presidente Putin no que respeita à Ucrânia”, disse William Burns, num encontro organizado pelo The Wall Street Journal.

“Não sabemos se Putin decidiu usar a força”, admitiu o diretor da CIA, “mas o que sabemos é que ele está a colocar os militares russos e os serviços de segurança russos num lugar a partir do qual poderiam agir de uma forma muito abrangente”.

Esta declaração contradiz aparentemente o próprio serviço que chefia e que na semana passada levou o Washington Post a escrever que a Rússia está a preparar uma operação militar contra a Ucrânia, com cerca de 175 mil militares, uma ação que poderá ser levada a cabo no início de 2022.

Os serviços secretos norte-americanos foram os primeiros a dar o alerta para os avanços e concentração de milhares de soldados russos na fronteira com a Ucrânia. Americanos e ucranianos dizem ser cerca de 90 mil as tropas enviadas pelo Kremlin, o que faz com que Kiev e os aliados ocidentais temam uma invasão.

A situação na Ucrânia foi o principal tema da “conversa virtual” desta tarde entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente americano, Joe Biden.

No entanto, ainda antes do encontro já o Kremlin dizia que ”não havia necessidade de esperar quaisquer avanços ”.

“É uma conversa de trabalho num período muito difícil”, comentou o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov.

Para William Burns, a conversa entre Putin e Biden é antes uma oportunidade para abordar “os custos do uso da força”.
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