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EUA alertam para planos de ataque "em grande escala" da Rússia contra a Ucrânia

por Andreia Martins - RTP
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na reunião da Aliança Atlântica em Riga, que decorreu na quarta-feira. Toms Kalnins - EPA

O secretário de Estado norte-americano garante que a NATO está "preparada para impor custos severos" contra Moscovo caso haja tentativa de invasão contra Kiev. Antony Blinken reforçou os avisos na véspera de uma reunião com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, em Estocolmo.

Após uma reunião com ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO em Riga, na Letónia, o secretário de Estado norte-americano garante que a Aliança Atlântica está “preparada para impor custos severos contra novas agressões russas na Ucrânia” e que as defesas da NATO serão reforçadas “no flanco oriental”.

Antony Blinken sublinha que ainda não há sinais claros de uma decisão de invasão, mas que o Presidente russo Vladimir Putin se está a preparar para esse cenário: “Ele está a criar capacidade para o fazer no curto prazo, caso decida avançar. Por isso, apesar da incerteza sobre as intenções e o timing, devemos preparar-nos para todas as contingências, enquanto trabalhamos para que a Rússia reverta a sua trajetória”, alerta.

Sem garantir uma intervenção militar ou outro tipo de ação concreta numa eventual resposta a Moscovo, Washington assegura que permanece “inabalável no apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia”.

“Se a Rússia seguir o caminho do confronto, deixamos claro que responderemos com determinação, inclusive com uma série de medidas económicas de grande impacto que evitámos adotar no passado”, afirmou Blinken.

Perante “evidências de que a Rússia está a planear movimentações agressivas significativas contra a Ucrânia”, o chefe da diplomacia norte-americana adiantou que os Estados Unidos anunciariam as consequências "no momento apropriado”.

Já esta quinta-feira, o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, anunciou ter debatido com Antony Blinken, mas também com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, a imposição de sanções económicas para dissuadir Moscovo de uma futura agressão contra Kiev.
Conflito latente
As advertências do Ocidente sobem de tom na véspera de uma reunião entre Antony Blinken e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, em Estocolmo, marcada para esta quinta-feira. É um encontro à margem de uma cimeira da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

De acordo com o Governo ucraniano, a Rússia mobilizou recentemente cerca de 90 mil a 100 mil soldados para a fronteira, sendo que as forças russas realizaram dois grandes exercícios militares na região, em abril e em setembro.

Nas duas ocasiões, os militares deixaram para trás equipamento em quantidades substanciais. Várias imagens de satélite mostram uma grande concentração de veículos militares nas zonas fronteiriças.

Já durante o mês de novembro, o secretário-geral da NATO tinha alertado para a possibilidade de uma “ação agressiva” por parte da Rússia na fronteira com a Ucrânia.

“Vemos uma concentração militar pouco habitual na fronteira e sabemos que a Rússia está disposta a usar este tipo de capacidades militares para desencadear ações agressivas contra a Ucrânia”, afirmou Jens Stoltenberg.

As movimentações russas junto à fronteira com a Ucrânia voltaram a despertar os receios de um reacender do conflito na região. Em 2014, a Rússia anexou unilateralmente o território ucraniano da Crimeia e, nos meses seguintes, tropas separatistas apoiadas pela Rússia assumiram o controlo de parte do território leste do país. Ainda que latente, o conflito nesta região nunca cessou por completo.

O próprio secretário de Estado norte-americano sugeriu, há apenas algumas semanas, que Moscovo tem procurado agir nos bastidores da crise migratória das últimas semanas na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia.

“As ações do regime de Lukashenko ameaçam a segurança, semeiam a divisão e visam desviar as atenções das atividades da Rússia na fronteira com a Ucrânia”, afirmou na altura o chefe da diplomacia norte-americana, através de um porta-voz.
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