"Era pré-guerra". Presidente polaco avisa que Europa deve preparar-se para uma guerra iminente

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Marcin Obara - EPA

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, alertou, esta sexta-feira, que a Europa entrou numa "era pré-guerra" após a invasão da Ucrânia pela Rússia e que o continente não está preparado. Tusk apela, por isso, aos países europeus que intensifiquem o investimento na Defesa.

“Não quero assustar ninguém, mas a guerra já não é um conceito do passado. É real e começou há mais de dois anos”, alertou Donald Tusk numa entrevista a um grupo de jornais europeus.

“Sei que parece devastador, especialmente para a geração mais jovem, mas temos de nos habituar ao facto de que uma nova era começou: a era pré-guerra. Não estou a exagerar, está a ficar mais óbvio a cada dia”, insistiu.


O primeiro-ministro polaco diz mesmo que a Europa está a viver “o momento mais crítico desde o fim da Segunda Guerra Mundial” e afirma que “o mais preocupante neste momento é que literalmente qualquer cenário é possível”.

Os avisos de Tusk surgem cinco dias depois de um míssil russo ter violado o espaço aéreo da Polónia durante uma vaga de ataques russos contra o território ucraniano. A entrada de um dos mísseis no espaço aéreo da Polónia levou o país a decretar o estado de alerta.

Desde então, Tusk intensificou os alertas e apelou aos líderes europeus para que reforcem o investimento na Defesa, afirmando que se a Ucrânia for derrotada pela Rússia, ninguém na Europa poderá sentir-se seguro.


Independentemente do resultado das eleições presidenciais norte-americanas deste ano, o primeiro-ministro polaco argumenta que a Europa seria um aliado mais atraente para os EUA se se tornasse mais auto-suficiente militarmente.

Não se trata de a Europa alcançar a autonomia militar dos EUA ou de criar "estruturas paralelas à NATO", explicou Tusk, afirmando que todos os países europeus deveriam gastar pelo menos 2% do PIB na Defesa.

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, as relações com o Ocidente atingiram o ponto mais baixo desde a Guerra Fria e a NATO tem estado em alerta para um eventual conflito a larga escala.

No entanto, o presidente russo tem rejeitado qualquer intenção de atacar um país da NATO. A ideia foi reiterada na quarta-feira, com Vladmir Putin a classificar como “absurdo” e um “completo disparate” a ideia de que a Rússia se prepara para atacar a Europa.

Putin considera que o objetivo do Ocidente é apenas intimidar para conseguir mais dinheiro.
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