Após as notícias de uma fuga dos dados de mais de 50 milhões de pessoas no Facebook, a plataforma digital está debaixo de fogo. Com Mark Zuckerberg sob os holofotes pela perda de definições de privacidade, já há utilizadores a processarem a rede social. Ao mesmo tempo, a multinacional promete novas ferramentas para proteger a privacidade dos utilizadores.
Os utilizadores alegam que a rede social violou as definições de privacidade ao recolher dados sobre as chamadas telefónicas e mensagens de textos que realizaram. Os processos já deram entrada num tribunal federal do Estado da Califórnia.
O Facebook tem sido um dos temas mais escrutinados pelo público desde que foi noticiado que a empresa Cambridge Analytica usou os dados de mais de 50 milhões de utilizadores da plataforma para influenciar a eleição de Donald Trump e a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit.
A rede social admitiu que nos últimos três anos começou a recolher a fazer o upload do conteúdo das chamadas telefónicas e mensagens de texto dos telefones do sistema operativo android (pertencente à Google), esclarecendo que apenas foram afetados aqueles que deram autorização.
O Facebook declarou-se escandalizado e afirmou sentir-se enganado pela utilização indevida de dados. Mark Zuckerberg já concordou em dar o seu testemunho ao Congresso americano. As ações da rede social têm descido exponencialmente nos últimos dias e os procuradores de Nova Iorque e do Massachussetts já revelaram que vão investigar o caso.
Novas ferramentas
Numa posição frágil depois das notícias que envolveram a Cambridge Analytica, o Facebook está prestes a criar novas ferramentas para ajudar os utilizadores da rede social a ter mais privacidade, declarando que é preciso fazer mais para informar quem usa o Facebook.
"Os acontecimentos da semana passada mostraram que ainda há muito a fazer para o Facebook aplicar as suas políticas e ajudar as pessoas a perceberem como funciona, assim como as opções de escolha ao seu dispor relativamente aos seus dados", anunciou a rede social em comunicado.
O Facebook "percebeu claramente que as definições de privacidade e outras ferramentas importantes são difíceis de encontrar e que tem de fazer mais para manter os utilizadores informados" e que nas próximas semanas vão ser lançadas novas ferramentas que vão permitir aos utilizadores terem mais controlos sobre as suas contas.
A rede social garantiu que as novas ferramentas já estão a ser trabalhadas há algum tempo e que têm como objetivo serem encontradas mais facilmente e que possam dar ao utilizador a escolha de encontrar, descarregar e apagar dados. Com as notícias dos últimos dias, o Facebook declarou que as novas mudanças são urgentes.
"A política de dados será também atualizada para que seja mais fácil perceber que dados são recolhidos e como são utilizados. Estas atualizações visam uma maior transparência - não a obtenção de novos direitos de recolha, uso e partilha de dados".
As novidades no Facebook foram trabalhadas em conjunto com legisladores, reguladores e especialistas em privacidade.
Zuckerberg no Congresso
No centro de uma polémica à escala mundial, Mark Zuckerberg aceitou o convite para falar numa audiência do Congresso norte-americano, já depois de ter declinado o pedido de deputados britânicos, que consideraram “espantoso” o número um do Facebook enviar apenas executivos em vez de confirmar a sua presença.
Nos Estados Unidos, Zuckerberg também convidado a aparecer em audições sobre a fuga de dados do Facebook que foram utilizados pela empresa Cambridge Analytica, e encontra-se sob grande pressão pelas notícias que vieram a público.
Ainda não há dia confirmado para a presença de Zuckerberg no Capitólio. Entretanto, o presidente do Parlamento britânico, que está a tentar apurar a influência de notícias falsas no sistema democrático do Reino Unido, mostra-se também desiludido pela recusa do CEO do Facebook.
c/ Lusa