Furacão Maria faz um morto em Guadalupe e arrasa Saintes

por RTP
Barcos presos no porto à aproximação do furacão maria de Guadaloupe em 18 de setembro de 2017 Andres Martinez Casares - Reuters

Nas últimas horas, a tempestade de ventos até 260 quilómetros hora provocou estragos "pouco importantes" na Martinica, onde destruiu as comunicações. Atingiu contudo Guadalupe, onde fez pelo menos um morto e dois desaparecidos e deixou cerca de 80 mil casas sem eletricidade.

O Maria deverá atingir nas próximas horas as ilhas independentes de Saint-Kitts e as britânicas Saint Kitts e Nevis e Montserrat. As Ilhas Virgens e Porto Rico estão igualmente em alerta, de acordo com o Centro de Furacões dos Estados Unidos, NHC. O Furacão Maria tem oscilado entre os graus 4 e 5 (os dois mais graves na escala de Saffir-Simpson), de acordo com o NHC, que o classifica como "potencialmente catastrófico".

Na rota do furacão Maria, que avança a cerca de 15 quilómetros por hora numa direção oeste-nordeste, está também a região sul de Saint-Barthémy e de Saint-Martin, as ilhas franco-holandesas fortemente atingidas há duas semanas pelo poderoso furacão Irma, que fez 15 mortos em Saint-Martin.

Devido à "fragilidade do habitat" e aos "destroços que restam" do Irma, as autoridades francesas decretaram a partir das 16h00 GMT (17h00 em Portugal) o alerta violeta, o mais grave, que se refere a condições atmosféricas extremas e que obriga a população a abrigar-se.
O pior furacão em 85 anos
Já o governador das Ilhas Virgens norte-americanas, Kenneth Mapp, avisou que a tempestade irá passar a 16 quilómetros da ilha de St. Croix, que escapou ao pior do Irma a 6 de setembro. Na ilha residem todo o ano cerca de 55 mil pessoas, cerca de metade da população total do território. Maria será o pior furacão a atingir St. Croix desde o Hugo, uma tempestade de categoria 4 em 1989.

Mapp alertou para chuvas torrenciais e afirmou que a maioria da população irá ficar sem eletricidade durante semanas e "algumas pessoas não terão energia durante meses". Será imposto o recolher obrigatório a partir das 10h00 locais.

O governador sugeriu ainda aos habitantes para se refugiarem "na banheira", cobrindo-se com um colchão, se a casa onde estiverem perder o telhado.

O Maria deverá atingir igualmente o território norte-americano de Porto Rico, de cerca de 3,4 milhões de habitantes e que há duas semanas foi atingida de raspão pelo Irma. Se mantiver a força atual, será o furacão mais potente a atingir a ilha em 85 anos, desde uma tempestade categoria 4 em 1932, afirmou o porta-voz do HNC, Dennis Feltgen.

O governador de Porto Rico, Ricardo Rossello, deixou na rede Twitter um apelo aos residentes para se prepararem para a chegada do Maria. "É tempo de procurar refugio junto de família e amigos ou dirigir-se a um centro de acolhimento".

Os residentes estão a comprar placas de madeira, água e mantimentos. Um rasto de destruição
Nas últimas horas o furacão atravessou o pequeno arquipélago de Saintes, a sul de Guadalupe, com um "impacto sem dúvida importante", referiu o diretor-geral da Segurança Civil francesa, Jacques Witkowski.

Já o autarca de Terre-de-Haut, no arquipélago, disse aos microfones da Radio Caraíbas que a situação é "catastrófica".

"Tudo treme à minha volta", descreveu por seu lado a uma televisão o ex-ministro francês do Ultramar Victorin Lurel, a partir de Vieus-Habitants, na ilha de Basse-Terra em Guadalupe. Lurel falou em "chuvas torrenciais, um vento que não cessa" e "relâmpagos por todo o lado".

Após a tempestade, Guadalupe baixou o nível de alerta para cinzento, de forma a "permitir ao socorro e as forças da ordem cumprir a sua missão", referiram os serviços meteorológicos franceses, advertindo contudo que as condições atmosféricas se mantêm muito más, pelo que a população deve permanecer abrigada.

A atual ministra francesa do Ultramar, Annick Girardin, que se encontra na Guiana francesa, anunciou que ira viajar para Guadalupe nas próximas horas, afirmando que "as preocupações" se centram naquela ilha e em Saintes.

Dominica, uma pequena ilha montanhosa de 72 mil habitantes no leste das Caraíbas, foi atingida durante a noite e madrugada depois de o furacão passar a grau 5 com ventos superiores a 250 quilómetros por hora. O Maria levou os telhados de quase todas as casas, destruiu as comunicações e espalhou destruição.

A ilha "perdeu tudo o que podia perder", declarou o primeiro ministro Roosevelt Skerrit no Facebook. "O meu objetivo agora é socorrer os encurralados e garantir o auxílio médico aos feridos", afirmou.
pub