Memorando de general norte-americano prevê guerra com a China em 2025

por RTP
"Espero estar enganado, mas o meu instinto diz-me que vamos entrar em guerra em 2025" Aviador de 1ª classe Isaac Olivera - Força Aérea Estados Unidos via Wikimedia Commons

Mike Minihan, à frente do Comando de Mobilidade Aérea da Força Aérea dos Estados Unidos, apela num memorando aos oficiais norte-americanos para que estes encarem desde já o cenário de uma guerra com a China, a partir de 2025. O general norte-americano de quatro estrelas invoca "o instinto".

No memorando, remetido na passada sexta-feira às chefias do Comando de Mobilidade Aérea e a outros comandantes operacionais da Força Aérea, Minihan, antigo chefe-adjunto do Comando norte-americano do Indo-Pacífico, escreve que "o instinto" o leva a crer que a guerra com a China "é iminente". O que implica a prontidão da máquina militar dos Estados Unidos.

O general sustenta que o primeiro objetivo do Pentágno deve passar pela dissuasão. Adiante, "se necessário", os norte-americanos teriam de "derrotar" a China.

"Espero estar enganado, mas o meu instinto diz-me que vamos entrar em guerra em 2025", escreve a alta patente.

Ainda segundo Mike Minihan, Pequim vai redobrar a atenção às eleições presidenciais em Taiwan, previstas para janeiro de 2024. Isto porque este processo pode dar azo a nova escalada militar regional.O regime chinês vê Taiwan como parte do seu território e tem multiplicado as ameaças de recurso à força para reaver o controlo da ilha.

Em outubro do ano passado, Xi Jinping garantiu um inédito terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista Chinês.

"As eleições presidenciais em Taiwan, que decorrem em 2024, oferecem a Xi uma razão para avançar", escreve Mike Minihan, para insistir na ideia de que "a equipa, o motivo e a oportunidade de Xi estão todos alinhados para 2025".

O general, à cabeça de perto de 50 mil operacionais e meio milhar de aviões de guerra, define como meta a formação de uma "Equipa de Manobra da Força Conjunta fortificada, pronta, integrada e ágil" - preparada para "combater e vencer dentro da primeira cadeia insular".

O general ordenou mesmo a todo o pessoal que atualize registos e contactos de emergência e "considerem os assuntos pessoais".

Os Estados Unidos são o principal fornecedor de armas a Taiwan e, em caso de guerra, seriam o principal aliado da ilha.

Em agosto, a deslocação a Taipé da então speaker da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deu lugar a sonoros protestos do Governo chinês, que, em resposta, desencadeou manobras militares sem precedentes em torno da ilha.
Pentágono demarca-se
Em declarações à publicação norte-americana Air & Space Forces Magazine, durante o fim de semana, fonte do Pentágono quis afiançar que os comentários de Minihan "não são representantivos da visão do Departamento [de Defesa dos Estados Unidos] sobre a China".

"A Estratégia de Defesa Nacional torna claro que a China é o desafio em crescendo para o Departamento de Defesa e o nosso foco continua a ser o trabalho com os aliados e parceiros para preservar um Indo-Pacífico em paz, livre e aberto", reagiu o brigadeiro-general da Força Aérea Patrick S. Ryder, porta-voz do Pentágono.

c/ agências

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