Taiwan a contar com pressão reforçada e global da China de Xi

por Carlos Santos Neves - RTP
Um helicóptero militar CH-47 transporta uma bandeira de Taiwan sobre Taipé durante os ensaios para as celebrações do Dia Nacional - celebrado a 10 de outubro Ann Wang - Reuters

No rescaldo do 20.º Congresso do Partido Comunista chinês, do qual Xi Jinping saiu com liderança blindada, Taipé veio esta quarta-feira antever uma pressão acrescida por parte de Pequim, tendo em vista a concretização do desígnio de uma só China. O ministro taiwanês dos Negócios Estrangeiros espera sucessivas investidas diplomáticas chinesas junto das 14 capitais que conservam relações com a ilha.

“É concebível que a nossa situação diplomática se ensombre”, estimou o ministro Joseph Wu perante o Parlamento de Taiwan.

Depois de o presidente Xi Jinping ter averbado um terceiro mandato à frente dos destinos da China, continuou Wu, os responsáveis deste país quererão “demonstrar a sua lealdade” àquele que se catapultou, na prática, para a condição de líder mais influente desde os dias de Mao Tsé-tung.

“Temos informações a alertar-nos”, frisou o ministro taiwanês dos Negócios Estrangeiros. "Esperamos que as nossas relações diplomáticas não sejam influenciadas pela China”, acrescentou.

“Todas as nossas embaixadas e missões mantêm-se em regime de alta vigilância”, diria adiante Joseph Wu, que prometeu a adoção de “medidas para consolidar as relações diplomáticas”.
“Nunca prometeremos abdicar do uso da força”

Logo na abertura do último Congresso do PCC, que terminou no passado domingo, Xi Jinping sustentou que a China sempre “respeitou, cuidou e beneficiou” o povo de Taiwan e permanece empenhada em promover trocas comerciais e culturais no estreito.

“Resolver a questão de Taiwan é um problema do povo chinês e cabe ao povo chinês decidir. Insistimos em tentar alcançar a perspetiva de uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e os melhores esforços, mas nunca prometeremos abdicar do uso da força e reservar a opção de tomar todas as medidas necessárias”, clamou a 16 de outubro o presidente chinês.A tensão entre Taiwan e a China atingiu um patamar histórico em agosto, quando Pequim ordenou amplas manobras militares em resposta a uma visita da speaker da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taipé.

Questionado por um deputado ao Parlamento de Taipé sobre um eventual acelerar de planos para uma invasão militar chinesa, Joseph Wu reconheceu que a ameaça “recrudesceu rapidamente” nos últimos anos.

“Que a China decida que é no próximo ano, no ano seguinte, em 2025, em 2027, em 2030, ou não importa quando, ou que considere que as condições são ideais para atacar Taiwan, o mais importante para nós é estarmos bem preparados para a defesa”, completou o governante.

c/ agências
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