Impeachment. Trump quer ser julgado "imediatamente" no Senado

por Joana Raposo Santos - RTP
Donald Trump é acusado de ter exercido pressão sobre o homólogo ucraniano para que este investigasse a família Biden Foto: Joshua Roberts - Reuters

Um dia depois de a Câmara dos Representantes ter aprovado duas acusações contra Donald Trump, o Presidente norte-americano pede que o julgamento no Senado - ao qual cabe a decisão final sobre o impeachment - aconteça "imediatamente".

“Depois de os democratas não terem respeitado os meus direitos legais na Câmara dos Representantes, nem advogados, nem testemunhas, nada, agora querem dizer ao Senado como conduzir o seu julgamento”, argumentou Donald Trump no Twitter esta sexta-feira.

Para que o processo de destituição possa avançar, a Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, deve transmitir ao Senado os artigos de acusação contra Donald Trump.

No entanto, a presidente dessa câmara, Nancy Pelosi, tem-se recusado a fazê-lo até que as regras do julgamento que se segue sejam aceitáveis para os democratas, que acreditam que o Senado, de maioria republicana, está a recusar testemunhas e não realizará um julgamento justo.

“Na realidade, eles têm zero provas, nem sequer vão aparecer [no julgamento]. Eles querem sair. Eu quero um julgamento imediato!”, pediu o Presidente, relembrando, noutro tweet, que os democratas não conseguiram “um único votos dos republicanos nesta fraude que é o impeachment”.


“Os republicanos nunca estiveram tão unidos! O caso dos democratas é tão mau que eles nem sequer querem ir a julgamento!”.

O líder dos EUA acusa ainda os democratas de não quererem que o “corrupto” Adam Schiff, presidente do Comité de Inteligência, a família Biden e o denunciante anónimo que tornou pública a suspeita sobre Trump testemunhem sob juramento.
“Permanecemos num impasse”
Os democratas querem que pelo menos quatro atuais e antigos funcionários da Casa Branca com conhecimento do assunto sobre a Ucrânia testemunhem e têm tentado que Mitch McConnell, o líder republicano do Senado que ditará as regras do julgamento, revele quem irá falar, mas este recusa-se a fornecer essas informações.

“Permanecemos num impasse”, disse McConnell depois de uma reunião com o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer. “Não percebo que vantagem retiram de não nos enviarem algo que nem queremos”.

A maioria republicana leva a crer que as hipóteses de destituição de Donald Trump são baixas. Seria necessária uma maioria de dois terços de votos favoráveis no Senado para que se tornasse no primeiro Presidente dos Estados Unidos a ser demitido.

Donald Trump é acusado de ter exercido pressão sobre o homólogo ucraniano para que este investigasse Joe Biden, um dos principais rivais do Presidente norte-americano nas eleições de 2020, e o seu filho, Hunter Biden, por acreditar que estes estão envolvidos em casos de corrupção na Ucrânia e na China.

Depois de ter sido considerado culpado pelos democratas dos crimes de abuso de poder e obstrução aos trabalhos do Congresso, Trump tornou-se o terceiro Presidente da história dos EUA a passar à fase seguinte do processo para ser destituído, depois de Andrew Johnson, em 1868 e de Bill Clinton, em 1998, ambos absolvidos no Senado.
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