Reportagem

Incerteza na Venezuela após ato de força anunciado por Guaidó

O líder da oposição ao regime venezuelano tentou na terça-feira arregimentar o poder militar do país e pediu adesão popular nas ruas, mas não houve grandes progressos e Nicolás Maduro terá mantido o controlo das Forças Armadas Bolivarianas. O Presidente da Venezuela acusa Juan Guaidó de ter perpetrado uma tentativa de golpe de Estado. Entretanto, uma das principais figuras da oposição, Leopoldo López, que estava em prisão domiciliária, refugiou-se na Embaixada espanhola em Caracas.

RTP /
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22h04 - Guaidó pode ter agido por desespero

De acordo com o comentador da RTP, Filipe Pathé Duarte, o autoproclamado presidente interino da Venezuela encetou uma operação de mudança de poder no país como um ato de desespero antes de eventualmente ser preso.

Pathé Duarte acredita que Guaidó também pode ter recebido dos americanos informação que dava como certa a mudança de apoio das cúpulas militares na Venezuela.



22h00 - Embaixada da Venezuela em Washington foi ocupada

Um grupo a favor de Nicolás Maduro tomou a embaixada venezuelana em Washington. A tensão na Venezuela provocou protestos nas ruas da capital americana, como constatou o correspondente da RTP em Washington, João Ricardo de Vasconcelos.



21h58 - Maduro diz que golpe falhou

Nicolás Maduro disse que a tentativa de golpe falhou e que as forças armadas continuam leais ao Governo. Milhares de pessoas saíram às ruas para apoiar o presidente venezuelano.



21h55 - Juan Guaidó quer mais gente nas ruas

Os Estados Unidos admitiram intervir na Venezuela. O autoproclamado Presidente Interino, Juan Guaidó, apelou aos venezuelanos para se manterem nas ruas até ao derrube de Nicolás Maduro.



21h51 - Guaidó pede greve aos trabalhadores

Numa publicação nas redes sociais, o autoproclamado presidente interino da Venezuela pediu uma paralisação geral em todo o país.


18h31 - Pompeo pede fim da interferência russa na Venezuela

O secretário de estado dos Estados Unidos exigiu à Rússia que termine qualquer tipo de envolvimento que tenha na Venezuela.

Numa chamada para Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Mike Pompeo disse que o envolvimento russo e cubano na Venezuela desestabiliza o país e pode colocar em causa a relação entre Washington e Moscovo.

18h25 - Guaidó fala aos manifestantes

Juan Guaidó dirigiu-se aos manifestantes e prometeu continuar a lutar pela liberdade dos presos políticos, tal como aconteceu com Leopoldo López.

“O fim da usurpação está muito, muito próximo. Está já ali à esquina, desde que nos mantenhamos nas ruas”, sublinhou o autoproclamado presidente interino.

“Vêm aí dias duros de ataque, de perseguição e de caça às bruxas dentro das Forças Armadas”, alertou Guaidó.

18h06 - Nações Unidas preocupadas com uso da força

O gabinete de direitos humanos das Nações Unidas veio a público dizer que está "extremamente preocupado" com o relato de uso excessivo da força na Venezuela.

"À luz dos inúmeros protestos marcados para hoje [quarta-feira], pedimos a todos os lados para mostrar o máximo de contenção e às autoridades para respeitar o direito a manifestações".

"Também alertamos contra o uso de linguagem que incite à violência", pode ler-se num comunicado das Nações Unidas.

17h53 - Lavrov deixa aviso a Mike Pompeo

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros avisou por telefone o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, para o país norte-americano não interferir na política interna da Venezuela e que uma ação agressiva na região pode ter "consequências graves".

A informação é revelada pela agência Reuters.

17h02 - Gás lacrimogéneo para dispersar

A Guarda Nacional Bolivariana lançou granadas de gás lacrimogéneo contra pelo menos duas manifestações da oposição em Caracas, nas quais participam milhares de pessoas.


Segundo a agência de notícias Efe, no local, a polícia lançou as granadas contra os manifestantes numa zona perto da base militar onde houve uma tentativa de levantamento.

Alguns dos manifestantes responderam com “cocktails molotov” e pedras.

As agressões aconteceram quando a manifestação convocada pelo líder da oposição, Juan Guaidó, não tinha ainda formalmente começado.

Antes, centenas de pessoas que se juntaram a oeste de Caracas foram dispersadas com granadas de gás lacrimogéneo lançadas pela GNB, embora os manifestantes se tivessem reagrupado, voltando a juntar-se à marcha convocada por Guaidó.

16h41 - Ruas de Caracas enchem-se de manifestantes

Muitos manifestantes pró-Guaidó já se encontram nas ruas da capital para fazerem parte das manifestações que estão marcadas, seguindo os apelos do autoproclamado presidente interino da Venezuela.

Nicolás Maduro também mobilizou os seus apoiantes a saírem à rua para festejaram o dia do Trabalhador. "Hoje a classe trabalhadora venezuelana mobiliza-se em todo o país para celebrar o seu dia e festejar os seus feitos, com uma grande marcha que dirá não ao golpismo e à ingerência "yankee".



14h46 - Próximas horas vão ser decisivas na Venezuela

Bernardo Pires de Lima, comentador da RTP para assuntos internacionais, faz a leitura do momento atual na Venezuela e considera que o cenário de tomada de poder por Juan Guaidó não se consolidou.

O especialista refere que, para que houvesse uma alteração de forças no país, teriam de se verificar deserções significativas nas patentes médias e altas das Forças Armadas, algo que ainda não se verificou.

A oposição também não conseguiu o controlo dos pontos estratégicos do país, pelo que deverá haver uma "consolidação do status quo", a avaliar pelo cenário atual.

Bernardo Pires de Lima salienta que as próximas 48 horas vão ser decisivas, sobretudo o dia de hoje, uma vez que estão marcadas várias manifestações.

14h33 - Luso-venezuelanos acompanham desenvolvimentos com ansiedade

Parte da comunidade luso-venezuelana que vive em Portugal está em Estarreja, onde acompanha com apreensão e nervosismo os últimos desenvolvimentos políticos em Caracas.

Há mesmo quem tenha deixado a família ou amigos na Venezuela e procura obter informações através de todos os meios possíveis.

13h47 - EUA não descartam ação militar na Venezuela

Em declarações à Fox, o secretário de Estado norte-americano não descartou a hipótese de uma intervenção militar na Venezuela caso seja necessário.

No entanto, Mike Pompeo refere que Washington prefere uma "transição pacífica".

12h25 - Guaidó apela à mobilização no Twitter

O autoproclamado presidente interino da Venezuela publicou no Twitter os "pontos de concentração" para os protestos desta quarta-feira, na cidade de Caracas. "Prosseguimos com mais força que nunca", escreveu Juan Guaidó.


11h30 - MNE português pede resposta não-violenta às manifestações

Augusto Santos Silva recorda que estão marcadas várias manifestações para esta quarta-feira.

"Renovo o apelo do Governo português e da União Europeia no sentido de que, os detentores dos meios repressivos do Estado, se abstenham de exercer violência de qualquer espécie, designadamente contra pessoas que apenas exercem o seu direito ao protesto", frisou o MNE português.

"Usar de repressão só agravará a situação humanitária, social e económica. E, pelo contrário, a Venezuela precisa de um processo político que seja inclusivo", sublinhou Augusto Santos Silva.

O Governo português reconhece-se na posição da União Europeia sobre a situação atual na Venezuela, que refere que "a única solução para superar a crise política que se vive (...) não é o aprofundar da polarização, mas sim o diálogo e um processo que possa devolver aos venezuelanos o poder de decidir, o poder de eleger em eleições livres e justas".

"Os acontecimentos de ontem demonstram a necessidade de nós, europeus, e latino-americanos, prosseguirmos o trabalho no quadro do grupo de contacto internacional para a Venezuela", salientou ainda.

Há uma nova reunião deste grupo marcada para a próxima segunda-feira, que irá decorrer na Costa Rica. Portugal será representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.

10h37 - Não há portugueses entre os feridos

No final da visita à China, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou muito brevemente sobre a situação atual na Venezuela, referindo apenas que a situação da comunidade portuguesa na Venezuela "não suscita preocupações específicas" até ao momento.


Também a partir da China, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, refere que não há registo de portugueses entre os feridos na Venezuela.

"Em relação à situação da comunidade portuguesa, continuamos sem nenhuma notícia de que tenha havido portugueses entre as pessoas que, infelizmente, foram feridas durante as manifestações de ontem", sublinhou o representante da diplomacia portuguesa.

"Também no que diz respeito aos estabelecimentos geridos ou propriedade de portugueses, também não temos nenhuma notícia de que algum tenha sofrido danos", acrescentou.

10h03 - Portugueses estão bem

Não há registo de qualquer tipo de problemas com os cidadãos portugueses na Venezuela. A garantia é deixada por José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades.

José Luís Carneiro disse na terça-feira à noite que tem estado em contacto permanente com esta comunidade e com os cônsules honorários, que se dizem disponíveis para ajudar os portugueses que vivem neste território.

9h00 - Leopoldo López na Embaixada espanhola em Caracas

O Governo espanhol confirmou esta quarta-feira que o líder da oposição, Leopoldo López, está na Embaixada espanhola em Caracas, acompanhado pela mulher, Lilian Tintori, e pela filha.

Segundo o El Pais, López e a família estão refugiados na residência do embaixador espanhol, Jesús Silva Fernandez, depois de terem estado na Embaixada do Chile na terça-feira.


O  mesmo jornal espanhol destaca que a esta situação coloca desafios diplomáticos a Madrid, uma vez que mantém relações diplomáticas com Caracas, ainda que tenha reconhecido Juan Guaidó como presidente encarregado de levar a cabo novas eleições.
Braço de ferro entre Maduro e Guaidó

Na última madrugada, a guerra de palavras entre Nicolás Maduro e Juan Guaidó deixou ao descoberto o atual braço-de-ferro entre o regime e a oposição, depois de um dia de grande agitação e incerteza na Venezuela.

Se, por um lado, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, procurou culpar os opositores de conduzirem um “golpe” e desmentiu quaisquer intenções de abandonar o poder, o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, disse que o dia de terça-feira foi “histórico” e que o Chefe de Estado já não tem “o apoio nem o respeito” das Forças Armadas.



No entanto, e apesar dos confrontos registados entre militares na terça-feira e de Juan Guaidó ter aparecido num vídeo junto de militares na base militar La Carlota, Nicolás Maduro continuava a controlar os quartéis e bases militares do país ao final do dia, segundo foi reportado por várias agências noticiosas.

Quem escapou ao controlo de Maduro foi Leopoldo López, uma das principais figuras da oposição ao chavismo, fundador do partido Vontade Popular, que estava em prisão domiciliária desde 2017, depois de ter sido condenado a quase 14 anos de prisão em 2014.

López foi libertado ontem pelos militares que se colocaram ao lado de Guaidó e contra o regime. Houve ainda registo de 25 militares venezuelanos que pediram asilo ao Brasil.

Entretanto, com os protestos nas ruas e o apelo à mobilização popular, repetiram-se as cenas de violência que têm sido comuns na Venezuela ao longo dos últimos anos, com destaque para as imagens de um veículo blindado a atropelar vários populares desarmados.

Segundo a organização não-governamental Provea, registaram-se na terça-feira pelo menos um morto e 95 feridos.