Mundo
Guerra no Médio Oriente
Israel confirma identificação de dois reféns devolvidos pelo Hamas
O exército israelita anunciou esta quinta-feira que identificou os restos mortais dos reféns Inbar Hayman e Mohammad al-Atrash, devolvidos a Israel na noite anterior pelo Hamas.
"Após a conclusão do processo de identificação (...), os representantes das Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram as famílias de Inbar Hayman e do Sargento Mohammad al-Atrash que os seus corpos tinham sido repatriados para o funeral", lê-se em comunicado militar.
Inbar Hayman, uma grafiter de Haifa conhecida pelo pseudónimo "Pink", tinha 27 anos quando foi assassinada no festival Nova. Os seus restos mortais foram levados para Gaza, juntamente com os do Sargento Mohammad al-Atrash, um árabe-muçulmano (beduíno) de 39 anos morto em combate a 7 de outubro. Pai de 13 filhos, vivia na aldeia de Mulada, no deserto do Neguev. A sua família foi informada da sua morte em junho de 2024.
"Em nome de todos os serviços de defesa, expresso as minhas condolências às famílias de Inbar Heyman e do Sargento Mohammad al-Atrash", escreveu o ministro israelita da Defesa, Israel Katz, na rede social X.
"Inbar foi raptada no Festival Nova e assassinada por assassinos do Hamas a 7 de outubro, e Mohammad caiu em combate depois de defender os soldados da divisão com supremo heroísmo", acrescentou Katz.
"O Governo israelita partilha a profunda dor das famílias Hayman e al-Atrash, bem como de todas as famílias dos reféns mortos", afirmou o gabinete do primeiro-ministro israelita, em comunicado.Para Benjamin Netanyahu, "a organização terrorista Hamas deve honrar os seus compromissos com os mediadores e devolver (todos os reféns mortos) como parte da implementação do acordo. Não faremos concessões".
O ministro israelita da Defesa afirmou na noite de quarta-feira que o seu país retomaria os combates na Faixa de Gaza se o Hamas não respeitasse o acordo de cessar-fogo, argumentando que não tinha devolvido todos os restos mortais dos reféns.
"Se o Hamas se recusar a respeitar o acordo, Israel, em coordenação com os Estados Unidos, retomará os combates e agirá para derrotar completamente" o movimento, declarou gabinete do Ministério da Defesa em comunicado.
Procurando manter a pressão sobre o Hamas, Trump revelou que considera permitir que as forças israelitas retomassem os combates em Gaza caso o grupo não cumprisse a sua parte do acordo de cessar-fogo que intermediou.
"Israel regressará àquelas ruas assim que eu der a ordem. Se Israel pudesse entrar e acabar com eles, eles fariam isso", afirmou Trump à CNN num breve telefonema, quando questionado sobre o que aconteceria se o Hamas se recusasse a desarmar.
Após a ameaça de Katz, conselheiros dos EUA informaram os meios de comunicação social na noite de quarta-feira que o Hamas pretendia manter a sua promessa de devolver os corpos dos reféns mortos.
Hamas pede apoio especializado
O Hamas anunciou que os restos mortais de todos os reféns israelitas mortos que conseguir alcançar serão devolvidos e que vai precisar de equipamento especializado para recuperar o resto das ruínas de Gaza, no meio de ameaças de Israel de retomar os combates caso os termos do cessar-fogo não sejam cumpridos.Mais dois corpos foram entregues na noite de quarta-feira, depois de o Hamas já ter devolvido os restos mortais de sete dos 28 reféns mortos conhecidos – juntamente com um oitavo corpo que, segundo Israel, não era de um ex-refém.
Logo de seguida, as Brigadas Ezzedine Al-Qassam afirmaram num comunicado nas redes sociais que o grupo tinha "cumprido o seu compromisso com o acordo, entregando todos os prisioneiros israelitas vivos sob a sua custódia, bem como os cadáveres a que teve acesso. Quanto aos restantes cadáveres, são necessários esforços extensivos e equipamento especial para a sua recuperação e extração”.
Conselheiros da Casa Branca afirmaram à CNN que “recuperar os corpos de Gaza é difícil porque o enclave foi pulverizado", acrescentando que "houve muita deceção e indignação quando apenas quatro corpos foram devolvidos, e eles poderiam simplesmente ter dito: 'Sabem, estamos a avançar...'”
Os EUA e outros mediadores estão a analisar um programa de recompensas a quem ajude a localizar os corpos dos reféns mortos. A Turquia, um dos principais mediadores do acordo, estava em negociações para fornecer especialistas em recuperação de corpos a Gaza, acrescentou um dos conselheiros.
O acordo exige também que Israel devolva os corpos de 360 palestinianos. No entanto, muitos dos 90 corpos devolvidos pelas autoridades israelitas apresentavam sinais de tortura e execução, incluindo vendas nos olhos, mãos algemadas e ferimentos de bala na cabeça, segundo relatos de médicos palestinianos.
"Quase todos eles estavam vendados, amarrados e com tiros entre os olhos. Quase todos foram executados", afirmou Ahmed al-Farra, chefe do departamento de pediatria do hospital Nasser em Khan Younis.
A disputa sobre a devolução dos corpos tem ainda o potencial de perturbar o acordo de cessar-fogo, juntamente com outras questões importantes que ainda precisam de ser resolvidas. Ajuda humanitária aguarda para entrar em Gaza
As agências humanitárias afirmam que milhares de toneladas de ajuda humanitária, incluindo alimentos e material médico, foram carregadas em camiões que aguardam no Egito ou armazenadas noutras partes da região. É o único ponto fronteiriço que liga Gaza ao mundo sem passar por Israel.Israel bloqueou repetidamente a entrada de ajuda em Gaza durante o conflito, o que gerou acusações de que usou a fome como arma de guerra. Foi declarado um estado de fome em partes do território em agosto.
Os responsáveis humanitários na Cidade de Gaza disseram na quarta-feira que a assistência era desesperadamente necessária, com centenas de milhares de pessoas sem água potável, alimentos e outros bens essenciais, e muitas outras a sofrer muito.
A agência de assistência militar israelita, COGAT, avançou esta quinta-feira que estão em curso preparativos com o Egito para a abertura da principal passagem fronteiriça de Rafah com Gaza à circulação de pessoas, com data a anunciar posteriormente. Israel tinha avisado anteriormente que poderia manter Rafah fechada e reduzir a ajuda ao enclave palestiniano, uma vez que o Hamas, segundo a agência, estava a devolver os corpos dos reféns mortos muito lentamente, sublinhando os riscos para um cessar-fogo que interrompeu dois anos de guerra devastadora e resultou na libertação de todos os reféns vivos detidos pelo Hamas.
O COGAT, o braço militar israelita que supervisiona o fluxo de ajuda para a Faixa de Gaza, afirmou que a ajuda humanitária continuou a entrar no território através da passagem de Kerem Shalom com Israel e noutras passagens.
"É importante realçar que a ajuda humanitária não passará pela passagem de Rafah. Isso nunca foi acordado em momento algum", acrescentou o COGAT em comunicado enviado à Reuters.
Duas fontes afirmaram à Reuters na quarta-feira que a passagem de Rafah deveria ser aberta ao público na quinta-feira.
Mais de 15 mil doentes aguardam retirada de Gaza
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 15.600 doentes de Gaza aguardam a retirada, entre os quais 3.800 crianças. Muitos sofrem de ferimentos sofridos durante o conflito. Outros têm condições crónicas como cancro e doenças cardíacas, com as quais o sistema de saúde dizimado não consegue lidar.
As autoridades israelitas disseram que a passagem de Rafah, anteriormente utilizada para a saída de doentes via Egito, seria reaberta para transferências.
Duas fontes revelaram à Reuters que as pessoas podem começar a atravessar a fronteira esta quinta-feira. No entanto, o COGAT, o braço militar israelita que supervisiona estes fluxos para Gaza, disse na quarta-feira que a data de reabertura para as pessoas será anunciada mais tarde.
Durante o conflito, mais de sete mil doentes foram retirados de Gaza, tendo o Egito assumido mais de metade deles.
A taxa de transferências diminuiu, no entanto, quando Rafah fechou em maio de 2024 e Israel assumiu o controlo. Desde que um cessar-fogo anterior colapsou em março, menos de quatro doentes saíram diariamente, o que significa que seriam necessários mais de 10 anos para completar a lista, mostram os dados da OMS.
Já morreram centenas à espera, afirmam grupos médicos e autoridades de saúde palestinianas. A OMS, que assumiu a gestão do processo no ano passado, informou que 740 pessoas, incluindo 137 crianças na lista, morreram desde julho de 2024.
Uma delas era uma menina chamada Jana Ayad, que morreu de desnutrição aguda grave em setembro, noticiou a OMS à Reuters, afirmando que nenhum país a aceitou.
O coordenador do projeto Médicos Sem Fronteiras, Hani Isleem, disse que 19 dos seus pacientes na lista de transferência morreram durante a guerra, incluindo 12 crianças.
Inbar Hayman, uma grafiter de Haifa conhecida pelo pseudónimo "Pink", tinha 27 anos quando foi assassinada no festival Nova. Os seus restos mortais foram levados para Gaza, juntamente com os do Sargento Mohammad al-Atrash, um árabe-muçulmano (beduíno) de 39 anos morto em combate a 7 de outubro. Pai de 13 filhos, vivia na aldeia de Mulada, no deserto do Neguev. A sua família foi informada da sua morte em junho de 2024.
"Em nome de todos os serviços de defesa, expresso as minhas condolências às famílias de Inbar Heyman e do Sargento Mohammad al-Atrash", escreveu o ministro israelita da Defesa, Israel Katz, na rede social X.
בשם מערכת הביטחון כולה אני שולח את תנחומיי למשפחותיהם של ענבר הימן ורס"ם מחמד אלאטרש, ששבו ארצה לקבורה על אדמת ישראל.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) October 16, 2025
ענבר נחטפה ממסיבת הנובה ונרצחה על ידי מרצחי חמאס ב-7 באוקטובר, ומחמד נפל בקרב לאחר שהגן בגבורה עילאית על חיילי וחיילות האוגדה.
איברהים וסאלם, אביו ואחיו של… pic.twitter.com/YTXYPaH4fK
"Inbar foi raptada no Festival Nova e assassinada por assassinos do Hamas a 7 de outubro, e Mohammad caiu em combate depois de defender os soldados da divisão com supremo heroísmo", acrescentou Katz.
"O Governo israelita partilha a profunda dor das famílias Hayman e al-Atrash, bem como de todas as famílias dos reféns mortos", afirmou o gabinete do primeiro-ministro israelita, em comunicado.Para Benjamin Netanyahu, "a organização terrorista Hamas deve honrar os seus compromissos com os mediadores e devolver (todos os reféns mortos) como parte da implementação do acordo. Não faremos concessões".
O ministro israelita da Defesa afirmou na noite de quarta-feira que o seu país retomaria os combates na Faixa de Gaza se o Hamas não respeitasse o acordo de cessar-fogo, argumentando que não tinha devolvido todos os restos mortais dos reféns.
"Se o Hamas se recusar a respeitar o acordo, Israel, em coordenação com os Estados Unidos, retomará os combates e agirá para derrotar completamente" o movimento, declarou gabinete do Ministério da Defesa em comunicado.
Procurando manter a pressão sobre o Hamas, Trump revelou que considera permitir que as forças israelitas retomassem os combates em Gaza caso o grupo não cumprisse a sua parte do acordo de cessar-fogo que intermediou.
"Israel regressará àquelas ruas assim que eu der a ordem. Se Israel pudesse entrar e acabar com eles, eles fariam isso", afirmou Trump à CNN num breve telefonema, quando questionado sobre o que aconteceria se o Hamas se recusasse a desarmar.
Após a ameaça de Katz, conselheiros dos EUA informaram os meios de comunicação social na noite de quarta-feira que o Hamas pretendia manter a sua promessa de devolver os corpos dos reféns mortos.
Hamas pede apoio especializado
O Hamas anunciou que os restos mortais de todos os reféns israelitas mortos que conseguir alcançar serão devolvidos e que vai precisar de equipamento especializado para recuperar o resto das ruínas de Gaza, no meio de ameaças de Israel de retomar os combates caso os termos do cessar-fogo não sejam cumpridos.Mais dois corpos foram entregues na noite de quarta-feira, depois de o Hamas já ter devolvido os restos mortais de sete dos 28 reféns mortos conhecidos – juntamente com um oitavo corpo que, segundo Israel, não era de um ex-refém.
Logo de seguida, as Brigadas Ezzedine Al-Qassam afirmaram num comunicado nas redes sociais que o grupo tinha "cumprido o seu compromisso com o acordo, entregando todos os prisioneiros israelitas vivos sob a sua custódia, bem como os cadáveres a que teve acesso. Quanto aos restantes cadáveres, são necessários esforços extensivos e equipamento especial para a sua recuperação e extração”.
Conselheiros da Casa Branca afirmaram à CNN que “recuperar os corpos de Gaza é difícil porque o enclave foi pulverizado", acrescentando que "houve muita deceção e indignação quando apenas quatro corpos foram devolvidos, e eles poderiam simplesmente ter dito: 'Sabem, estamos a avançar...'”
Os EUA e outros mediadores estão a analisar um programa de recompensas a quem ajude a localizar os corpos dos reféns mortos. A Turquia, um dos principais mediadores do acordo, estava em negociações para fornecer especialistas em recuperação de corpos a Gaza, acrescentou um dos conselheiros.
O acordo exige também que Israel devolva os corpos de 360 palestinianos. No entanto, muitos dos 90 corpos devolvidos pelas autoridades israelitas apresentavam sinais de tortura e execução, incluindo vendas nos olhos, mãos algemadas e ferimentos de bala na cabeça, segundo relatos de médicos palestinianos.
"Quase todos eles estavam vendados, amarrados e com tiros entre os olhos. Quase todos foram executados", afirmou Ahmed al-Farra, chefe do departamento de pediatria do hospital Nasser em Khan Younis.
A disputa sobre a devolução dos corpos tem ainda o potencial de perturbar o acordo de cessar-fogo, juntamente com outras questões importantes que ainda precisam de ser resolvidas. Ajuda humanitária aguarda para entrar em Gaza
As agências humanitárias afirmam que milhares de toneladas de ajuda humanitária, incluindo alimentos e material médico, foram carregadas em camiões que aguardam no Egito ou armazenadas noutras partes da região. É o único ponto fronteiriço que liga Gaza ao mundo sem passar por Israel.Israel bloqueou repetidamente a entrada de ajuda em Gaza durante o conflito, o que gerou acusações de que usou a fome como arma de guerra. Foi declarado um estado de fome em partes do território em agosto.
Os responsáveis humanitários na Cidade de Gaza disseram na quarta-feira que a assistência era desesperadamente necessária, com centenas de milhares de pessoas sem água potável, alimentos e outros bens essenciais, e muitas outras a sofrer muito.
A agência de assistência militar israelita, COGAT, avançou esta quinta-feira que estão em curso preparativos com o Egito para a abertura da principal passagem fronteiriça de Rafah com Gaza à circulação de pessoas, com data a anunciar posteriormente. Israel tinha avisado anteriormente que poderia manter Rafah fechada e reduzir a ajuda ao enclave palestiniano, uma vez que o Hamas, segundo a agência, estava a devolver os corpos dos reféns mortos muito lentamente, sublinhando os riscos para um cessar-fogo que interrompeu dois anos de guerra devastadora e resultou na libertação de todos os reféns vivos detidos pelo Hamas.
O COGAT, o braço militar israelita que supervisiona o fluxo de ajuda para a Faixa de Gaza, afirmou que a ajuda humanitária continuou a entrar no território através da passagem de Kerem Shalom com Israel e noutras passagens.
"É importante realçar que a ajuda humanitária não passará pela passagem de Rafah. Isso nunca foi acordado em momento algum", acrescentou o COGAT em comunicado enviado à Reuters.
Duas fontes afirmaram à Reuters na quarta-feira que a passagem de Rafah deveria ser aberta ao público na quinta-feira.
Mais de 15 mil doentes aguardam retirada de Gaza
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 15.600 doentes de Gaza aguardam a retirada, entre os quais 3.800 crianças. Muitos sofrem de ferimentos sofridos durante o conflito. Outros têm condições crónicas como cancro e doenças cardíacas, com as quais o sistema de saúde dizimado não consegue lidar.
As autoridades israelitas disseram que a passagem de Rafah, anteriormente utilizada para a saída de doentes via Egito, seria reaberta para transferências.
Duas fontes revelaram à Reuters que as pessoas podem começar a atravessar a fronteira esta quinta-feira. No entanto, o COGAT, o braço militar israelita que supervisiona estes fluxos para Gaza, disse na quarta-feira que a data de reabertura para as pessoas será anunciada mais tarde.
Durante o conflito, mais de sete mil doentes foram retirados de Gaza, tendo o Egito assumido mais de metade deles.
A taxa de transferências diminuiu, no entanto, quando Rafah fechou em maio de 2024 e Israel assumiu o controlo. Desde que um cessar-fogo anterior colapsou em março, menos de quatro doentes saíram diariamente, o que significa que seriam necessários mais de 10 anos para completar a lista, mostram os dados da OMS.
Já morreram centenas à espera, afirmam grupos médicos e autoridades de saúde palestinianas. A OMS, que assumiu a gestão do processo no ano passado, informou que 740 pessoas, incluindo 137 crianças na lista, morreram desde julho de 2024.
Uma delas era uma menina chamada Jana Ayad, que morreu de desnutrição aguda grave em setembro, noticiou a OMS à Reuters, afirmando que nenhum país a aceitou.
O coordenador do projeto Médicos Sem Fronteiras, Hani Isleem, disse que 19 dos seus pacientes na lista de transferência morreram durante a guerra, incluindo 12 crianças.
"Ver os registos médicos destes doentes, estar em contacto direto com estas crianças e depois saber que as perdeu por causa de todos estes desafios e dificuldades, é realmente doloroso", sublinhou.
c/ agências