Após a recente omnipresença na cena internacional, o presidente francês Emmanuel Macron marcou o regresso à política nacional esta terça-feira à noite com um discurso em que pretendeu durante duas horas "responder às preocupações dos franceses". No programa "Os desafios de França", transmitido pelo canal TF1, Macron explicou que o "momento que vivemos é de um despertar geopolítico" e que "o desafio dos desafios é permanecer livre". As guerras na Ucrânia e em Gaza e as tarifas de Donald Trump dominaram a intervenção.
Após a recente omnipresença na cena internacional, o presidente francês Emmanuel Macron marcou o regresso à política nacional esta terça-feira à noite com um discurso em que pretendeu durante duas horas "responder às preocupações dos franceses". No programa "Os desafios de França", transmitido pelo canal TF1, Macron explicou que o "momento que vivemos é de um despertar geopolítico" e que "o desafio dos desafios é permanecer livre". As guerras na Ucrânia e em Gaza e as tarifas de Donald Trump dominaram a intervenção.
O chefe de Estado francês foi o convidado do programa especial "Os desafios da França", transmitido esta noite pela TF1, num formato inédito em que se prestou a responder não apenas às perguntas dos jornalistas, como de personalidades da sociedade civil francesa. No contexto internacional, Macron falou do conflito na Ucrânia, de defesa nacional e europeia e das tarifas dos EUA.
Numa altura em que o conflito pode chegar a um ponto de viragem já esta semana, com negociações entre Kiev e Moscovo previstas para quinta-feira em Istambul, na Turquia, Macron reiterou a necessidade de "ajudar a Ucrânia sem desencadear um terceiro conflito nacional" e pronunciou-se sobre os vários cenários em cima da mesa. "Não tenho informações sobre a vinda do presidente russo à Turquia. Como sempre, aguardamos a resposta da Rússia", afirma Macron.
Caso Kiev e Moscovo cheguem a um acordo de paz, Macron afirma que "a
primeira garantia de segurança é um exército ucraniano sólido" para dissuadir o Kremlin de voltar a atacar novamente, defendendo a necessidade de
continuar a "formar, equipar e a acompanhar" o exército ucraniano para garantir a paz. Além disso, "como a Ucrânia não vai entrar na NATO", Macron propõe "forças de resseguro longe da linha da frente, em operações conjunta"
.
Sobre a possibilidade da Rússia rejeitar uma proposta de cessar-fogo, o presidente francês garante que serão aplicadas "sanções massivas" contra
Moscovo sem adiantar detalhes. Sob o silêncio do presidente russo, Vladimir Putin, Macron declara que "se confirmar o não respeito" do cessar-fogo de trinta dias proposto por Kiev e os seus aliados, será necessário avançar com sanções "nos próximos dias, em estreita colaboração com os EUA". «O objetivo é obter um cessar-fogo em terra, no ar e no mar para discutir a questão dos territórios e das garantias de segurança», explica Macron.
"A guerra deve cessar e a Ucrânia deve estar na melhor situação possível para entrar nas negociações", para tratar das questões territoriais, afirmou Emmanuel Macron. "E até os próprios ucranianos têm a lucidez de dizer que não terão capacidade para recuperar tudo o que foi tomado desde 2014" pela Rússia.
Ainda sobre a Ucrânia, Macron defende que os ativos russos congelados não sejam utilizados agora: "No momento da resolução do conflito, será necessário utilizar os ativos
russos congelados para participar na reconstrução da Ucrânia".
"O momento que vivemos é de um despertar geopolítico"
Sobre as relações com os Estados Unidos, o presidente francês afirmou que "sabemos que os interesses americanos serão cada vez menos na Europa. Sabemos disso há cerca de quinze anos. É America First e é a obsessão chinesa". Macron assegura que "precisamos dos EUA para a defesa na Europa, mas seria irresponsável não nos organizarmos para sermos mais independentes daqui a cinco ou dez anos".
A propósito das tarifas aduaneiras implementados por Donald Trump, Macron considerou que o presidente norte-americano é prejudicial para a economia dos EUA e que a UE vai "lutar com a administração americana pra voltar à situação anterior".
"Donald Trump está a prejudicar o crescimento americano. Estamos a resistir melhor do que alguns vizinhos, mas a Europa tem um problema económico: está a atravessar uma crise industrial. Esta é agravada pela concorrência desleal dos países do Sudeste Asiático e, agora, pelas decisões de Washington", afirma.
"Não podemos fingir que nada está a acontecer"
Sobre a guerra na Faixa de Gaza, Macron afirmou que o "que o Governo de Benjamin Netanyahu está a fazer hoje (em Gaza) é inaceitável». "É uma vergonha", acrescentou, defendendo que o trabalho do primeiro-ministro israelita era "fazer tudo o que fosse possível para impedir" uma tragédia humanitária".
"Não há água, não há medicamentos, não consegue retirar os feridos", condenou, recordando que foi "um dos únicos dirigentes políticos a ir à fronteira" entre o Egito e Gaza e que a visita "foi uma das piores coisas que alguma vez viu".
Questionado sobre se se tratava de um genocídio em Gaza, Macron disse que "não cabe a um responsável político, a um presidente da República usar esse tipo de termos, caberá aos historiadores dizê-lo no momento oportuno”.
Ainda sobre eventuais sanções contra Israel, o presidente francês explicou que a questão da revisão dos "acordos de cooperação" entre a União Europeia e Telavive está "em aberto".
Ainda sobre eventuais sanções contra Israel, o presidente francês explicou que a questão da revisão dos "acordos de cooperação" entre a União Europeia e Telavive está "em aberto".