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Maio, mês de temperaturas "invulgarmente elevadas"

por Cristina Sambado - RTP
Alain Pitton - NurPhoto via AFP

No mês de maio o calor manteve-se como norma em todo o mundo, tanto em terra como no mar, com muitas zonas a registarem temperaturas “invulgarmente elevadas”, como acontece há mais de dois anos, revelou o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S).

Os novos dados do Copernicus mostram que maio de 2025 foi o segundo maio mais quente a nível mundial, com uma temperatura média do ar à superfície de 15,79ºC, 0,53ºC acima da média de maio de 1991-2020. O mês foi 1,4ºC superior à média estimada para 1850-1900, utilizada para definir o nível pré-industrial. Este facto interrompe um período de 21 meses em 22 em que a temperatura média global esteve mais de 1,5ºC acima do nível pré-industrial.

"O mês de maio de 2025 quebra uma sequência sem precedentes de meses com mais de 1,5ºC acima do nível pré-industrial. Embora isso possa oferecer uma breve pausa para o planeta, esperamos que o limite de 1,5ºC seja excedido novamente em um futuro próximo devido ao aquecimento contínuo do sistema climático”, afirmou Carlo Buontempo, diretor do C3S do Copernicus.

Segundo o perito, “21 dos 22 meses tinham anteriormente excedido este limiar simbólico, que marca o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris”.
1,5ºC é o objetivo climático acordado no Acordo de Paris de 2015.


"Isto pode oferecer uma breve pausa ao planeta, mas é de esperar que o limiar de 1,5ºC volte a ser ultrapassado num futuro próximo devido ao aquecimento contínuo do sistema climático", sublinhou Carlo Buontempo.

Vários países europeus foram atingidos por condições de seca nos últimos meses, temendo-se uma escassez de água, a menos que chova significativamente este verão, e começando a registar-se quebras de colheitas por parte dos agricultores.

O Copernicus observa que a primavera foi muito desigual na Europa em termos de precipitação. "Algumas partes da Europa registaram os níveis mais baixos de precipitação e humidade do solo desde, pelo menos, 1979", observam os peritos.A primavera bateu vários recordes climáticos no Reino Unido e uma seca sem precedentes desde há décadas atingiu também a Dinamarca e os Países Baixos durante várias semanas, fazendo temer os rendimentos agrícolas e as reservas de água.

O tempo seco tem persistido em muitas partes do mundo. Em maio de 2025, grande parte da Europa Central e Setentrional, bem como as regiões meridionais da Rússia, Ucrânia e Turquia, estavam mais secas do que a média. Partes do noroeste da Europa registaram os níveis mais baixos de precipitação e de humidade do solo desde, pelo menos, 1979.

Em maio de 2025, o tempo esteve mais seco do que a média em grande parte da América do Norte, no Corno de África e em toda a Ásia Central, bem como no sul da Austrália e em grande parte da África Austral e da América do Sul.
O mesmo se aplica aos oceanos
O mês de maio também registou temperaturas à superfície do mar anormalmente elevadas no Atlântico Nordeste, atingindo as mais altas alguma vez registadas, segundo o Copernicus.

O mesmo se aplica aos oceanos: com uma temperatura à superfície de 20,79ºC, o mês foi também o segundo mais quente da história recente, a seguir a maio de 2024. Mas estas temperaturas mantiveram-se “invulgarmente elevadas” em muitos mares e bacias oceânicas, segundo o Copernicus.

"Grandes áreas do nordeste do Atlântico Norte, que têm registado ondas de calor marinhas, registaram temperaturas de superfície recorde para o mês. A maior parte do Mar Mediterrâneo esteve muito mais quente do que a média", observaram os peritos.A saúde dos oceanos está no centro da terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC), atualmente a decorrer em Nice.

Os episódios de canícula marinha podem provocar migrações e mortalidade em massa de espécies, degradar os ecossistemas e também reduzir a capacidade de mistura das camadas oceânicas entre o fundo e a superfície, dificultando a distribuição de nutrientes.

Os oceanos, que cobrem 70 por cento da superfície da Terra, também atuam como um importante regulador do clima da Terra. As águas mais quentes dão origem a furacões e tempestades mais violentos, com a consequente destruição e inundações.

c/ agências
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