Reunidos na sede da organização, em Bruxelas, os 17 países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte, incluindo Portugal, adotaram esta sexta-feira a sua primeira Estratégia para a Inteligência Artificial e criaram um Fundo de Inovação para garantir que a Aliança não perde o comboio das tecnologias de ponta.
Além da antecipação do uso da IA por parte de adversários, a estratégia cobre ainda “formas de estabelecer cooperação digna de confiança com a comunidade de inovação na inteligência artificial”.
A IA é uma das sete áreas tecnológicas consideradas prioritárias pelos membros da NATO. As restantes são as tecnologias possibilitadas pela física quântica, os dados e a informática, a autonomia, a biotecnologia e os melhoramentos humanos, as tecnologias hipersónicas e o Espaço.
A IA é tida como a mais abrangente e disseminada de todas, sobretudo quando combinada com outras como dados em grande escala, autonomia ou biotecnologia. Para responder à complexidade dos desafios, os ministros de Defesa da NATO aprovaram igualmente esta sexta-feira as primeiras normas sobre a exploração de informação.
A Estratégia para a IA é apenas a primeira, prevendo-se que cada área prioritária venha a ter a sua própria estratégia, com ênfase dada à ética na sua utilização, tal como foi estabelecido para a inteligência artificial.
Mil milhões para a Inovação
A Organização estabeleceu ainda o seu primeiro Fundo de Inovação, que irá “garantir que não ficamos para trás nas tecnologias mais recentes e capacidade que serão vitais para a nossa segurança”, como anunciou Stoltenberg. Na cerimónia de assinatura de criação do fundo, realizada à margem da reunião, estiveram presentes Portugal, a Bélgica, a República Checa, a Espanha, a Estónia, a Alemanha, a Grécia, a Hungria, a Itália, a Letónia, a Lituânia, o Luxemburgo, a Holanda, a Polónia, a Roménia, a Eslováquia, a Eslovénia e o Reino Unido.
O orçamento previsto deste fundo supera os mil milhões de euros, a aplicar na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias de ponta, emergentes e de defesa, em projetos de dupla utilização (civil e militar).
Juntamente com o Acelerador de Inovação de Defesa para o Atlântico Norte (DIANA), este fundo de inovação apoiará o "desenvolvimento de uma comunidade transatlântica de inovação".
"Como parte do DIANA, os parceiros estão comprometidos em fornecer uma rede de centros de teste de tecnologia e locais de aceleração em toda a Aliança, para melhor aproveitar a inovação civil para nossa segurança e fortalecer o vínculo tecnológico entre a Europa e a América do Norte", disse Stoltenberg, em conferência de imprensa, no final da reunião ministerial.
A ideia de lançar este fundo e o projeto DIANA surgiram na última cimeira de líderes aliados em Bruxelas, em junho passado.
Desde então, vários países aliados ofereceram-se para acolher as sedes ou centros de teste que criarão uma rede entre a Europa e a América do Norte.
Recados à UE
A NATO espera que ambas as iniciativas estejam plenamente em vigor até à próxima cimeira dos aliados, que terá lugar em junho de 2022, em Madrid.
"Precisamos de ter a certeza de que os aliados podem operar as diferentes tecnologias sem problemas", explicou o secretário-geral.
No segundo e último dia do encontro, os ministros NATO reuniram-se igualmente com os parceiros Finlândia, Suécia e União Europeia.
Stoltenberg deixou recados, especialmente à UE. “A cooperação NATO-UE já atingiu níveis sem precedentes", afirmou, lembrando como exemplos a cooperação no ciberespaço e a missão marítima no Mar Egeu.
Sem deixar de acolher os recém formulados planos da União Europeia na renovação das suas capacidades defensivas próprias, o secretário-geral da NATO lembrou que a UE necessita de investir em tecnologias e capacidades de ponta e não em novas estruturas defensivas, uma vez que “a nossa aliança transatlântica permanece o alicerce da segurança e a Europa e a América do Norte irão continuar fortemente unidas na NATO”.
Com Lusa