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"Novo triângulo de poder". Rússia, China e Irão iniciam exercícios navais conjuntos
Vão ser quatro dias de manobras no Golfo de Omã e no Oceano Índico. "A mensagem destes exercícios é paz, amizade e segurança duradoura, através de cooperação e da unidade", disse o contra-almirante da flotilha iraniana, Gholamreza Tahani, na televisão estatal.
Oficialmente, os exercícios são uma forma de "reforçar a segurança em zonas de passagem de transporte comercial marítimo, através do treino de respostas táticas à pirataria e ao terrorismo marítimo, assim como a partilha de experiência", referiu o responsável iraniano pelas manobras.
O objetivo principal dos exercícios conjuntos é aliás demonstrar que "o Irão não pode ser isolado", reconheceu Tahani.
As manobras incluem o socorro a navios em chamas ou sob ataque de piratas, assim como exercícios de tiro, revelou ainda o contra-almirante. Pela primeira vez, os exercícios envolvem a Marinha do Irão e os Guardas da Revolução.
A televisão estatal iraniana mostrou imagens da chegada de "um navio de guerra russo" ao porto iraniano de Chabahar, e acrescentou que os navios chineses "vinham a caminho".
Irão, Rússia e China formam "um novo triângulo de poder marítimo", afirmou.
Aliado da Rússia na guerra da Síria, o Irão tem construído igualmente importantes laços com a China, a segunda maior potência económica mundial a seguir aos Estados Unidos.
Estes exercícios navais conjuntos vêm reforçar a aliança, que pode vir a revelar-se uma enorme pedra no sapato dos interesses hegemónicos norte-americanos e sunitas na região.
O Estreito de Ormuz é o palco ideal para o aviso que estes três países querem dar a Washington, sendo uma via naval sensível por onde passa um quinto do transporte de petróleo mundial, e que liga o Golfo de Omã ao Golfo Pérsico.
Tensão crescente
A área tem sido nos últimos meses um foco de tensão entre o regime dos ayatolahs e o seu principal opositor, os EUA.
Os meses de maio e de junho de 2019 ficaram mesmo marcados por ataques a navios de carga em águas internacionais, incluindo petroleiros sauditas, atribuídos por Washington a Teerão.
O Irão negou as acusações.
Em junho, um confronto militar entre os Estados Unidos e o Irão foi evitado à justa depois do abate de um drone norte-americano nos céus do Golfo, quando o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu reverter à última hora a ordem de bombardeamentos retaliatórios.
Em setembro, a tensão voltou a agravar-se, com os ataques de dia 14 contra instalações petrolíferas na Arábia Saudita.
O ataque foi reivindicado pelos rebeldes iemenitas Houthi, mas Washington voltou a apontar o dedo a Teerão, que apoia o movimento rebelde xiita do Iémen.
Os Estados Unidos anunciaram então a colocação de tropas suplementares no Golfo e formaram uma coligação marítima com os países sunitas da região e baseada no Bahrein, ostensivamente para proteger a navegação no Estreito de Ormuz.