ONU. Palestina vai tentar travar plano de Trump para o Médio Oriente

por RTP
O Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, vai expressar a sua oposição ao plano de paz de Trump Foto: Lucas Jackson - Reuters

O Presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas, irá expressar a sua oposição relativamente ao plano de paz de Donald Trump para o Médio Oriente esta terça-feira frente aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque.

A intenção da Palestina é apresentar aos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU uma proposta de resolução que submeteu através da Tunísia e da Indonésia, dois dos membros, proposta essa que irá opor-se ao plano do presidente norte-americano, numa tentativa de travar o seu avanço.

“A iniciativa [norte-americana] em relação ao conflito entre Israel e Palestina afasta-se dos parâmetros internacionais de referência para alcançar uma solução justa e duradoura para esse conflito”, refere a proposta palestiniana, de acordo com o Jerusalem Post.

“A anexação de qualquer parte do território ocupado da Palestina, incluindo Jerusalém, constitui uma violação do direito internacional”, continua a resolução, que aproveita para condenar “todos os atos de violência contra civis” e pede “a intensificação e aceleração dos esforços internacionais para iniciar negociações credíveis”.

Perante a apresentação desta proposta, vários dos membros do Conselho de Segurança da ONU deverão optar pela abstenção. Se forem menos de nove - o número mínimo exigido - os países a apoiar a resolução, a votação da mesma será cancelada.

“Vamos dar o nosso melhor para termos a resolução mais sólida possível e para recebermos o máximo apoio e garantirmos a votação favorável dessa resolução”, declarou Riyad Mansour, embaixador da Palestina na ONU. “Claro que gostaríamos de ver uma larga e forte oposição ao plano de Trump”.
Veto dos Estados Unidos
Mesmo que a resolução receba o apoio de 14 membros do Conselho de Segurança, o presidente palestiniano poderá não conseguir travar o plano. Sendo os Estados Unidos um dos cinco países com poder de veto neste Conselho da ONU, é quase garantido que o exerçam se for necessário para anular a resolução da Palestina.

Caso tal aconteça, não será a primeira vez que os Estados Unidos vetam uma resolução palestiniana. Em 2017, a região propôs condenar Washington por ter reconhecido unilateralmente Jerusalém como a capital de Israel, resolução que na altura obteve o apoio dos restantes 14 membros do Conselho mas que não pôde seguir em frente devido ao veto norte-americano.

Se a mais recente resolução palestiniana for vetada pelos Estados Unidos, nem tudo estará perdido, dado que a região poderá levar a proposta à próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, onde os 193 Estados-membros poderão apoiar mais uma vez a oposição da Palestina ao plano de Trump.

Com os 193 países a votar a proposta palestiniana, é expectável que os resultados se dividam e se verifique uma opinião internacional fraturada em torno do plano norte-americano.
Palestina “rejeita a paz”
Danny Danon, embaixador israelita nas Nações Unidas, e Kelly Creft, embaixador norte-americano, vão estar presentes no encontro do Conselho de Segurança desta terça-feira e têm estado a trabalhar em conjunto para fazer aprovar o plano norte-americano.

“Abbas tem de aprender que o seu discurso em Nova Iorque não vai resolver o conflito entre Jerusalém e Ramallah”, a atual capital provisória da Palestina, considerou Danny Danon.

“Estamos a trabalhar para ajudar a comunidade internacional a reconhecer a realidade”, acrescentou, de acordo com o Jerusalem Post. “Abbas é o único que rejeita a paz”.

Donald Trump apresentou, no final de janeiro, um plano para o Médio Oriente que implica uma solução de dois Estados, defendendo Jerusalém como “a capital indivisível de Israel”.

Ao contrário de Israel, a Palestina não fez parte das negociações que originaram este plano e rejeitou o acordo ainda antes de serem publicamente conhecidos os seus contornos.

A intenção de Trump é que a capital da Palestina seja Abu Dis, uma vila de Jerusalém, e garantiu que, caso esse cenário se concretize, os Estados Unidos lá instalarão uma Embaixada. O plano de paz pretende reconhecer a anexação de alguns colonatos israelitas com décadas de existência.

O presidente norte-americano enviou mesmo uma carta a Mahmoud Abbas na qual explicou que este plano levará ao congelamento da construção de colonatos israelitas na Palestina durante quatro anos, o que permitirá à região desenvolver as suas instituições e consolidar o Estado.

Poucos dias depois da apresentação do plano de Trump, os Estados Unidos solicitaram ao Conselho de Segurança da ONU uma reunião à porta fechada com Jared Kushner, conselheiro e genro do presidente norte-americano, para que este pudesse apresentar mais pormenorizadamente o plano da Casa Branca.
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