No dia em que quase 62 milhões de eleitores são chamados a definir a composição do Bundestag, o jornal de grande tiragem Bild am Sonntag publica um artigo em que o Presidente alemão acende um sinal amarelo. Com a estimativa de uma subida da direita nacionalista e populista a desenhar-se nas sondagens, Frank-Walter Steinmeier adverte que está em jogo “o futuro da democracia” e a própria Europa.
O texto de Frank-Walter Steinmeier encerra, em suma, uma mensagem: “Se não votarem, outros decidem”.
Num cenário de elevada abstenção, o sistema eleitoral misto da Alemanha – que combina as fórmulas maioritária e proporcional – pode servir de combustível a forças com menos expressão do que os partidos à cabeça da arquitetura político-partidária alemã, como a CDU de Angela Merkel e o SPD de Martin Schulz.
Recorde-se que no ano passado, em eleições regionais, os conservadores sofreram perdas precisamente para a AfD, que capitalizou a abertura de fronteiras a mais de um milhão de migrantes para alimentar a sua agenda xenófoba e eurocética.
Os números
Olhando às derradeiras sondagens publicadas antes desta jornada eleitoral, prevê-se que os conservadores da CDU-CSU vençam com um resultado entre os 34 e os 36 por cento, enquanto que os social-democratas do SPD deverão ficar-se por 21 a 22 por cento dos votos.A Alemanha é atualmente governada por uma “grande coligação” entre CDU e SPD.
Os partidos dos extremos, o Die Linke, à esquerda, e a AfD, à direita, poderão, por sua vez, somar os votos de um quarto do eleitorado.
As sondagens reservam mesmo à extrema-direita um score de 11 a 13 por cento, o que a colocaria em terceiro lugar, suplantando a esquerda radical, os liberais do FDP e os Verdes. Em 2013, a AfD não chegou à fasquia mínima cinco por cento.
A preocupação com o cenário de uma participação eleitoral desmaiada é, de resto, comum a Angela Merkel e a Martin Schulz.
Na sexta-feira, o número um do SPD referia-se aos militantes da AfD como “coveiros da democracia”. E já este domingo, depois de votar, manifestou-se confiante na capacidade do seu partido para ir ainda captar votos aos indecisos.
Todavia, ao que tudo indica, a Merkel só faltará, uma vez contados os sufrágios, definir com quem vai governar a Alemanha num histórico quarto mandato como chanceler.
Consulte aqui o dossier de contextualização das eleições na Alemanha.
c/ agências internacionais
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