Sinal de apaziguamento. EUA dão ordem de retirada a porta-aviões no Golfo

por RTP
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A Administração de Joe Biden retirou o porta-aviões USS Nimitz do Golfo Pérsico, uma atitude vista como um aliviar das tensões entre os EUA e o Irão, numa altura em que o presidente norte-americano procura voltar ao acordo nuclear com Teerão.

Depois de o porta-aviões USS Nimitz ter estado destacado no Golfo Pérsico durante mais de 240 dias, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ordenou ao vaso de guerra e aos seus cinco mil marinheiros e fuzileiros que regressassem a casa.

A ordem é vista como um aliviar das tensões entre Washington e Teerão, à medida que o novo presidente dos EUA procura reverter a política de Donald Trump e regressar a um acordo nuclear com o Irão.

Depois da retirada de Trump – em maio de 2018 – de um acordo nuclear alcançado três anos antes com o Irão, verificou-se uma escalada de sanções assinadas a partir da Casa Branca. O conflito entre os dois países subiu ainda mais de tom após a morte do general iraniano Qassem Soleimani, a 3 de janeiro de 2020. Cinco dias depois da morte de Soleimani, o Irão retaliou com um ataque às bases militares norte-americanas no Iraque, que fez dezenas de feridos e provocou lesões cerebrais a centenas de militares norte-americanos.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, explicou na terça-feira que, depois de Trump ter reforçado a presença militar dos EUA no Golfo, o Governo de Biden considerou que a manutenção do porta-aviões USS Nimitz não era necessária para garantir a segurança de Washington. Construído em 1968, o USS Nimitz é um dos maiores navios de guerra dos Estados Unidos.

O secretário da Defesa acredita que os EUA têm “uma presença robusta no Médio Oriente para responder” a qualquer ameaça.

Segundo Al Jazeera, Kirby recusou-se a discutir a avaliação atual do Pentágono sobre uma potencial ameaça iraniana às bases norte-americanas no Golfo Pérsico, mas afirmou: “Não tomamos decisões como esta de forma leviana”.

O porta-voz do Pentágono também não adiantou se o USS Nimitz seria substituído na região num futuro próximo, mas garantiu que estão “constantemente a observar a ameaça”. “Estamos constantemente a tentar enfrentar essa ameaça com os recursos adequados”, acrescentou Kirby.
“Ameaças recentes” por parte do Irão
O anúncio da retirada do porta-aviões acontece depois de os EUA terem dado um passo atrás relativamente a esta mesma decisão. No final de 2020, o USS Nimitz recebeu ordens do Ministério da Defesa para voltar “diretamente” aos EUA. Algumas horas depois, o porta-aviões recebeu novas ordens, para interromper a trajetória e permanecer na sua posição devido às “ameaças recentes” do Irão, numa altura em que se aproximava o aniversário da morte de Soleimani.

Em meados de janeiro, o Irão fez uma simulação com mísseis navais de curto alcance no Golfo de Omã e nos últimos meses também aumentou a sua atividade nuclear, tendo retomado a produção de urânio enriquecido acima do limite.

Para o novo secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, este pode ser um sinal de que o Irão está a desenvolver “material físsil” suficiente para uma bomba nuclear.


O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, rejeitou as acusações, garantindo que Teerão não está a desenvolver uma arma nuclear.
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