Surto de Covid-19 detetado no bloco da prisão onde está Julian Assange

por RTP
Julian Assange, de 49 anos, foi detido em abril do ano passado na embaixada do Equador. Henry Nicholls - Reuters

O bloco da prisão onde se encontra Julian Assange, cofundador do Wikileaks, está encerrado depois de lá ter sido detetado um surto de Covid-19. A companheira de Assange diz recear pela vida do parceiro, não só devido à pandemia mas também devido ao risco de homicídio e suicídio que enfrenta na cadeia.

Três prisioneiros testaram positivo ao novo coronavírus na Bloco 1 da prisão de Belmarsh, no sul de Londres, levando a que as autoridades prisionais e de saúde decidissem aumentar ainda mais as restrições no edifício.

A agência de relações públicas que representa Julian Assange divulgou um comunicado no qual o diretor da prisão de Belmarsh informa os reclusos de que existe um surto nas instalações e que todos os prisioneiros e funcionários serão testados à Covid-19, tendo depois de esperar entre 24 a 48 horas pelos resultados.

Dentro do bloco onde se encontra o cofundador do Wikileaks, todas as atividades foram suspensas, os duches foram proibidos e as refeições estão a ser entregues diretamente nas celas dos detidos.

“Introduzimos mais medidas de segurança depois de serem detetados vários casos positivos”, adiantou um porta-voz dos serviços prisionais aos meios de comunicação britânicos na quarta-feira.

Julian Assange, de 49 anos, foi detido em abril do ano passado na embaixada do Equador, onde estava asilado, estando atualmente a aguardar extradição para os Estados Unidos, onde enfrenta 18 acusações por ter divulgado documentos confidenciais em 2010.
Companheira de Assange faz apelo a legisladores britânicos
A companheira e mãe dos dois filhos de Assange, Stella Morris, diz temer pela vida do parceiro. “Estou extremamente preocupada com o Julian. Os médicos dele dizem que é vulnerável aos efeitos do vírus”, lamentou ao Guardian.

“Mas não se trata apenas da Covid-19. Cada dia que passa é um risco sério para o Julian. A prisão de Belmarsh possui um ambiente extremamente perigoso no qual homicídios e suicídios são comuns”.

“O Julian é um dos mais reconhecidos ativistas ainda vivos pela liberdade de imprensa e pela responsabilização do Governo. Os legisladores do Reino Unido devem mudar o seu rumo antes que provoquem a morte do Julian”, apelou Morris.

O número de casos de Covid-19 dentro de prisões britânicas aumentou significativamente no mês passado, com testes positivos em 45 estabelecimentos prisionais. Foram 1529 os reclusos infetados apenas no mês de outubro, mais 883 do que em setembro.

Na primavera as prisões do país foram colocadas sob um regime altamente restritivo, mas desde o final do verão as medidas têm vindo a ser levantadas. As visitas voltaram, na altura, a ser permitidas em todas as prisões do Reino Unido, mas este mês um segundo confinamento voltou a suspendê-las.
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