Debaixo de um apertado dispositivo de segurança, que incluiu a ordem para o abate de qualquer aeronave encarada como ameaça, o ultraconservador Jair Bolsonaro tomou posse esta terça-feira como Presidente do Brasil.
O Presidente e o vice-presidente são recebidos pelo Presidente cessante, Michel Temer, junto à entrada do Palácio do Planalto, em Brasília.
O Presidente Bolsonaro reafirmou no discurso de tomada de posse a promessa eleitoral de liberalizar o uso e porte de arma.
Dear Mr. President @realDonalTrump, I truly appreciate your words of encouragement. Together, under God’s protection, we shall bring prosperity and progress to our people! https://t.co/dplAFNJGdA
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 1 de janeiro de 2019
Bolsonaro respondeu a Trump que "juntos, com a proteção de Deus, ambos levaremos propsperidade e progresso aos nossos povos".
Congratulations to President @JairBolsonaro who just made a great inauguration speech - the U.S.A. is with you!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 1 de janeiro de 2019
O Presidente da Bolívia considerou que o seu país e o Brasil são "parceiros estratégicos" que procuram "o mesmo horizonte de pátria grande". Evo Morales, presente na cerimónia em Brasília, considerou o líder de extrema-direita como "irmão" e manifestou no Twitter a sua "convicção de que as relações entre a Bolívia e o Brasil têm raízes profundas de laços de irmandade e complementaridade" dos dois povos.
Acompañamos en su posesión al Hno. Presidente, @jairbolsonaro, con la convicción de que las relaciones Bolivia-Brasil tienen raíces profundas de lazos de hermandad y complementariedad de nuestros pueblos. Somos socios estratégicos que miran el mismo horizonte de la #PatriaGrande.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 1 de janeiro de 2019
"Somos parceiros estratégicos que têm em vista o mesmo horizonte da Pátria Grande", afirmou Morales, o único dos chefes de Estados do chamado eixo bolivariano (esquerda) a assistir à tomada de posse de Bolsonaro.
O novo Presidente brasileiro retirou os convites que haviam sido feitos ao chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel, por considerar que os seus "regimes violam a liberdade dos seus povos".
Jair Bolsonaro prometeu realizar "reformas estruturais" que diz fundamentais para relançar o crescimento económico e abrir o mercado interno brasileiro ao comércio internacional "sem o viés ideológico".
"Precisamos de criar um ciclo virtuoso para a economia, que traga a confiança necessária para permitir abrir o nosso mercado ao comércio internacional, estimulando a competição, a produtividade e a eficácia sem o viés ideológico", disse o novo Presidente.
Bolsonaro prometeu trazer "a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência" à economia brasileira, acrescentando que haverá "confiança no cumprimento da regra de que o Governo não gastará mais do que arrecada e na garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitadas".
Muitos dos apoiantes do novo Presidente brasileiro deixaram palavras azedas contra os media tradicionais, dizendo esperar mudanças de políticas no país.
Junto ao Palácio do Planalto, os seus apoiantes gritaram palavras de ordem contra a Rede Globo, maior empresa de comunicação do Brasil.
À capital brasileira rumaram uma dúzia de chefes de Estado e de Governo. Entre os líderes confirmados estão o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e presidentes latino-americanos como Evo Morales (Bolívia), Ivan Duque (Colômbia), Sebastián Piñera (Chile), Juan Orlando Hernández (Honduras), Mario Abdo Benitez (Paraguai), Martin Vizcarra (Peru), e Tabare Vazquez (Uruguai).
Está também presente o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, o primeiro-ministro do Marrocos, Saadedine Othmani, e o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, entre outros.
As palavras foram depois repetidas pelo vice-presidente, o general Hamilton Mourão.
Com gritos de apoio, milhares de brasileiros juntam-se em Brasília para acompanhar a chegada de Jair Bolsonaro à cerimónia de posse.
Bolsonaro desfila em carro aberto durante cerimônia de posse em Brasília https://t.co/OMxJKXVwpG #G1 pic.twitter.com/iJwifVJUhJ
— G1 (@g1) 1 de janeiro de 2019
16h37 - Marcelo em Brasília para a posse de Bolsonaro
- Palavras antes da posse!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 1 de janeiro de 2019
- Um forte abraço a todos! pic.twitter.com/N0j9LngMz1
Ultraconservador, apologista do exercício do poder com mão de ferro e adepto declarado da ditadura militar, o regime que governou o Brasil de 1964 a 1985, Jair Messias Bolsonaro toma agora posse, aos 63 anos, como Presidente da República Federativa.
A RTP3 dedica, a partir das 16h30, uma emissão especial à tomada de posse em Brasília, uma capital debaixo de um esquema de segurança já considerado histórico.
O advento do capitão do Exército na reserva ao Planalto é acompanhado, no coração da capital federal, por milhares dos seus apoiantes. Reúne também delegações de mais de seis dezenas de países. Portugal é representado ao mais alto nível pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que na quarta-feira terá um primeiro encontro com o novo homólogo brasileiro.
Reportagem de Luís Baila, correspondente da RTP no Brasil
Brasília recebe pelo menos 12 chefes de Estado e de governo, entre os quais o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e os presidentes latino-americanos Evo Morales, da Bolívia, Ivan Duque, da Colômbia, Sebastián Piñera, do Chile, Juan Orlando Hernández, das Honduras, Mario Abdo Benitez, do Paraguai, Martin Vizcarra, do Peru, e o uruguaio Tabare Vazquez.
Estão igualmente presentes, entre outros, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, o primeiro-ministro do Marrocos, Saadedine Othmani, e o Presidente cabo-verdiano Jorge Carlos Fonseca. Os Estados Unidos são representados pelo secretário de Estado, Mike Pompeo.
Distantes da cerimónia, em boicote, ficam o Partido dos Trabalhadores, que governou o Brasil de 2003 a 2016, o Partido Socialismo e Liberdade e o Partido Comunista.
"Brasil acima de tudo, Deus acima de todos"
Eleito à segunda volta das presidenciais, em outubro, Bolsonaro apresenta-se como rosto de uma corrente de extrema-direita, vagamente inspirada na disciplina militar, na moral dita cristã e no liberalismo económico-financeiro. O seu lema de campanha foi "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
Jair Bolsonaro chega à Presidência ao cabo de um percurso de 28 anos nos corredores da política: foi eleito por sete vezes deputado à câmara baixa.
No capítulo da política externa, destaca-se a aproximação ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e um conspícuo alinhamento com o atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já convidou o novo Presidente brasileiro para uma visita a Washington.
Nos dias que antecederam esta tomada de posse, começaram a desenhar-se aqueles que deverão ser os primeiros passos do 38.º Presidente brasileiro, desde logo a prometida aprovação de um decreto para consagrar o direito à posse de armas de fogo por parte de cidadãos “sem antecedentes criminais” e dar caráter “definitivo” ao registo.
Na segunda-feira, véspera de ano novo, Bolsonaro prometeu também erradicar o que descreveu como "lixo marxista" nas instituições de ensino do país.
Uma das metas para tirarmos o Brasil das piores posições nos rankings de educação do mundo é combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino. Junto com o Ministro de Educação e outros envolvidos vamos evoluir em formar cidadãos e não mais militantes políticos.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 31 de dezembro de 2018
"Uma das metas para tirarmos o Brasil das piores posições nos rankings de educação do mundo é combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino", escreveu na rede social Twitter.