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Tropas turcas avançam contra curdos na Síria
A Turquia deu na quarta-feira início a uma ofensiva militar a nordeste da Síria, recorrendo a ataques aéreos e a armas de fogo para afastar as forças curdas junto à fronteira e provocando pelo menos 15 mortos. O ataque acontece dias depois de Donald Trump ter anunciado a retirada dos militares norte-americanos dessa área e desvalorizado a relação entre os Estados Unidos e os curdos.
“O nosso objetivo é destruir o corredor de terror que tem estado a ser estabelecido na nossa fronteira a sul e trazer paz à região”, garantiu o Presidente turco, Recep Erdogan, ao anunciar no Twitter o início da ofensiva.As autoridades curdas no nordeste da Síria acusam a
Turquia de ter bombardeado uma prisão onde se encontram combatentes do
Estado Islâmico de mais de 60 nacionalidades, descrevendo o ataque como
"uma clara tentativa" para os ajudar a escapar.
“A Operação Primavera de Paz irá neutralizar as ameaças terroristas contra a Turquia e levará ao estabelecimento de uma zona segura, facilitando assim o regresso dos refugiados sírios às suas casas. Vamos preservar a integridade territorial da Síria e libertar as comunidades locais dos terroristas”, argumentou.
O ministro turco da Defesa já confirmou que “as Forças Armadas da Turquia e o Exército Nacional da Síria lançaram a operação terrestre a leste do rio Eufrates”.
De acordo com as forças turcas, foram atingidos 181 “alvos militantes”.
De acordo com ativistas que acompanharam a situação, pelo menos 15 pessoas, incluindo oito civis, foram mortas no decorrer do ataque, que fez levantar colunas de fumo em várias cidades e levou à fuga de centenas de famílias.
“Iremos avançar contra os turcos para evitar que passem a fronteira”, explicou no Twitter Mustafa Bali, porta-voz da Unidade de Proteção do Povo Curdo, que a Turquia considera uma organização terrorista. “Utilizaremos todas as possibilidades contra a agressão turca”.
EUA "não apoiam este ataque"
A ofensiva teve início apenas alguns dias depois de Donald Trump ter anunciado que iria retirar do nordeste da Síria as forças militares norte-americanas que, até agora, têm apoiado as forças curdas no combate ao autoproclamado Estado Islâmico.
De acordo com Recep Erdogan, a decisão foi-lhe comunicada no domingo por Trump através de uma chamada telefónica, durante a qual o Presidente dos EUA delegou à Turquia a liderança da luta contra o Daesh junto à fronteira síria.
A decisão leva a que os curdos, minoria étnica composta por milhões de pessoas e há muito discriminada pelos turcos, fiquem sujeitos ao plano da Turquia de os retirar da fronteira.
“A Turquia irá avançar brevemente com a operação há muito planeada para o nordeste sírio”, afirmou a Casa Branca em comunicado. “As Forças Armadas dos Estados Unidos não vão apoiar nem estar envolvidas nesta operação e vão deixar de estar presentes nessa área, uma vez que já foi derrotado o califado do autoproclamado Estado Islâmico no local”.
Donald Trump frisou que “os Estados Unidos não apoiam este ataque e deixaram claro à Turquia que esta operação seria uma má ideia”. “Desde o primeiro dia em que entrei na arena política, deixei claro que não quero lutar nestas guerras intermináveis e sem sentido – especialmente aquelas que em nada beneficiam os Estados Unidos”, acrescentou.
"Não nos ajudaram na II Guerra Mundial"
O secretário de Estado Mike Pompeo já saiu em defesa do Presidente norte-americano, explicando que o telefonema entre Trump e o homólogo turco “deixou muito claro que os soldados americanos ficariam em risco, razão pela qual o Presidente tomou a decisão de os deslocar”.
Entretanto, Donald Trump desvalorizou a aliança com os curdos. “Eles não nos ajudaram na II Guerra Mundial e não nos ajudaram na Normandia, por exemplo”, frisou o Presidente. A declaração, assim como a decisão de retirar as forças norte-americanas da fronteira, tem sido alvo de críticas de democratas e republicanos.
“É um momento doentio e vergonhoso na história dos Estados Unidos e culpo o Presidente por isso”, declarou o democrata Brad Bowman, referindo-se ao laço agora quebrado entre os EUA e as Forças Democráticas da Síria, lideradas pela Unidade de Proteção do Povo Curdo.
As Forças Democráticas têm desempenhado um papel central no combate ao Daesh, durante o qual 11 mil curdos já perderam a vida. Com a perda do apoio norte-americano, o risco de a região junto à fronteira voltar a ser alvo de ataques terroristas aumenta drasticamente.
Mike Pompeo afirmou na quarta-feira que Donald Trump “está consciente de que o autoproclamado Estado Islâmico pode voltar a surgir na região”, admitindo que “esse desafio permanece”.
No entanto, “o Presidente acredita firmemente que agora é altura de reorganizar prioridades e de proteger a América em primeiro lugar”, explicou o secretário de Estado.
Na última noite, Trump avançou no Twitter que os “EUA capturaram dois militantes do autoproclamado Estado Islâmico conhecidos como Beatles e que estão associados a decapitações na Síria”.
De acordo com o Presidente, os Estados Unidos levaram os dois homens “para fora do país, para uma localização segura controlada pelos EUA”. “Eles são os piores dos piores!”, exclamou.
“A Operação Primavera de Paz irá neutralizar as ameaças terroristas contra a Turquia e levará ao estabelecimento de uma zona segura, facilitando assim o regresso dos refugiados sírios às suas casas. Vamos preservar a integridade territorial da Síria e libertar as comunidades locais dos terroristas”, argumentou.
O ministro turco da Defesa já confirmou que “as Forças Armadas da Turquia e o Exército Nacional da Síria lançaram a operação terrestre a leste do rio Eufrates”.
De acordo com as forças turcas, foram atingidos 181 “alvos militantes”.
De acordo com ativistas que acompanharam a situação, pelo menos 15 pessoas, incluindo oito civis, foram mortas no decorrer do ataque, que fez levantar colunas de fumo em várias cidades e levou à fuga de centenas de famílias.
“Iremos avançar contra os turcos para evitar que passem a fronteira”, explicou no Twitter Mustafa Bali, porta-voz da Unidade de Proteção do Povo Curdo, que a Turquia considera uma organização terrorista. “Utilizaremos todas as possibilidades contra a agressão turca”.
EUA "não apoiam este ataque"
A ofensiva teve início apenas alguns dias depois de Donald Trump ter anunciado que iria retirar do nordeste da Síria as forças militares norte-americanas que, até agora, têm apoiado as forças curdas no combate ao autoproclamado Estado Islâmico.
De acordo com Recep Erdogan, a decisão foi-lhe comunicada no domingo por Trump através de uma chamada telefónica, durante a qual o Presidente dos EUA delegou à Turquia a liderança da luta contra o Daesh junto à fronteira síria.
A decisão leva a que os curdos, minoria étnica composta por milhões de pessoas e há muito discriminada pelos turcos, fiquem sujeitos ao plano da Turquia de os retirar da fronteira.
“A Turquia irá avançar brevemente com a operação há muito planeada para o nordeste sírio”, afirmou a Casa Branca em comunicado. “As Forças Armadas dos Estados Unidos não vão apoiar nem estar envolvidas nesta operação e vão deixar de estar presentes nessa área, uma vez que já foi derrotado o califado do autoproclamado Estado Islâmico no local”.
Donald Trump frisou que “os Estados Unidos não apoiam este ataque e deixaram claro à Turquia que esta operação seria uma má ideia”. “Desde o primeiro dia em que entrei na arena política, deixei claro que não quero lutar nestas guerras intermináveis e sem sentido – especialmente aquelas que em nada beneficiam os Estados Unidos”, acrescentou.
"Não nos ajudaram na II Guerra Mundial"
O secretário de Estado Mike Pompeo já saiu em defesa do Presidente norte-americano, explicando que o telefonema entre Trump e o homólogo turco “deixou muito claro que os soldados americanos ficariam em risco, razão pela qual o Presidente tomou a decisão de os deslocar”.
Entretanto, Donald Trump desvalorizou a aliança com os curdos. “Eles não nos ajudaram na II Guerra Mundial e não nos ajudaram na Normandia, por exemplo”, frisou o Presidente. A declaração, assim como a decisão de retirar as forças norte-americanas da fronteira, tem sido alvo de críticas de democratas e republicanos.
“É um momento doentio e vergonhoso na história dos Estados Unidos e culpo o Presidente por isso”, declarou o democrata Brad Bowman, referindo-se ao laço agora quebrado entre os EUA e as Forças Democráticas da Síria, lideradas pela Unidade de Proteção do Povo Curdo.
As Forças Democráticas têm desempenhado um papel central no combate ao Daesh, durante o qual 11 mil curdos já perderam a vida. Com a perda do apoio norte-americano, o risco de a região junto à fronteira voltar a ser alvo de ataques terroristas aumenta drasticamente.
Mike Pompeo afirmou na quarta-feira que Donald Trump “está consciente de que o autoproclamado Estado Islâmico pode voltar a surgir na região”, admitindo que “esse desafio permanece”.
No entanto, “o Presidente acredita firmemente que agora é altura de reorganizar prioridades e de proteger a América em primeiro lugar”, explicou o secretário de Estado.
Na última noite, Trump avançou no Twitter que os “EUA capturaram dois militantes do autoproclamado Estado Islâmico conhecidos como Beatles e que estão associados a decapitações na Síria”.
In case the Kurds or Turkey lose control, the United States has already taken the 2 ISIS militants tied to beheadings in Syria, known as the Beetles, out of that country and into a secure location controlled by the U.S. They are the worst of the worst!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 10 de outubro de 2019
De acordo com o Presidente, os Estados Unidos levaram os dois homens “para fora do país, para uma localização segura controlada pelos EUA”. “Eles são os piores dos piores!”, exclamou.