Trump. Negociações com a China vão começar em breve

por Graça Andrade Ramos - RTP
Donald Trump em Biarritz, França, durante a cimeira do G7 entre 23 e 26 de agosto de 2019 Reuters

O Presidente dos Estados Unidos anunciou esta manhã aos jornalistas em Biarritz, França, onde decorre ainda a cimeira do G7, que as negociações comerciais com a China vão começar "muito em breve".

Pequim contactou os negociadores norte-americanos durante a noite passada, propondo regressar à mesa das negociações, revelou Donald Trump, admitindo a possibilidade de um acordo para acabar com a guerra comercial entre as duas potências.


Xi JinPing, Presidente da China, é um "grande líder", por quem ele, Donald Trump, tem grande respeito, acrescentou, dizendo que aprecia o desejo dele por um acordo feito com toda a calma.

O vice-presidente chinês, Liu He tinha já dito, no início da sessão da bolsa de Shangai, que a China estava disposta a resolver a guerra comercial com os Estados Unidos, opondo-se firmemente à escalada do conflito.

A notícia e a confirmação posterior de negociações, por parte do Presidente norte-americano, teve um impacto positivo imediato na bolsa chinesa, detendo a queda acentuada do yuan renminbi face ao dólar.
Impacto do G7
O anúncio de Trump segue-se a um novo episódio de agravamento de tarifas de um e outro lado da barricada, na semana passada.

Depois de Pequim anunciar a imposição de novas taxas sobre 75 mil milhões de dólares em produtos americanos importados, sexta-feira foi a vez de Trump anunciar um agravamento em cinco por cento das taxas impostas a cerca de 550 mil milhões de dólares de produtos chineses.

O Presidente exigiu ainda às empresas norte-americanas que abandonassem a China. Pequim avisou depois que estava pronta a defender os seus interesses, se os Estados Unidos concretizassem as ameaças.

Um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros defendeu domingo, que os dois países deviam resolver as suas questões na "mesa das negociações" e que esperava que o Estados Unidos pudessem regressar ao "caminho da rezão".

Horas depois, à mesa do G7, Donald Trump mostrava-se disposto a agravar a guerra das tarifas, ao passo que o Presidente francês, Emmanuel Macron, anfitrião da cimeira, se mostrava optimista com a possibilidade de uma resolução.

"É para isso que servem estes encontros", afirmou.


Visita surpresa de Zarif
A cimeira do G7, que juntou no sul de França, os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, termina ao meio desta segunda-feira, e salda-se como positiva para Washington e para Emmanuel Macron.

Além das conversações com a China, Donald Trump anunciou um acordo comercial na área agrícola, com o Japão, e outro com o Reino Unido, mas só depois do Brexit.

A reunião de líderes mundiais ficou marcada pela questão das queimadas na Amazónia, mas, nas últimas horas, o problema do programa nuclear iraniano, que tem exacerbado as tensões internacionais, centrou de novo as atenções.

O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, fez uma visita "surpresa" de curta duração, a convite do seu homólogo francês. As reuniões foram descritas como "muito positivas" pela presidência francesa, e vão "prosseguir".

Donald Trump afirmou, já esta manhã, que não ficou surpreendido com a visita, já que o Presidente francês, Emmanuel Macron, lhe tinha falado sobre a possibilidade de Zarif ir à cimeira, pedindo a sua "aprovação".

A proposta poderá ter tido lugar sexta-feira passada, durante o jantar informal entre os dois líderes, que terá versado sobretudo sobre a questão do programa nuclear iraniano.

Donald Trump afirmou que não se reuniu ele mesmo com Zarif, explicando que era "demasiado cedo", mas recusou informar se outros responsáveis norte-americanos participaram dos encontros de domingo à noite.
O Irão está sob grande "stress financeiro", considerou Trump.

O Presidente dos EUA também escusou revelar a próxima estratégia norte-americana, nomeadamente se pondera desistir das sanções contra o petróleo iraniano, como condição para Teerão regressar à mesa das negociações.

Trump considerou ainda o Irão "um grande país" e não expressou qualquer desejo de mudança do regime iraniano.

  Reportagem de Rosário Salgueiro, correspondente da RTP, em Biarritz, França
Irão no Golfo de Aden

Num sinal de que as negociações serão musculadas e eventualmente complicadas pela guerra no Iémen, o Irão enviou para o Golfo de Aden o seu mais avançado contratorpedeiro, equipado com mísseis de longo alcance.

A notícia foi dada pela televisão estatal iraniana esta segunda-feira, explicando que a deslocação do vaso de guerra visa garantir a segurança dos navios iranianos que naveguem naquelas águas.

O contratorpedeiro será acompanhado por um navio logístico e um porta-helicópteros, acrescentou.

O Golfo de Aden é uma área sob controlo do Iémen, país assolado há cinco anos por uma guerra entre combatentes Houthi, xiitas e apoiados pelo Irão, e tropas imenitas sunitas, apoiadas pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos.
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