Trump pede à Europa que receba e julgue jihadistas

por Carlos Santos Neves - RTP
“A alternativa não é boa, pois seremos forçados a libertá-los” Kevin Lamarque - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos exortou na última noite um conjunto de países europeus a repatriar e a levar à justiça cidadãos que se tenham juntado às fileiras do grupo extremista Estado Islâmico e se encontrem cativos em território sírio. Porque as forças norte-americanas serão "forçadas a libertá-los".

Foi uma vez mais na sua conta do Twitter que Donald Trump formulou nova investida de política externa, desta feita para instar Estados europeus a julgarem presumíveis combatentes do Estado Islâmico capturados na Síria.As forças curdas mantêm detidos 790 homens alegadamente ligados ao Daesh. Em dois campos vivem 584 mulheres e 1250 crianças.

O pedido tem lugar num contexto de queda iminente da derradeira porção de território ocupada pelos extremistas islâmicos, combatidos pela aliança árabe-curda e pela coligação encabeçada pela máquina de guerra norte-americana.

“Os Estados Unidos estão a pedir à Grã-Bretanha, França, Alemanha e aos outros aliados europeus para que recebam mais de 800 combatentes do Estado Islâmico que capturámos na Síria e os levem a julgamento”, lê-se no tweet do Presidente, segundo o qual “o califado está prestes a cair”.


“A alternativa não é boa, pois seremos forçados a libertá-los. Os Estados Unidos não querem que estes combatentes do ISIS permeiem a Europa, para onde se prevê que vão”, acrescenta Trump adiante.


O Presidente insiste na ideia de que os Estados Unidos têm “feito muito” e “gasto tanto” na Síria. Pelo que “é tempo de outros se chegarem à frente e fazerem o trabalho que são capazes de fazer”.

“Vamos retirar após a vitória a 100 por cento sobre o Califado!”, exclama por fim.
Em retirada

Em dezembro passado, o sucessor de Barack Obama anunciou a retirada, a breve trecho, dos dois mil operacionais militares dos Estados Unidos destacados na Síria. Decisão que mereceu críticas severas por parte dos aliados.

As autoridades curdas da Síria reprovaram em outubro de 2018 o posicionamento dos países europeus, concretamente a negativa ao regresso de nacionais que aderiram ao Estado Islâmico.

Durante uma conferência de imprensa em Bruxelas, o encarregado dos Negócios Estrangeiros da administração semiautónoma curda apontava então para um total de 46 países de origem de combates islamitas capturados em solo sírio.

c/ agências
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