Um ano após assalto ao Capitólio. Biden acusa Trump de ser "ameaça à democracia"

por Joana Raposo Santos - RTP
Para Joe Biden, as acusações de Donald Trump sobre uma alegada fraude eleitoral podem vir a pôr em causa futuras eleições. Jonathan Ernst - Reuters

Faz esta quinta-feira um ano desde que apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio, num ato violento que resultou em cinco vítimas mortais e dezenas de detenções. O presidente Joe Biden marcou o aniversário com palavras de ataque ao ex-líder dos Estados Unidos, considerando-o uma "ameaça contínua à democracia".

Para o democrata Joe Biden, as falsas acusações de Donald Trump sobre uma alegada fraude eleitoral podem mesmo vir a pôr em causa futuras eleições.

“Devemos ser completamente claros sobre o que é verdade e o que é mentira. Aqui está uma verdade: um antigo presidente dos Estados Unidos criou e espalhou uma teia de mentiras sobre as eleições de 2020. E fê-lo porque dá mais valor ao poder do que aos princípios”, acusou Biden em frente ao edifício do Capitólio, invadido a 6 de janeiro de 2021.

“Há um ano, neste local sagrado, a democracia foi atacada”, continuou Biden. “A vontade do povo esteve sob ataque. A Constituição, a nossa Constituição, enfrentou a mais grave das ameaças”.

O líder norte-americano disse ainda que há um ano, “pela primeira vez na nossa história, um presidente que perdeu as eleições tentou impedir a transição pacífica de poder”. Biden aproveitou para condenar Trump por ter assistido ao motim na televisão “e não ter feito nada quanto a isso durante horas”.
Trump acusa Biden de "teatro político"
Donald Trump já reagiu às declarações do seu sucessor, acusando-o de invocar o seu nome para dividir a nação. “Biden usou o meu nome hoje para tentar dividir ainda mais a América”, escreveu em comunicado. “Este teatro político é só uma distração”, acrescentou.

Na quinta-feira, os democratas têm estado a usar o aniversário do ataque ao Capitólio para promover a aprovação de uma proposta de lei sobre o direito ao voto.

Vários republicanos vieram já acusar o Partido Democrático de estar a aproveitar-se desta data para fins partidários.

“É especialmente chocante ouvir democratas do Senado a invocarem a tentativa da multidão de romper com as normas e instituições do país [a 6 de janeiro] como justificação para que esses próprios democratas rompam com as nossas normas e instituições”, declarou o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, referindo-se à tentativa de reforma da Lei Eleitoral.
Mais de metade dos republicanos acredita nas alegações de Trump
Os apoiantes pró-Trump invadiram o edifício do Capitólio a 6 de janeiro de 2021, à mesma hora em que o Colégio Eleitoral votava para atribuir oficialmente a vitória das presidenciais ao democrata Joe Biden.

O incidente, ocorrido depois de o próprio Trump ter incentivado os seus apoiantes a manifestarem-se, resultou em cinco vítimas mortais e dezenas de detidos. Levou ainda a que o Partido Democrático avançasse com um novo processo de destituição contra Donald Trump, que acabou por ser absolvido.

Para além dos cinco mortos no incidente, cerca de 140 agentes da polícia ficaram feridos e outros quatros agentes cometeram suicídio desde então.

“Não podemos fugir do dia 6 de janeiro mesmo que tentemos. Está em todo o lado, especialmente quando se trata do nosso local de trabalho”, referiu esta quinta-feira à Reuters Harry Dunn, membro da polícia do Capitólio que esteve presente nos distúrbios de há um ano.

Um questionário recentemente realizado pela agência Reuters revelou que cerca de 55 por cento dos republicanos nos Estados Unidos acreditam, tal como Trump, ter havido fraude eleitoral, mesmo depois de essa acusação ter já sido rejeitada por dezenas de tribunais, departamentos estatais e membros da antiga Administração da Casa Branca.
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