Witkoff em Berlim para encontro com Zelensky

O enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, vai reunir-se este fim de semana com Volodymyr Zelensky, em Berlim. O objetivo do encontro é pôr fim à guerra entre Ucrânia e Rússia, numa altura em que aumenta a pressão da Casa Branca sobre Kiev para alcançar um acordo.

RTP /
Foto: Ukrainian Presidential Press Service/Handout via Reuters

O diálogo está sobretudo bloqueado nas questões territoriais, com os Estados Unidos a exigirem, segundo Kiev, concessões importantes a Moscovo.

Zelensky afirma que os EUA querem que as forças ucranianas se retirem da parte da região de Donetsk que ainda controlam; em troca, o exército russo retirar-se-ia de pequenas zonas conquistadas nas regiões de Sumy e Kharkiv, por exemplo, mas mantendo a ocupação nas regiões de Kherson e Zaporizhia.

Sexta-feira, fonte da presidência francesa referiu que as delegações europeias e ucranianas pediram aos EUA garantias de segurança, antes de qualquer negociação sobre o território no leste da Ucrânia ocupada por Moscovo.

O enviado, que se encontrou com Vladimir Putin em Moscovo no início de dezembro, tem encontros agendados em Berlim com Volodymyr Zelensky e outros líderes europeus e da NATO.

O presidente ucraniano já tinha planeado viajar para a capital alemã na segunda-feira para se reunir com os seus aliados europeus, no âmbito da intensa atividade diplomática em torno do plano americano divulgado há quase um mês.

Os negociadores estão particularmente num impasse em questões territoriais, com os Estados Unidos a exigirem concessões significativas, segundo Kiev.

Antes de qualquer negociação territorial, europeus e ucranianos pediram aos norte-americanos "garantias de segurança" em caso de uma nova ofensiva russa, anunciou a presidência francesa na sexta-feira.

Um alto responsável disse à AFP que a adesão da Ucrânia à União Europeia já em 2027 estava a ser considerada no plano americano. "Está estipulado, mas é um assunto para negociação, e os americanos são favoráveis a isso."

Tal adesão, dentro de pouco mais de um ano, parece improvável, no entanto, devido à potencial oposição, entre outros, de Estados-membros da UE com relações tensas com a Ucrânia, como a Hungria.

As discussões aceleraram com um plano apresentado pela Administração dos Estados Unidos há quase três semanas para resolver a guerra desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022, que retoma as principais exigências de Moscovo.


Kiev entregou entretanto uma versão alterada daquele texto, incluindo contrapropostas. O presidente ucraniano confirmou na quinta-feira que os Estados Unidos desejam concluir um acordo "o mais rapidamente" possível.

"Trata-se acima de tudo de (saber) que concessões territoriais a Ucrânia está disposta a fazer", afirmou Merz na quinta-feira em Berlim.O apoio financeiro à Ucrânia será uma "prioridade máxima" para o Chipre, que assume no primeiro semestre de 2026 a presidência rotativa da União Europeia (UE).

"Se puder destacar alguns pontos que colocaremos no topo da nossa agenda, diria que a Ucrânia será uma prioridade máxima para o Chipre. A invasão russa prossegue, é inaceitável e devemos continuar a apoiar a Ucrânia em todas as vertentes", afirmou na sexta-feira a embaixadora cipriota junto da UE, Christina Rafti.

Na apresentação à imprensa europeia em Bruxelas das prioridades de Nicósia para a presidência semestral europeia, entre janeiro e junho próximos, a diplomata recordou que, de momento, "decorrem discussões sobre a assistência financeira à Ucrânia", nomeadamente sob a forma de um empréstimo de reparações assente em ativos russos imobilizados na UE.

O tema será discutido pelos líderes da UE na cimeira que decorre na próxima semana, num encontro de alto nível que é visto como decisivo para chegar a acordo, já que a Ucrânia fica sem financiamento na próxima primavera.


Ainda sobre a Ucrânia, estão previstas novas sanções da UE à Rússia nos primeiros seis meses do próximo ano, de acordo com a embaixadora.

"Está em curso trabalho sobre o 20.º pacote", que deverá incluir medidas sobre a chamada "frota fantasma russa", sobre as lacunas à evasão e sobre o petróleo e energia russa, precisou a representante cipriota.

De acordo com fontes europeias, é esperado um novo pacote de sanções aquando do quarto aniversário da guerra, que se assinala em fevereiro de 2026.

O alargamento é outra das prioridades cipriotas para este semestre, querendo Nicósia dar "um forte impulso", nomeadamente à adesão da Ucrânia ao bloco comunitário, num processo que é baseado no mérito e relativamente ao qual "eles estão a cumprir", segundo Christina Rafti.

De momento, surgem esforços diplomáticos para alcançar uma paz justa e duradoura na Ucrânia, querendo a UE reforçar a posição negocial de Kiev, o que passa por aumentar a pressão sobre Moscovo.

"Como UE, afirmamos que precisamos de um lugar na mesa de negociações, mas também precisamos de capacitar os negociadores ucranianos nesse processo", disse a embaixadora cipriota.

c/ agências 
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