A verdade nas notícias

Vivemos dias de muitos estímulos na comunicação, com as redes sociais a terem um papel muito ativo, permitindo a todos ter pelo menos a noção de que têm voz e opinião. Nos jornais em papel o espaço de opinião é alargado, nas televisões há mil e um comentários e comentadores sobre tudo, espaços em direto com ouvintes e espectadores ao telefone, vozes que se juntam a cada direto feito em todo o lado. São tempos de grandes desafios para os jornalistas que têm a missão de filtrar tudo o que vai conseguindo ficar para além da muita espuma dos dias.

Olhando para os números de vendas dos jornais, o líder não chega aos 90 mil exemplares em cada dia. Para as audiências das televisões tradicionais, comparando com a crescente procura do online de qualidade, percebemos que o paradigma mudou, mas a exigência de rigor e de ter uma permanente capacidade de surpreender crescem todos os dias.

Perante tanta informação há uma imensa liberdade de escolha nas fontes, sendo mesmo estes os dias da plena liberdade de tudo dizer, mas onde poucos, ou muitos poucos, acabam por dar atenção ao que se afirma.

Quem comenta, nomeadamente nas redes sociais, tem a ilusão de que tudo o que escreve chega a todos os portugueses e que será tema para grandes debates e conversas. É mesmo uma ilusão.

Mesmo o jornal líder tem menos de 90 mil exemplares vendidos em cada dia, num país de mais de 10 milhões de almas. Cada post no Twitter ou no Facebook tem umas centenas, ou poucos milhares de leituras e uma dúzia de partilhas.

Nesta imensa liberdade de tudo dizer e escrever há que perceber o que vale cada afirmação e a sua adesão à realidade. Por muito que se escreva que aquela parede é branca, se ela for azul, será azul que a vamos continuar a ver.

Aos poucos vamos desligando dos que nos tentam sempre fazer acreditar que a realidade é outra, mas não é fácil perceber mesmo o que é verdade na imensa encruzilhada criadas por tantos impulsos para nos informar.

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