Aplicar agora a reforma

Esta é uma semana em que os políticos perceberam que não se pode adiar, nem mais um dia, a reforma da floresta. O documento poderá não ser perfeito, mas aponta uma estratégia clara para se acabar com este braseiro anual que consome milhões de euros e nos levou demasiadas das almas que ainda resistem no interior.

Diminuir a área de eucaliptos é uma evidência que só não percebe quem nunca esteve ao lado de um destes incêndios, ou nunca se aventurou a uma caminhada pela floresta. Um eucaliptal é uma coisa inóspita, onde nada nasce, sem vida e que arde com uma violência indiscritível.

Se nada fizermos agora, ficaremos com as mortes de Pedrógão e o desespero de tantos que perdem tudo nos fogos de verão colado à pele.

Foram demasiados anos a adiar o problema, gastando milhões num combate que rapidamente se torna caótico. Portugal já teve um dispositivo permanente na floresta e vai ter que assumir, com muita coragem, que é preciso profissionalizar, militarizar, uma boa parte desses meios, colocando uma outra larga fatia a "viver" todo o ano em tarefas de manutenção e de criação de riqueza na floresta.

O negócio do combate tem que ser desmantelado, não se percebendo como é que o principal problema de proteção civil ainda não tem o Estado a controlar todas as variáveis. Só precisamos de ir a Espanha e perceber como eles evoluíram e estão a evoluir, na forma de encarar esta tragédia.

O tema não é fácil, abana demasiados interesses, muitos milhões, mas é um desafio de todos. Não poderemos permitir que se "empate" a reforma da floresta, que se tente depois reverter esta limitação na plantação de eucaliptos, que se impeça a Força Aérea de ter meios para o combate aéreo, que se trave o caminho para uma profissionalização militarizada dos comandos e das grandes unidades de intervenção no combate.

Os espanhóis já o fizeram e até nos têm vindo ajudar para percebermos como funciona bem. Os interesses não podem continuar a tentar esconder uma realidade que só terá solução com uma profundíssima mudança.

A alternativa é aquela que temos seguido todos os anos. Fogos por todo o lado, críticas ao combate, mais meios para apagar as chamas, negócios de milhões à volta disto, deixando a floresta desorganizada continuar a criar o cenário para o ano seguinte. A quem é que interessa que isto seja assim? Esta é a hora de mudar, mesmo...

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