De novo na emergência

Portugal volta a estar no meio de uma nuvem de fumo, com a floresta a ser destruída pelo fogo. Parece uma sina, uma fatalidade, embora se multipliquem nas televisões os bombeiros de bancada e os especialistas em ordenamento.

Marcelo Rebelo de Sousa foi contra a corrente e afirmou claramente que o debate sobre as soluções para a floresta deve começar já, ainda com as cinzas quentes. 


António Costa já lidou com uma situação destas quando agarrou a pasta da Administração Interna depois de um verão de tragédia. Na altura teve a coragem de mudar parte do combate, com a profissionalização de parte da primeira intervenção, a criação dos GIPS da GNR e uma tentativa de ter o Estado a controlar os seus meios aéreos, regulando o mercado e impedindo que todos os anos os negócios de aviões e helicópteros queime grande parte do orçamento. Nem tudo correu bem, mas isso já é passado. Hoje assume-se que temos que ir mesmo à raiz do problema. 

Temos uma floresta descaracterizada, grande parte dela abandonada, sem cadastro nem ninguém que assuma que dela quer e pode cuidar. É um problema complexo, um dos maiores deste país que não podemos deixar de tratar já, sem embarcar no discurso de que depois do verão trataremos de pensar na prevenção. 

Esse tem sido o argumento de quem nada quer fazer, preferindo esperar pelo barulho das sirenes e pela emergência que nos aperta do coração e que ceifa tantas vidas. O que aconteceu na Madeira é um alerta demasiado grave para não ser escutado. 

O fogo desce já das florestas e chega às cidades, mesmo às grandes cidades. Já tinha acontecido em Coimbra…mas o tempo deixou para depois o debate. O que me parece é que agora acabou mesmo esse tempo de adiar e que não teremos mais tempos para manter tudo na mesma.

pub