Os livros e as cidades com cultura

Amanhã faremos de novo o Jornal 2 em direto da Feira do Livro do Porto. Há um ano a festa das letras assumia uma dimensão única nos eventos culturais do país, com a mão e a determinação de Paulo Cunha e Silva, um sonhador de uma cidade líquida onde a cultura se entranha em todos os poros, para a tornar melhor.

Efetivamente o Porto tem crescido assim, ganhando uma outra dimensão, com as decisões a serem mais debatidas, envolvendo mais pensamento e conhecimento.

A Universidade afirma-se como um polo de atratividade, com as novas engenharias a atraírem alunos e empresas na busca de outros saberes. Nenhum crescimento é sustentável sem esta base sólida de debate que cresce com os imensos estímulos que só a atividade cultural consegue dar.

Quem chega ao Porto de hoje percebe essa diferença e é tentado a entrar neste jogo onde é muito mais difícil impor uma má ideia a mentes que pensam e querem mesmo optar pelo melhor.

Não sei se o resto do país tem esta noção, mas há mil e um excelentes exemplos de outras vilas e cidades que estão a trilhar este caminho. Falamos muito de crescimento e dos números da economia, mas só cresceremos com mais massa crítica, com pessoas que se envolvam nas decisões e nos debates.

Teremos que seguir um caminho com menos acomodados de sofá, inebriados com aquela velha ideia de futebol, fado e Fátima. Temos que ser muito mais que isso. Uma boa peça de teatro, ou um dos livros deste feira do Porto, podem ser o momento para pensar nestes dias e deixar naquela plateia essa coisa tão portuguesa de deixar sempre para os outros as decisões.

Eu gosto mesmo muito pouco que decidam por mim.

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